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Breguet Ref. 3050 Quantième Perpétuel - O Manifesto Mecânico de Daniel Roth que Resgatou o Legado de Abraham-Louis na Era Chaumet


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Introduzido por Daniel Roth, este foi um dos primeiros calendários perpétuos significativos da Breguet na era moderna, em um período em que tais complicações eram raras em relógios de pulso. Possuía uma complicação de calendário triplo com fases da lua e ajudou a restabelecer a Breguet como líder em relógios complicados.

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RESUMO

O Breguet Ref. 3050 não é apenas um relógio de pulso; é um documento histórico de resistência horológica. Lançado em meados da década de 1970, especificamente em 1976, este modelo surgiu no auge da Crise do Quartzo, um período em que a relojoaria mecânica tradicional enfrentava uma ameaça existencial. Sob a direção dos irmãos Chaumet e a execução técnica do lendário mestre relojoeiro Daniel Roth, o Ref. 3050 foi concebido para reafirmar a Breguet como a guardiã suprema das grandes complicações. Posicionado no ápice do mercado de luxo, este Calendário Perpétuo foi direcionado a uma elite de colecionadores intelectuais que valorizavam a pureza da engenharia mecânica sobre a conveniência eletrônica. O modelo estabeleceu a gramática de design moderna da marca — caixa com caneluras (coin-edge), mostrador guilhoché à mão e ponteiros Pomme — servindo como a pedra angular para o renascimento da Breguet no século XX. É uma peça seminal que provou que a arte da alta relojoaria ainda pulsava vibrante, definindo o padrão para o relógio social clássico e complicado.

HISTÓRIA

A história do Breguet Ref. 3050 é indissociável da ressurreição da marca sob a égide da joalheria parisiense Chaumet e do gênio técnico de Daniel Roth. Quando os irmãos Jacques e Pierre Chaumet adquiriram a Breguet em 1970, a marca era uma sombra de seu passado glorioso, produzindo poucos relógios e sem uma identidade visual coesa. A contratação do jovem relojoeiro Daniel Roth mudaria tudo. Roth mergulhou nos arquivos de Abraham-Louis Breguet, estudando os relógios de bolso históricos para transpor aquela linguagem estética e técnica para o pulso. O ano de 1976 marcou o lançamento do Ref. 3050, um dos primeiros calendários perpétuos de pulso verdadeiramente significativos da era moderna, precedendo até mesmo o famoso lançamento da Audemars Piguet em plena crise do quartzo. O desafio técnico era imenso: criar um movimento perpétuo automático que fosse elegante e fino o suficiente para caber em uma caixa 'Dress Watch' clássica. A solução veio através da modificação do lendário calibre ultra-fino Frédéric Piguet 71, ao qual foi adicionado um módulo de calendário perpétuo de sofisticação arquitetural. O design do mostrador foi uma aula de equilíbrio, distribuindo as informações do calendário de forma legível sobre um mostrador de ouro maciço, laboriosamente guilhoché à mão — uma técnica que Roth insistiu em reintroduzir como padrão da marca. Durante sua produção, o modelo evoluiu sutilmente, mas manteve sempre a integridade de suas proporções de 36mm. Ele serviu como o protótipo para a identidade visual da coleção 'Classique' que conhecemos hoje: as alças retas soldadas, as barras de parafusos para a pulseira e as laterais da caixa caneladas tornaram-se assinaturas inconfundíveis. O Ref. 3050 não apenas competiu com a Patek Philippe e a Vacheron Constantin; ele lembrou ao mundo que a Breguet era a inventora de muitas dessas tecnologias. A produção foi extremamente limitada devido à complexidade da montagem manual e da decoração do mostrador. O legado do 3050 é monumental: ele pavimentou o caminho para o Ref. 3130 e o 3310, e estabeleceu a base financeira e de reputação que permitiu ao Grupo Swatch, anos mais tarde, elevar a Breguet ao topo da pirâmide horológica. Para o colecionador erudito, o 3050 de 1976 representa o momento exato em que a alma da Breguet foi salva do esquecimento.

CURIOSIDADES

O Ref. 3050 foi um dos poucos relógios complicados desenhados pessoalmente por Daniel Roth antes de ele fundar sua própria marca independente. Ao contrário de muitos perpétuos modernos, as primeiras versões do 3050 não possuíam indicador de ano bissexto no mostrador, exigindo que o usuário confiasse na precisão do mecanismo ou consultasse um relojoeiro para ajustes finos. O calibre base Frédéric Piguet 71 utilizado é famoso por ter o rotor descentralizado, o que permitia que o relógio mantivesse um perfil excepcionalmente fino, raro para um calendário perpétuo automático da época. Existem variações raríssimas com mostradores em esmalte 'Grand Feu', embora a versão clássica guilhoché prateada seja a mais emblemática da 'Era Chaumet'. Este modelo é frequentemente creditado por reintroduzir o 'guilhoché' como uma arte essencial na relojoaria suíça, salvando a profissão de guilhocheur da extinção na década de 70. Devido à produção manual sob a supervisão de Roth, estima-se que menos de algumas centenas de exemplares foram produzidos nos primeiros anos, tornando-os 'Grails' em leilões modernos. O layout dos submostradores do 3050 inspirou diretamente o design do famoso relógio de bolso Breguet No. 5, uma homenagem histórica que Roth tentou replicar no pulso.

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