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Omega Tonneau 1925 - A Quintessência Art Déco e a Revolução do Calibre 23.7S T2 em Prata Esterlina


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Um relógio de pulso Omega de formato 'tonneau' em prata, datado de cerca de 1925, apresentava o calibre 23.7S T2. Este modelo se alinha com os primeiros designs de relógios de pulso que surgiram a partir da década de 1910, caracterizado por uma pulseira estreita e 'lugs' de barra fixa. Os numerais arábicos em negrito e os ponteiros 'spade' de aço azulado são típicos do período Art Déco.

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RESUMO

Este exemplar específico do Omega Tonneau, datado de cerca de 1925, representa um ponto de inflexão crucial na história da horologia: a transição definitiva do relógio de bolso modificado para o relógio de pulso propositalmente desenhado. Em uma era definida pelo otimismo do pós-guerra e pela estética geométrica do Art Déco, este modelo em prata não era apenas um instrumento de cronometragem, mas uma afirmação de modernidade e sofisticação. Posicionado no mercado da época como um acessório para o cavalheiro urbano e elegante, ele se distanciava da brutalidade utilitária dos 'trench watches' da Primeira Guerra Mundial, abraçando linhas curvas e ergonomia refinada. O formato 'tonneau' (barril), com suas laterais arqueadas, foi projetado para seguir a curvatura natural do pulso, oferecendo um conforto superior às caixas redondas tradicionais. Equipado com o venerável calibre 23.7S T2, este relógio simboliza a capacidade da Omega de industrializar a precisão em escalas miniaturizadas. Para o colecionador contemporâneo, esta peça é um artefato da 'Era do Jazz', capturando o espírito de uma época onde a função encontrava a forma em uma harmonia perfeita. Ele não é apenas um relógio antigo; é um testemunho da evolução do design industrial e da afirmação da Omega como uma manufatura de elite capaz de produzir movimentos robustos e esteticamente agradáveis para o novo paradigma do uso no pulso.

HISTÓRIA

A história deste Omega Tonneau de 1925 é, na verdade, a história da emancipação do relógio de pulso. Até meados da década de 1910, os relógios de pulso eram vistos com ceticismo pelo público masculino, considerados frágeis ou femininos. A Primeira Guerra Mundial mudou essa percepção, provando a utilidade do relógio no pulso, mas foi a década de 1920 que refinou o conceito, transformando a ferramenta militar em um ícone de estilo civil. Este modelo específico é um protagonista dessa revolução estilística. O coração desta peça é o calibre 23.7S T2. Introduzido originalmente no final da década de 1910, o 23.7 foi um dos primeiros movimentos da Omega projetados especificamente com a arquitetura de 'Savonnette' (daí o 'S') adaptada para o pulso, onde a coroa fica às 3 horas e os pequenos segundos às 6 horas. A designação 'T2' refere-se a uma evolução técnica na platina e nas pontes, garantindo maior estabilidade e facilidade de serviço. A robustez deste movimento permitiu que a Omega oferecesse precisão cronométrica em um pacote significativamente menor do que os relógios de bolso convertidos. Esteticamente, o ano de 1925 situa este relógio no auge do movimento Art Déco. O formato Tonneau foi uma resposta direta à rigidez das caixas redondas. Designers de vanguarda perceberam que o pulso não é uma superfície plana, e a forma de barril permitia que o relógio se integrasse organicamente à anatomia humana. A escolha da prata para a caixa, em vez do ouro ou da platina, democratizou o luxo, permitindo que a classe média emergente e os profissionais liberais tivessem acesso à alta horologia suíça. Os numerais arábicos em negrito, muitas vezes pintados com Rádio radioativo, não eram apenas uma escolha de design, mas uma necessidade de legibilidade herdada dos relógios de serviço, agora suavizada por fontes mais artísticas. Ao longo das décadas, o design Tonneau da Omega evoluiu. Nos anos 30, ele se tornaria mais alongado e retangular (como no T17), e nos anos 40 e 50, seria incorporado em linhas como a 'Cosmic'. No entanto, este modelo de 1925 com asas fixas representa a forma em sua pureza original. As asas fixas (barras de metal soldadas diretamente na caixa) exigiam pulseiras específicas que eram costuradas ou passadas através das barras, uma característica que desapareceria com a invenção das barras de mola (spring bars) modernas. Para o historiador e o colecionador, o Omega Tonneau 1925 não é apenas um relógio; é um documento histórico que narra a fusão da engenharia suíça com a estética dos 'Anos Loucos', estabelecendo as bases para o design de relógios de forma que perdura até hoje.

CURIOSIDADES

As asas fixas (fixed lugs) deste modelo são uma 'assinatura' temporal; sua presença quase garante uma datação pré-1930, antes da popularização massiva dos pinos de mola removíveis. O uso de Rádio nos mostradores desta época é lendário; embora a luminosidade tenha desaparecido há décadas, os contadores Geiger modernos ainda podem detectar a radiação emitida pelos numerais originais. O calibre 23.7S foi tão bem sucedido que serviu de base para o desenvolvimento de movimentos posteriores, incluindo os lendários calibres T17 retangulares que sustentaram a reputação da Omega nos anos 30. A prata utilizada nestes relógios desenvolve uma pátina escura e única ao longo de quase um século, algo que muitos colecionadores puristas recusam-se a polir para manter a integridade histórica da peça. Diferentemente dos relógios modernos onde o nome do modelo (como 'Seamaster') está no mostrador, nesta era a 'marca' era a forma da caixa; 'Tonneau' era a classificação de catálogo, não uma inscrição no dial. Este modelo foi contemporâneo da Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas de Paris em 1925, evento que deu nome ao estilo 'Art Déco' que o relógio tão bem representa.

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