RESUMO
O Audemars Piguet Royal Oak Concept RD#1 Supersonnerie, revelado em 2015, representa um dos marcos mais significativos na história da horologia acústica moderna. Este relógio não é apenas um instrumento de cronometragem, mas o resultado de um programa de pesquisa acústica de oito anos, destinado a resolver o problema perene dos repetidores de minutos contemporâneos: a falta de volume e clareza sonora em caixas impermeáveis. Posicionado no ápice da coleção 'Concept' da AP, uma linha dedicada à experimentação técnica e estética vanguardista, o RD#1 destina-se ao colecionador ultra-exigente que valoriza a inovação tecnológica tanto quanto a tradição artesanal. Diferente dos relógios de vestimenta clássicos, o RD#1 adota uma estética industrial agressiva e futurista, utilizando titânio leve para maximizar a propagação do som. Sua filosofia de design baseia-se na desconstrução das barreiras entre a mecânica relojoeira e a física dos instrumentos musicais, colaborando com instituições acadêmicas para criar um relógio que soa tão claro quanto um relógio de bolso antigo, mas com a robustez e a resistência à água exigidas pelo estilo de vida moderno. É uma peça que redefiniu o que é tecnicamente possível, elevando a 'Grande Sonnerie' a um novo patamar de desempenho auditivo.
HISTÓRIA
A história do Royal Oak Concept RD#1 Supersonnerie começa muito antes da sua apresentação triunfal no SIHH (Salon International de la Haute Horlogerie) de 2015. Em 2006, a Audemars Piguet iniciou um ambicioso programa de pesquisa acústica em colaboração com a EPFL (Escola Politécnica Federal de Lausanne), uma renomada universidade técnica suíça. O objetivo era científico e absoluto: dissecar a mecânica do som para criar o repetidor de minutos definitivo.
Historicamente, os repetidores de minutos enfrentavam um paradoxo moderno. Para proteger os movimentos complexos, as caixas tornaram-se mais robustas e seladas (impermeáveis), o que, inadvertidamente, abafava o som dos gongos. O RD#1 (Research & Development #1) foi a resposta a este dilema. A equipe de engenharia abordou o relógio como se fosse um instrumento de cordas. Tradicionalmente, os gongos de um repetidor são fixados na platina principal do movimento. No RD#1, a AP introduziu uma inovação radical: os gongos foram fixados a uma nova estrutura, uma 'caixa de ressonância' (soundboard) feita de uma liga de cobre especial, posicionada sob o movimento. Esta membrana atua como o corpo de um violão, amplificando as vibrações.
Além disso, o design da caixa de titânio foi otimizado para evitar a absorção de som, e o fundo da caixa foi projetado com aberturas laterais ('brânquias') para permitir que o som escape sem comprometer a resistência à umidade, graças a uma membrana protetora interna. Outro avanço crucial foi o desenvolvimento de um regulador de âncora silencioso, que eliminou o ruído de zumbido de fundo típico dos mecanismos de repetição tradicionais, garantindo que apenas as notas musicais puras fossem ouvidas.
O lançamento de 2015, sob a designação de conceito RD#1, chocou a indústria não apenas pelo volume — mensuravelmente 10 vezes mais alto que os repetidores convencionais — mas pela qualidade harmônica do som. Este modelo estabeleceu a base para a produção comercial da linha 'Supersonnerie' no ano seguinte (2016), solidificando a reputação da Audemars Piguet como líder indiscutível em complicações sonoras no século XXI. O RD#1 não foi apenas uma evolução; foi uma reescrita completa das regras de transmissão acústica em um relógio de pulso.
CURIOSIDADES
O termo 'Supersonnerie' foi registrado pela Audemars Piguet, denotando especificamente esta nova classe de repetidores de minutos acústicamente superiores.
O desenvolvimento envolveu não apenas relojoeiros, mas também um renomado fabricante de instrumentos de corda (luthier) e cientistas acústicos para aperfeiçoar o tom.
Em testes de laboratório, o som do RD#1 é tão potente que pode ser ouvido claramente a vários metros de distância, algo inédito para relógios de pulso estanques.
O relógio ganhou o prêmio 'Mechanical Exception' no Grand Prix d'Horlogerie de Genève (GPHG) em 2016, na sua versão de produção, validando a tecnologia apresentada no conceito de 2015.
A liga metálica exata usada na 'caixa de ressonância' interna é um segredo industrial guardado pela marca, similar à fórmula do verniz de um Stradivarius.
O RD#1 foi o primeiro de uma série de 'Research and Development' (RD) pieces, seguido posteriormente pelo RD#2 (Calendário Perpétuo Ultra-Fino) e RD#3 (Turbilhão Voador).
Apesar de sua aparência maciça de 44mm, o uso extensivo de titânio torna o relógio surpreendentemente leve no pulso.