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Zenith El Primero Ref. A385 (1969) – O Pioneiro do Mostrador Fumé e a Lenda da Resistência Aeroespacial


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Parte da 'trilogia' original de lançamento do El Primero, este relógio de pulso tonneau destacou-se por seu mostrador fumê (gradient brown), que escurecia em direção às bordas, sendo um dos primeiros desse tipo na indústria relojoeira. Equipado com o calibre automático de alta frequência El Primero 3019 PHC, o A385 também foi famoso por sua resistência, tendo sido testado em um Boeing 707 da Air France em condições extremas.

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RESUMO

O Zenith El Primero Ref. A385 não é apenas um relógio; é um artefato cultural que encapsula o espírito de inovação de 1969, um ano decisivo para a horologia mundial. Como um dos três membros da 'Santíssima Trindade' original de lançamento do calibre El Primero — ao lado do A384 e do A386 —, o A385 distinguiu-se imediatamente por sua ousadia estética e brutalismo elegante. Enquanto o A386 oferecia uma abordagem clássica de caixa redonda e o A384 introduzia a forma geométrica, o A385 elevou o design tonneau angulado com um mostrador 'fumé' em tons de marrom cáqui degradê, indiscutivelmente um dos primeiros da indústria a empregar tal técnica de gradiente. Posicionado no mercado como um cronógrafo esportivo de ultra-desempenho, ele visava um público exigente que valorizava a precisão mecânica sem sacrificar o estilo vanguardista da era espacial. Sua importância transcende a estética; ele serviu como o veículo de prova para a robustez do movimento de alta frequência da Zenith. Longe de ser apenas uma peça de vestuário ou 'dress watch', o A385 foi concebido como uma ferramenta de engenharia capaz de suportar condições extremas, solidificando a reputação da Zenith não apenas como criadora do primeiro cronógrafo automático integrado de alta frequência, mas como a manufatura que ousou testar os limites físicos da relojoaria mecânica em uma era pré-digital.

HISTÓRIA

A história do Zenith El Primero Ref. A385 é indissociável da feroz 'corrida pelo cronógrafo automático' que culminou em 1969. Enquanto consórcios concorrentes (como o grupo Chronomatic e a Seiko) lutavam pelo mesmo objetivo, a Zenith revelou secretamente seus protótipos em janeiro daquele ano, reivindicando a primazia com o calibre 3019 PHC. No entanto, um movimento revolucionário necessitava de um recipiente à altura. A Zenith lançou três referências inaugurais: o A386 (caixa redonda clássica), o A384 e o A385 (ambos com caixas tonneau angulares). O A385, especificamente, foi o modelo escolhido para quebrar paradigmas visuais. Seu mostrador degradê, que transitava de um centro cáqui luminoso para bordas marrom-escuras, capturava a estética terrosa e experimental do final dos anos 60, antecipando uma tendência que dominaria a década de 70. Mas a verdadeira lenda do A385 foi forjada em 1970, durante a famosa 'Operação Céu'. Para silenciar os céticos que duvidavam da durabilidade de um movimento mecânico operando a frenéticas 36.000 alternâncias por hora (vph) — uma velocidade que gerava maior atrito e exigia lubrificação especial —, a Zenith orquestrou um golpe de marketing audacioso e tecnicamente arriscado. Um exemplar do A385 foi amarrado ao trem de pouso de um Boeing 707 da Air France em um voo transatlântico de Paris a Nova York. O relógio foi exposto a temperaturas de -62°C em grandes altitudes, vibrações terríveis durante a decolagem e o choque térmico e físico do pouso. Ao chegar em Nova York, o relógio não apenas estava intacto, mas mantinha a precisão de segundos, provando que a alta frequência não era sinônimo de fragilidade. A produção do A385 original foi relativamente curta, estendendo-se apenas de 1969 a 1971, com um número estimado de apenas 2.400 unidades produzidas, tornando-o significativamente mais raro do que muitas referências posteriores. Ao longo das décadas, o design 'angular' caiu em desuso em favor de caixas mais redondas, deixando o A385 como uma relíquia cultuada apenas por conhecedores. Contudo, o renascimento do interesse por designs vintage nos anos 2010 e 2020 trouxe o A385 de volta aos holofotes, culminando na reedição 'Chronomaster Revival', que utilizou engenharia reversa a laser para replicar as proporções exatas da caixa de 1969. O A385 original permanece, contudo, como o verdadeiro titã: o relógio que vestiu o primeiro mostrador fumê da história e sobreviveu à estratosfera para contar a história.

CURIOSIDADES

O Teste do Boeing 707: O evento de 1970 em que o relógio foi preso ao trem de pouso de um jato da Air France é um dos testes de tortura mais famosos da história da relojoaria, validando a tecnologia de lubrificação a seco da Zenith. Pioneirismo no Design: Historiadores da relojoaria frequentemente citam o A385 como o primeiro relógio industrial a apresentar um mostrador com efeito 'fumé' ou gradiente, uma técnica que se tornaria onipresente nos anos 1970. Raridade de Produção: Com apenas cerca de 2.400 peças produzidas entre 1969 e 1971, o A385 original é mais raro do que muitas referências contemporâneas da Rolex ou Omega. Bracelete Gay Frères: O design 'Ladder' (escada) da pulseira, com espaços vazios entre os elos centrais, foi criado pela lendária fabricante Gay Frères exclusivamente para a Zenith, visando conforto e respirabilidade no verão. Posição da Data: A janela de data posicionada às 4:30 tornou-se uma assinatura do movimento El Primero, uma solução técnica necessária devido à arquitetura do movimento, mas que acabou virando um código estético da marca. Custo Original: Em 1969, o preço de varejo do A385 era considerado alto para um relógio de aço, competindo diretamente com cronógrafos estabelecidos como o Speedmaster e o Navitimer. O 'Vermelho' de Alerta: O ponteiro de segundos do cronógrafo em vermelho vivo foi escolhido especificamente para máxima legibilidade contra o mostrador marrom durante a leitura de tempos cronometrados em situações esportivas.

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