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Breguet No. 2639 - A Obra-Prima Perdida de Caroline Murat: A Origem Real do Primeiro Relógio de Pulso da História


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Em uma comissão para Caroline Bonaparte, Rainha de Nápoles, a Breguet criou o que é amplamente reconhecido como o primeiro relógio de pulso do mundo. Era um relógio repetidor oval excepcionalmente fino, com complicações como termômetro, montado em uma pulseira de cabelo e fio de ouro.

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RESUMO

O Breguet No. 2639 não é apenas um instrumento de cronometragem; é o 'Santo Graal' perdido da relojoaria moderna, representando o ponto de inflexão onde a medida do tempo migrou do bolso para o pulso. Encomendado em 1810 pela Rainha de Nápoles, Caroline Murat, esta peça desafia a narrativa convencional de que os relógios de pulso foram uma invenção do final do século XIX ou uma necessidade militar da Primeira Guerra Mundial. Posicionado no ápice absoluto da Alta Relojoaria do século XIX, foi concebido como uma peça de joalheria funcional de extrema complexidade, destinada exclusivamente à realeza. A sua filosofia de design rompeu com o formato circular onipresente da época, introduzindo uma caixa oblonga (oval) vanguardista que abrigava complicações sonoras e térmicas em um perfil incrivelmente esbelto. Embora o objeto físico tenha desaparecido dos registros públicos após 1855, sua existência documentada nos arquivos da Breguet reescreveu a história horológica, estabelecendo a Maison fundada por Abraham-Louis Breguet como a pioneira indiscutível do relógio de pulso. Hoje, ele serve como a musa espiritual para a coleção contemporânea 'Reine de Naples', simbolizando a fusão perfeita entre a engenharia mecânica avançada e a elegância feminina aristocrática.

HISTÓRIA

A gênese do Breguet No. 2639 remonta a 8 de junho de 1810, nos registros da Quai de l'Horloge em Paris. Caroline Murat, irmã de Napoleão Bonaparte e Rainha de Nápoles, era uma das clientes mais prolíficas e exigentes de Abraham-Louis Breguet. Em uma época dominada por relógios de bolso masculinos e 'chatelaines' femininas penduradas na cintura, Caroline fez um pedido revolucionário: um relógio de repetição ultra-fino, de formato oblongo, montado especificamente para ser usado no pulso. Esta comissão, registrada no livro de pedidos especiais sob o número 2639, marcou o nascimento conceitual e técnico do relógio de pulso. A execução desta peça levou mais de dois anos, sendo entregue em 21 de dezembro de 1812. A complexidade de miniaturizar um mecanismo de repetição — que soa as horas e quartos através de martelos e gongos — dentro de uma caixa oval fina, representava um tour de force de engenharia para o início do século XIX. Ao contrário das adaptações grosseiras de relógios de bolso amarrados ao pulso que apareceriam décadas mais tarde, o No. 2639 foi integralmente desenhado com a anatomia do pulso em mente, demonstrando a visão futurista de Breguet. O rastro do relógio é fascinante e trágico. Após a entrega, ele aparece nos registros de manutenção da Breguet em 1849 e novamente em 1855, trazido pela Condessa Rasponi, filha de Caroline, provando que o relógio foi usado e estimado por gerações. Os registros de reparo descrevem o polimento dos pivôs, a reparação do termômetro e, crucialmente, a restauração do mostrador prateado e da pulseira de ouro e cabelo. No entanto, após 1855, o relógio desapareceu na obscuridade, possivelmente perdido, roubado ou mantido em uma coleção privada hermética. O impacto do No. 2639 na história da relojoaria só foi plenamente reconhecido recentemente, quando historiadores revisitaram os arquivos para contestar a primazia de outras marcas sobre a invenção do relógio de pulso. Ele prova que a funcionalidade de pulso nasceu no universo feminino da alta aristocracia, muito antes de se tornar uma ferramenta militar masculina. Em 2002, a Breguet lançou a linha 'Reine de Naples' como uma homenagem direta a este modelo perdido, utilizando a forma oval distintiva e as asas de fixação da pulseira para manter vivo o legado da peça que mudou para sempre a forma como a humanidade interage com o tempo.

CURIOSIDADES

O Preço da Inovação: O relógio foi vendido por 5.000 francos em 1812, uma fortuna colossal na época, comparável ao custo de uma propriedade imobiliária significativa. A Cliente VIP: Caroline Murat adquiriu nada menos que 34 relógios e pêndulas de Abraham-Louis Breguet entre 1808 e 1814, superando até mesmo seu irmão, Napoleão, em volume de compras. Material Exótico: A pulseira feita de cabelo entrelaçado com fios de ouro não era apenas decorativa; era uma prática sentimental comum na era Romântica e Vitoriana, usando cabelos do proprietário ou de entes queridos, o que tornava a peça intimamente pessoal. O Desafio Patek: Durante décadas, o Guinness World Records listou um Patek Philippe de 1868 feito para a Condessa Koscowicz como o primeiro relógio de pulso, até que os arquivos da Breguet provaram a existência do No. 2639 mais de meio século antes. Recompensa pelo Retorno: Embora não haja uma recompensa pública oficial 'Wanted' ativa, o Museu Breguet em Paris considera o No. 2639 como a peça mais importante que falta em seu acervo, e seu reaparecimento seria, sem dúvida, a descoberta horológica do século.

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