RESUMO
O lançamento do Patek Philippe Aquanaut Ref. 5060 representa um dos momentos mais disruptivos na história moderna da 'Maison' genebrina. Concebido em meados da década de 1990, numa era de expansão económica e transformação cultural, o Aquanaut foi a resposta estratégica da Patek Philippe para captar uma clientela mais jovem, dinâmica e menos presa às convenções do passado. Enquanto o Nautilus era o ícone inalcançável de aço dos anos 70, o Aquanaut, lançado oficialmente como uma coleção independente em 1997 (após a introdução do chassi 5060 em 1996), posicionou-se como o irmão mais descontraído e tático. A sua filosofia de design rompeu tabus ao acoplar uma caixa de alta relojoaria, com acabamentos manuais requintados, a uma bracelete de compósito de alta tecnologia — algo inédito para uma marca da 'Santíssima Trindade' da relojoaria. Este relógio não foi desenhado para ser guardado num cofre, mas para ser vivido; visava um público que transitava entre reuniões de administração e desportos aquáticos sem trocar de relógio. Hoje, o 5060 é venerado não apenas como o 'primeiro Aquanaut', mas como o marco zero da tendência 'sport-chic' utilitária que domina o mercado atual.
HISTÓRIA
A génese do Aquanaut Ref. 5060 é uma história de adaptação e ousadia. Em 1996, a Patek Philippe observou uma lacuna no seu catálogo. O Nautilus, desenhado por Gérald Genta em 1976, era um ícone, mas a sua construção complexa de duas peças tornava-o caro de produzir e difícil de obter. A marca necessitava de um relógio desportivo que servisse de porta de entrada para uma nova geração de colecionadores. A solução começou com a referência 5060S em 1996, um modelo de transição em ouro amarelo com bracelete de couro e numerais romanos, que ainda vivia sob a sombra estética do Nautilus, utilizando uma caixa simplificada de três peças com asas tradicionais em vez das orelhas integradas do Nautilus.
Contudo, a verdadeira revolução chegou em 1997 com o lançamento do 5060A ('A' para Acier/Aço). Este foi o momento em que o modelo ganhou a sua própria identidade e o nome 'Aquanaut'. O design da luneta, embora octogonal, foi suavizado e arredondado, afastando-se das linhas agressivas do seu antecessor. O mostrador apresentou uma textura única em relevo, espelhando o padrão da bracelete, criando uma continuidade visual ininterrupta. Esta textura valeu-lhe a alcunha imediata de 'Granada'.
O aspeto mais controverso e genial foi a bracelete 'Tropical'. Na altura, a ideia de colocar borracha num relógio de vários milhares de dólares era considerada uma heresia pelos puristas. A Patek Philippe, no entanto, desenvolveu um compósito específico resistente à radiação UV, bactérias e tensão, comercializando-o não como uma medida de redução de custos, mas como uma evolução técnica superior para o estilo de vida ativo.
O Ref. 5060A teve um período de produção curto, sendo rapidamente substituído pelo Ref. 5066 (que introduziu o fundo de safira). Esta brevidade torna o 5060A extremamente colecionável, pois é o único Aquanaut de aço 'Jumbo' com fundo sólido. Ele estabeleceu a linguagem de design que evoluiria para o 5167 e o atual 5168, transformando o Aquanaut de um 'Nautilus Júnior' para uma coleção soberana e com lista de espera própria.
CURIOSIDADES
O mostrador e a bracelete texturizados ganharam a alcunha de 'Granada' ou 'Tablet de Chocolate' entre os colecionadores devido ao padrão quadrado em relevo.
O Ref. 5060A original foi produzido numa série limitada inicial de apenas 1.000 unidades, tornando-o significativamente mais raro do que o seu sucessor, o 5066A.
Ao contrário dos modelos modernos que utilizam Super-LumiNova, os primeiros 5060 utilizavam Trítio nos índices e ponteiros; hoje, estes mostradores são procurados pela pátina amarelada cremosa que desenvolvem.
O Aquanaut foi alegadamente desenvolvido para fins militares a pedido de um cliente do Médio Oriente, daí o design utilitário e a visibilidade elevada, embora a Patek nunca tenha confirmado oficialmente este rumor.
Este foi o primeiro relógio da Patek Philippe a ser montado com uma bracelete de borracha de fábrica, uma decisão que foi criticada na feira de Baselworld de 1997 mas que acabou por criar toda uma categoria de relógios de luxo.
O 5060 é frequentemente confundido com o 5066; a forma mais fácil de distinguir é que o 5060 tem um fundo de aço sólido, enquanto o 5066 exibe o movimento através de um vidro de safira.
As primeiras caixas do 5060 não tinham a inscrição 'Aquanaut' no mostrador ou nos papéis iniciais, sendo por vezes referidas nos inventários da época simplesmente como 'Nautilus com bracelete de compósito'.