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Zenith El Primero Ref. A384 - A Gênese Angular e Retro-Futurista do Primeiro Cronógrafo Automático Integrado de Alta Frequência


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Lançado em 10 de janeiro de 1969, o A384 foi um dos três primeiros modelos a estrear o revolucionário calibre El Primero (3019 PHC), o primeiro movimento de cronógrafo automático de alta frequência (36.000 A/h) integrado do mundo. Ao contrário da caixa redonda do A386, o A384 apresentava uma distintiva caixa em forma de tonneau com 37mm, com um design retro-futurista que antecipava a década de 1970.

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RESUMO

O Zenith El Primero Ref. A384 não é apenas um relógio; é um monumento arquitetônico na linha do tempo da horologia, representando o ponto de inflexão onde a precisão mecânica extrema encontrou o design de vanguarda. Lançado em meio à acirrada 'corrida dos cronógrafos' de 1969, o A384 serviu como o veículo de estreia para o lendário calibre 3019 PHC, o 'El Primero'. Enquanto o seu irmão, o A386, optou por uma estética redonda mais tradicional, o A384 foi a declaração de intenções da Zenith para a década que se aproximava, abraçando uma geometria audaciosa e brutalista. Posicionado originalmente para um público que valorizava a robustez técnica aliada a uma estética moderna — pilotos, engenheiros e entusiastas do automobilismo —, este modelo transcendeu sua utilidade inicial para se tornar um ícone de estilo. A sua caixa em formato 'tonneau' facetada não era apenas estilística, mas ergonômica, desenhada para assentar confortavelmente no pulso, apesar da presença marcante. No panteão da relojoaria, o A384 é reverenciado não apenas por abrigar o primeiro movimento de cronógrafo automático integrado de alta frequência do mundo, mas por encapsular o espírito de otimismo tecnológico e a ruptura estética do final dos anos 60. Ele permanece como um testemunho tangível da engenharia suíça em seu auge criativo, um objeto de desejo que equilibra perfeitamente a funcionalidade utilitária de um cronógrafo desportivo com a sofisticação de uma peça de design industrial.

HISTÓRIA

O ano de 1969 é, sem dúvida, o 'Annus Mirabilis' da cronografia mecânica. Enquanto o mundo olhava para o céu aguardando o pouso na Lua, uma corrida terrestre silenciosa, mas feroz, ocorria nos vales suíços e nas fábricas japonesas. O objetivo: criar o primeiro cronógrafo automático do mundo. A Zenith, em uma coletiva de imprensa histórica em 10 de janeiro de 1969, reivindicou a vitória técnica com o lançamento do movimento 'El Primero' (O Primeiro). Para abrigar este motor revolucionário — que batia a uma frequência estonteante de 36.000 vph, permitindo medições de 1/10 de segundo — a manufatura de Le Locle lançou três referências inaugurais: o A386, o A385 e o A384. O A384, especificamente, foi o modelo que melhor capturou o zeitgeist da transição dos anos 60 para os 70. Enquanto o A386 mantinha as alças clássicas e o mostrador tricolor sobreposto, o A384 rompeu com a convenção. Sua caixa em forma de barril (tonneau) com arestas vivas e superfícies planas escovadas era uma ode ao design industrial futurista. Não era apenas um relógio redondo; era um bloco de aço esculpido que protegia o mecanismo de alta velocidade em seu interior. A escolha de um mostrador 'Panda' de alto contraste (fundo claro com submostradores pretos) visava a legibilidade instantânea, crucial para o uso profissional. A história do A384 também é a história de sobrevivência. Durante a Crise do Quartzo na década de 1970, a propriedade da Zenith (então nas mãos da Zenith Radio Corporation americana) ordenou a cessação da produção de movimentos mecânicos e o descarte de todas as ferramentas e prensas. O heroico relojoeiro Charles Vermot, desafiando ordens diretas, escondeu as prensas essenciais e os cadernos de produção do calibre 3019 PHC no sótão da fábrica. Sem esse ato de rebeldia, o renascimento do El Primero — e consequentemente a reedição moderna do A384 — teria sido impossível. O modelo A384 original foi produzido por um período relativamente curto, entre 1969 e 1971/72, com uma estimativa de produção de apenas 2.600 unidades, tornando-o significativamente raro. Ao longo das décadas, enquanto o A386 recebia a maior parte dos holofotes dos colecionadores, o A384 ganhou um status 'cult' por sua forma distinta e pelo bracelete 'Ladder' exclusivo desenhado pela Gay Frères, que deixava espaços abertos entre os elos centrais para ventilação e conforto. Hoje, o A384 é reconhecido como o modelo que definiu a identidade visual 'funky' da Zenith, influenciando diretamente a estética da linha Defy e servindo como base para a aclamada linha 'Revival' contemporânea.

CURIOSIDADES

O bracelete 'Ladder' (escada), desenhado pela famosa fabricante Gay Frères, é exclusivo deste período da Zenith e é cobiçado por ser mais leve e respirável que os braceletes sólidos tradicionais. O calibre 3019 PHC é tão eficiente que a Rolex utilizou uma versão modificada dele (com a frequência reduzida para 28.800 vph) para alimentar o Cosmograph Daytona de 1988 até 2000. A posição da data às 4:30 tornou-se uma assinatura do El Primero, uma necessidade técnica do design do movimento que acabou virando um traço estilístico, permitindo que os três submostradores fossem maximizados sem cortes. Embora o 'El Primero' signifique 'O Primeiro' em esperanto (e espanhol), houve uma disputa acirrada sobre quem realmente chegou primeiro ao mercado, com a Seiko e o consórcio Chronomatic (Heuer/Breitling) lançando seus modelos meses depois no mesmo ano. Estima-se que apenas 2.600 unidades do A384 original foram produzidas, tornando-o mais raro em números absolutos do que muitos relógios de luxo modernos produzidos em massa. O preço de lançamento do A384 em 1969 era competitivo, mas hoje, exemplares em condição 'New Old Stock' (NOS) podem alcançar valores astronômicos em leilões, superando dezenas de milhares de dólares.

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