RESUMO
O Rolex Reference 2508 é uma peça fundamental na tapeçaria horológica, representando o verdadeiro nascimento do cronógrafo de pulso moderno dentro da manufatura de Genebra. Lançado em meados da década de 1930, este modelo não foi apenas um instrumento de cronometragem, mas uma declaração de intenções. Diferenciando-se dos seus antecessores de botão único (monopoussoir), o 2508 introduziu a funcionalidade de dois botões — permitindo parar e retomar a cronometragem sem a necessidade de zerar — uma inovação ergonômica e funcional que definiria o padrão da indústria. Com um diâmetro de caixa de aproximadamente 37mm, considerado 'oversized' para a época, o 2508 destinava-se a uma clientela exigente, composta por aviadores, pilotos de corrida e engenheiros que necessitavam de legibilidade instantânea e precisão científica. Esteticamente, ele equilibra a robustez esportiva com a elegância de um relógio social, apresentando frequentemente mostradores complexos com escalas telemétricas e taquimétricas. Hoje, é reverenciado não apenas como um 'Pre-Daytona', mas como o arquétipo do cronógrafo clássico da Rolex, combinando raridade, design atemporal e importância histórica inigualável.
HISTÓRIA
A história do Rolex Reference 2508, introduzido por volta de 1935, é a crônica da transição da Rolex de uma montadora de movimentos precisos para a potência de relógios ferramenta que conhecemos hoje. Antes do advento do 2508, a maioria dos cronógrafos de pulso, incluindo os primeiros Zerographe da Rolex, operavam com um único botão integrado à coroa ou situado às 2 horas. Embora funcionais, estes mecanismos 'monopoussoir' limitavam a utilidade do cronógrafo, pois o usuário não podia pausar uma medição e retomá-la; cada parada forçava um reset imediato. O Ref. 2508 rompeu com essa limitação técnica ao adotar a configuração de dois botões — o superior para iniciar e parar, e o inferior para zerar. Esta lógica operacional, baseada no robusto calibre Valjoux 22, tornou-se o padrão global para cronógrafos mecânicos.
O design da caixa do 2508 é um estudo de proporção e elegância clássica. Diferente dos futuros modelos 'Oyster' com fundos e coroas rosqueados, o 2508 possui uma caixa de pressão (snap-back) e botões retangulares ou ovais (dependendo da geração), conferindo-lhe um perfil mais plano e refinado, típico dos relógios 'Calatrava' da época. É crucial notar que existiram duas gerações principais deste modelo: a primeira série, identificável pelos botões ovais em forma de oliva e fundo de caixa por vezes ligeiramente abaulado; e a segunda série, que introduziu botões retangulares mais modernos e um perfil de caixa mais angular.
Durante os seus anos de produção, que se estenderam até a década de 1940, o mostrador do 2508 evoluiu, mas manteve sempre uma estética 'científica'. A inscrição 'Anti-Magnetique' frequentemente encontrada no mostrador não era mero marketing; era uma resposta necessária à crescente eletrificação do mundo moderno, garantindo que a espiral do balanço não fosse afetada por campos magnéticos, preservando a cronometria. A presença de escalas múltiplas (taquímetro para velocidade, telêmetro para distância baseada no som) transformou o 2508 em um computador analógico de pulso.
O legado do 2508 é imensurável. Ele pavimentou o caminho para referências lendárias subsequentes, como o 3525 (o cronógrafo 'POW') e o 6234, que eventualmente culminariam no Cosmograph Daytona. Para o colecionador moderno, o 2508 não é apenas um relógio antigo; é o elo perdido que conecta a era dos relógios de bolso à era dourada do cronógrafo esportivo, representando um momento de pura inovação mecânica vestida em trajes de gala.
CURIOSIDADES
O Gigante da Época: Com 37.2mm, o 2508 era considerado enorme na década de 1930, onde o padrão masculino girava em torno de 30-33mm, valendo-lhe hoje o apelido de 'Oversized Chrono'.
Valjoux 22: Este modelo utiliza o lendário calibre Valjoux 22, um movimento de 14 linhas que é significativamente maior do que o Valjoux 72 usado posteriormente no Daytona, contribuindo para a robustez da peça.
Variedade de Botões: A forma dos botões é o 'tell' definitivo da idade; botões ovais (olive pushers) indicam a 1ª série (mais antiga e rara), enquanto botões retangulares denotam a 2ª série.
O Santo Graal do Aço: Embora versões em ouro sejam preciosas, os colecionadores frequentemente pagam prêmios mais altos por exemplares em aço inoxidável em condição imaculada, devido à sua raridade e utilitarismo original.
Anti-Magnetique: Foi um dos primeiros relógios da Rolex a ostentar orgulhosamente a capacidade antimagnética no mostrador, uma funcionalidade de alta tecnologia para os anos 30.
Ausência do Oyster: Ao contrário da crença popular de que todos os Rolex antigos valiosos são 'Oyster', o 2508 não possui caixa à prova d'água rosqueada, tornando exemplares com mostradores bem preservados (sem danos por umidade) extremamente raros.
Mostradores Exóticos: Existem variações raríssimas com mostradores pretos 'Gilt' e escalas multicoloridas (caracol/snail dial), que atingem valores astronômicos em leilões.