RESUMO
Lançado em 2022, num momento crucial para a Audemars Piguet, o Royal Oak Selfwinding Flying Tourbillon Extra-Thin (Ref. 26670) não é apenas um relógio; é a síntese de meio século de design disruptivo amalgamado com a vanguarda da microengenharia. Concebido para celebrar o 50.º aniversário da obra-prima de Gérald Genta, este modelo representa um desafio técnico formidável: integrar uma complicação de turbilhão voador na lendária caixa 'Jumbo' de 39mm sem comprometer as suas proporções sagradas. Destina-se ao ápice da pirâmide de colecionadores — indivíduos que valorizam não apenas o prestígio visual do icónico bisel octogonal, mas a invisível complexidade mecânica que reside no seu interior. Ao eliminar a ponte superior da gaiola do turbilhão, a AP oferece uma visão desobstruída do órgão regulador, criando uma dança hipnótica contra o fundo do mostrador 'Bleu Nuit, Nuage 50'. Posicionado no mercado como um 'graal' da alta relojoaria desportiva, este relógio transcende a sua categoria, servindo como uma declaração de que a manufatura de Le Brassus domina o equilíbrio delicado entre a reverência histórica e a inovação futurista. É, em essência, a resposta definitiva àqueles que duvidavam que a elegância extrafina do modelo original de 1972 pudesse acomodar uma das complicações mais prestigiadas da horologia.
HISTÓRIA
A história do Royal Oak Selfwinding Flying Tourbillon Extra-Thin de 2022 é inseparável do legado monumental que o precede. Quando Gérald Genta desenhou o Royal Oak original em 1972 (Ref. 5402), ele criou mais do que um relógio; definiu um género inteiramente novo: o relógio desportivo de luxo em aço. Durante décadas, a caixa 'Jumbo' de 39mm foi sagrada, raramente alterada e quase sempre reservada para movimentos de apenas hora e data ultra-finos, especificamente o lendário Calibre 2121.
A introdução da Ref. 26670 em 2022 marcou uma ruptura sísmica nesta tradição. O desafio enfrentado pelos engenheiros da Audemars Piguet foi hercúleo: como inserir um mecanismo de turbilhão automático dentro das restrições arquitetónicas estritas da caixa Jumbo, mantendo a espessura próxima dos 8mm originais? A resposta foi o desenvolvimento do Calibre 2968. Este movimento foi o resultado de cinco anos de P&D, desenvolvido em paralelo com o projeto RD#3. Ao contrário dos turbilhões anteriores da marca, que possuíam pontes superiores ou eram de corda manual, este novo calibre utilizou um turbilhão voador (fixado apenas por baixo), permitindo uma espessura do movimento de apenas 3.4mm.
Esteticamente, o modelo presta uma homenagem fiel ao original de 1972. O mostrador ostenta o clássico padrão 'Petite Tapisserie', uma textura mais fina e elegante do que a 'Grande Tapisserie' encontrada nos modelos de 41mm. A cor 'Bleu Nuit, Nuage 50' foi recriada meticulosamente utilizando processos modernos de PVD para garantir estabilidade, emulando o banho galvânico instável dos anos 70. A gaiola do turbilhão foi posicionada às 6 horas, exigindo uma reengenharia completa do layout do mostrador e dos braços do movimento para garantir a simetria visual.
Este modelo não foi apenas uma edição comemorativa; foi uma afirmação de competência. Ele substituiu efetivamente o antigo 15202 como o objeto de desejo supremo na linha, elevando a fasquia técnica. A versão de 2022 é particularmente distinta devido à massa oscilante '50 Years', um detalhe de produção limitado apenas ao ano do jubileu, tornando os exemplares produzidos neste ano específico troféus instantâneos na história da marca. A fusão da silhueta mais reconhecível da relojoaria com a complicação mais poética resultou num modelo que ancora a Audemars Piguet firmemente no século XXI.
CURIOSIDADES
Este foi o primeiro Royal Oak 'Jumbo' (39mm) na história a apresentar um turbilhão voador de corda automática.
O rotor com o logótipo '50 Years' vazado foi exclusivo da produção de 2022; modelos subsequentes da mesma referência possuem um rotor padrão da AP.
A espessura total do relógio é de apenas 8.1mm, tornando-o um dos relógios com turbilhão automático mais finos do mundo.
Para maximizar a visibilidade do turbilhão, os braços do balanço foram desenhados para serem quase invisíveis, dando a ilusão de que a gaiola flutua livremente.
O preço de retalho no lançamento rondava os 165.000 CHF, mas o valor no mercado secundário disparou imediatamente para múltiplos desse valor devido à escassez.
O Calibre 2968 exigiu uma reorganização completa dos componentes para que a gaiola do turbilhão ficasse nivelada com a superfície do mostrador, evitando espessura extra no vidro.
Embora lançado em aço (Ref. 26670ST), o modelo também viu iterações em platina e ouro rosa, sendo a versão em aço a mais fiel ao espírito original de 1972.