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Audemars Piguet Calendário Perpétuo Ref. 5516 (1955) - O Primeiro Relógio de Pulso com Indicação de Ano Bissexto e o Santo Graal da Alta Relojoaria


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Apresentado como o primeiro relógio de pulso com calendário perpétuo e indicação de ano bissexto, o Referência 5516 marcou um avanço significativo na relojoaria, exigindo ajustes manuais mínimos. Foram produzidas apenas doze unidades desta série.

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RESUMO

O Audemars Piguet Calendário Perpétuo Referência 5516, especificamente a iteração de 1955, representa um dos marcos mais transcendentais na história da horologia mecânica. Posicionado no ápice absoluto da categoria de relógios de vestir ('dress watches'), esta peça não foi concebida para as massas, mas sim para o connoisseur de elite que valoriza a complexidade mecânica oculta sob uma estética discreta e refinada. Numa era em que a maioria das manufaturas focava em cronógrafos utilitários ou relógios simples de três ponteiros, a Audemars Piguet desafiou os limites da engenharia ao introduzir o primeiro relógio de pulso do mundo a exibir a indicação do ano bissexto no mostrador. Antes do Ref. 5516, os calendários perpétuos existiam, mas o usuário não tinha confirmação visual do ciclo de 4 anos sem abrir a caixa ou aguardar o dia 29 de fevereiro. A filosofia de design deste modelo equilibra a densidade de informações com uma clareza aristocrática, estabelecendo o padrão ouro para a disposição de submostradores que perdura até hoje. Sua importância reside não apenas na sua inovação técnica, mas na sua extrema raridade, servindo como o elo perdido que transformou o calendário perpétuo de uma complicação obscura em uma demonstração visual de domínio temporal.

HISTÓRIA

A história do Audemars Piguet Referência 5516 é, em essência, a crônica da audácia horológica em um período de conservadorismo. Em meados da década de 1950, o mundo recuperava-se do pós-guerra e a relojoaria suíça entrava em uma era dourada de design e precisão. Enquanto a Patek Philippe dominava o mercado de cronógrafos com calendário perpétuo (como o Ref. 1518), a Audemars Piguet, operando com uma produção anual minúscula em comparação, decidiu focar na pureza do Calendário Perpétuo (Quantième Perpétuel). O lançamento do Ref. 5516 em 1955 (embora o desenvolvimento tenha começado antes, em 1948) foi um evento sísmico silencioso. Até aquele momento, os mecanismos de calendário perpétuo de pulso 'sabiam' internamente quando era um ano bissexto graças à came de 48 meses, mas mantinham esse segredo oculto do usuário. A Audemars Piguet quebrou essa barreira técnica e estética ao trazer essa indicação para o mostrador, permitindo que o proprietário visualizasse a 'memória mecânica' do relógio. Historicamente, a produção do 5516 foi extremamente limitada e evolutiva. As primeiras unidades (frequentemente referidas como a primeira série) possuíam as fases da lua às 12 horas e não tinham a indicação do ano bissexto. Foi na segunda série, consolidada por volta de 1955, que a mágica aconteceu: a introdução de um submostrador dedicado ao ciclo de 4 anos. Dependendo da unidade específica dentro desta micro-série de apenas doze exemplares, a indicação do ano bissexto pode ser encontrada às 12 horas ou, em iterações ligeiramente posteriores e mais equilibradas, às 6 horas, invertendo a posição com as fases da lua para melhor legibilidade. O impacto deste modelo no legado da marca é imensurável. Ele solidificou a Audemars Piguet não apenas como uma das 'Três Grandes' (Holy Trinity), mas como a vanguarda técnica entre elas no quesito calendários. É importante notar que a Patek Philippe, sua principal rival, só introduziria uma indicação de ano bissexto em um relógio de pulso de produção em série quase três décadas depois, com o Ref. 3450 em 1981. O Ref. 5516 permanece, portanto, como um testamento de visão, provando que a complexidade suprema poderia ser dominada em uma caixa de 36.5mm muito antes da era da manufatura assistida por computador (CAD/CAM).

CURIOSIDADES

A produção total é mitológica: embora registros variem, aceita-se que apenas 12 unidades desta referência específica foram produzidas, tornando-o um dos relógios mais raros do mundo. A Audemars Piguet estava décadas à frente de seu tempo: a concorrente Patek Philippe levou mais de 25 anos para igualar a inovação da exibição do ano bissexto no mostrador. Em leilões de alto nível (Christie's, Phillips), exemplares do Ref. 5516 ultrapassam frequentemente a marca dos milhões de dólares/francos suíços, sendo disputados pelos museus das próprias marcas. O movimento base é o lendário Valjoux 13VZSS, que também serviu de base para cronógrafos famosos, demonstrando a versatilidade da engenharia da época ao ser convertido em um Calendário Perpétuo puro. Existem variações sutis no mostrador conhecidas pelos colecionadores como 'Mark 1' (fases da lua às 12h) e 'Mark 2' (fases da lua às 6h), sendo a versão de 1955 com ano bissexto o ponto de inflexão desta evolução. O mostrador, apesar da densidade de informações, foi fabricado pela lendária Stern Frères, garantindo uma qualidade de esmalte e impressão que resiste impecavelmente há quase 70 anos.

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