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Audemars Piguet & Louis Brandt 1892 - O Primeiro Relógio de Pulso com Repetição de Minutos: A Gênese da Grande Complicação Portátil


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Audemars Piguet criou o primeiro movimento de repetição de minutos para um relógio de pulso, que foi vendido para Louis Brandt (futura Omega). Embora fosse um movimento para outra marca, este marco é amplamente reconhecido como a introdução da complicação em relógios de pulso pela Audemars Piguet.

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RESUMO

O Audemars Piguet de 1892, frequentemente referido em colaboração com a Louis Brandt & Frère (precursora da Omega), representa o 'Big Bang' das complicações em relógios de pulso. Situado na intersecção da história de duas das maiores casas da relojoaria suíça, este artefato não é um produto de mercado em massa, mas uma 'Pièce Unique' de importância monumental. Sua criação desafiou as convenções do século XIX, onde a miniaturização extrema necessária para encaixar um mecanismo de repetição de minutos em uma caixa de pulso era considerada quase impossível ou impraticável. Este relógio não foi desenhado para mergulhadores ou pilotos — categorias que sequer existiam na época —, mas sim como uma demonstração suprema de virtuosismo técnico e prestígio aristocrático. Ele transcende a função utilitária; é um testemunho da transição da era do relógio de bolso para o domínio do pulso. Para o colecionador erudito, este modelo é o Santo Graal que refuta a noção de que relógios de pulso complicados são uma invenção do século XX. Ele incorpora a filosofia fundamental da Audemars Piguet: dominar o impossível através do artesanato tradicional. Este marco histórico define a legitimidade da AP como a mestre indiscutível da repetição de minutos, uma linhagem que a marca carrega até as suas peças contemporâneas Supersonnerie.

HISTÓRIA

A história deste relógio remonta ao auge da Era Vitoriana, um momento em que o relógio de pulso era visto amplamente como um adereço de joalheria feminina, desprovido de precisão cronométrica séria. Em 1892, a Audemars Piguet, fundada menos de duas décadas antes em Le Brassus, já havia estabelecido uma reputação formidável para a criação de mecanismos complexos. O registro nos arquivos da empresa, datado de 8 de outubro de 1891, documenta o término de um movimento de repetição de minutos de 13 linhas — um tamanho extraordinariamente pequeno para a época, derivado de um ebauche LeCoultre, mas inteiramente finalizado e regulado pelos mestres da AP. Este movimento foi adquirido pela Louis Brandt & Frère, a empresa que viria a se tornar a Omega, que o encapsulou e o vendeu em 1892. O que torna este objeto tecnicamente revolucionário é a adaptação da arquitetura de um relógio de bolso para o uso no pulso. Diferente dos relógios de bolso convertidos (onde o 12 horas ficava na posição da coroa), neste modelo o 12 horas está posicionado corretamente no topo, perpendicular à coroa, e o gatilho de ativação da repetição de minutos está situado às 3 horas. Isso indica uma intencionalidade de design para o uso no braço, distinguindo-o de meras adaptações improvisadas. Por décadas, a existência deste relógio permaneceu uma nota de rodapé obscura, ofuscada pela narrativa de que os relógios de pulso masculinos só ganharam tração com a Primeira Guerra Mundial (como o Cartier Santos de 1904). No entanto, a redescoberta e autenticação desta peça reescreveu a cronologia da alta relojoaria. Ela prova que a Audemars Piguet já possuía a capacidade de miniaturizar a 'Rainha das Complicações' mais de trinta anos antes de tais feitos se tornarem comuns na indústria. Embora o mostrador não ostente a assinatura da AP (uma prática comum na época, onde o fornecedor do movimento permanecia anônimo), os registros de produção irrefutáveis consolidam este modelo como a pedra angular sobre a qual a Audemars Piguet construiu seu império de relógios de pulso com complicações sonoras, uma tradição que evoluiu através dos Jumping Hours da década de 1920 até os modernos Code 11.59.

CURIOSIDADES

O relógio reside atualmente no Museu Omega em Biel/Bienne, Suíça, simbolizando a união histórica entre o fornecedor do movimento (AP) e o finalizador (Omega). Este é o único exemplar conhecido (Piece Unique); não houve produção em série deste modelo específico em 1892. O gatilho da repetição de minutos desliza para cima, uma configuração ergonômica rara para a época, desenhada especificamente para ser operada com o polegar ou indicador enquanto o relógio está no pulso. Embora seja um relógio de pulso, ele não possui as 'asas' (lugs) modernas; a pulseira era fixada através de alças de fio soldadas diretamente na caixa, típicas da transição do século XIX. O movimento possui o número de série 1355 nos arquivos da Audemars Piguet, permitindo sua identificação precisa mais de um século depois. Curiosamente, o relógio não possui a assinatura 'Audemars Piguet' em lugar algum do exterior, sendo identificado apenas pela perícia interna do movimento e registros de manufatura.

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