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Audemars Piguet Quantième Perpétuel Ref. 5548: A Obra-Prima Ultrafina que Desafiou a Crise do Quartzo e Salvou a Alta Relojoaria


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Equipado com o calibre 2120/2800, este modelo foi o relógio de pulso com calendário perpétuo automático mais fino do mundo na época, um feito de miniaturização crucial no contexto da crise do quartzo.

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RESUMO

O Audemars Piguet Perpetual Calendar Ref. 5548, lançado em 1978, não é apenas um relógio; é um manifesto de resistência e uma das peças mais importantes da história horológica do século XX. Num momento em que a indústria suíça capitulava diante da precisão barata e eletrônica do quartzo, a Audemars Piguet tomou a decisão audaciosa de dobrar a aposta na engenharia mecânica tradicional de altíssimo nível. Posicionado no ápice do luxo discreto, o Ref. 5548 foi desenhado para o connaisseur erudito, o colecionador que valorizava a complexidade invisível sob um exterior elegante. Com o seu perfil incrivelmente esbelto, possibilitado pelo lendário calibre 2120/2800, este relógio redefiniu o conceito de 'dress watch' complicado. A sua filosofia de design, liderada por Jacqueline Dimier, equilibra uma simetria clássica com uma legibilidade moderna, criando uma estética que se tornaria a assinatura visual dos calendários perpétuos da AP por décadas. Ele não serviu apenas para marcar o tempo ou a data astronômica; serviu para lembrar ao mundo que a alma da relojoaria reside na interação humana com a micromecânica, garantindo a sobrevivência financeira e espiritual da Audemars Piguet durante seus anos mais turbulentos.

HISTÓRIA

A história do Audemars Piguet Ref. 5548 é a crônica de um jogo de alto risco que se transformou em triunfo. Em meados da década de 1970, a 'Crise do Quartzo' dizimava marcas tradicionais suíças. Relógios mecânicos eram vistos como obsoletos. Georges Golay, o visionário CEO da Audemars Piguet na época, percebeu que competir em preço ou precisão eletrônica era impossível. A única saída era elevar o ofício a um nível de arte inalcançável pelas máquinas industriais. Golay iniciou secretamente o desenvolvimento do relógio de pulso com calendário perpétuo automático mais fino do mundo. Para isso, a AP utilizou o venerável calibre 2120 — baseado no lendário esboço Jaeger-LeCoultre 920, o único movimento a ser utilizado simultaneamente pela 'Santíssima Trindade' (Patek, AP, Vacheron) — e acoplou a ele um módulo de calendário perpétuo inovador, desenvolvido em colaboração com a Dubois Dépraz. O resultado foi o calibre 2120/2800, com uma espessura total de apenas 3,95mm. Lançado na Feira de Basel de 1978, o Ref. 5548 foi uma revelação. Desenhado por Jacqueline Dimier, que também adaptou o Royal Oak para o público feminino, o relógio apresentava uma caixa clássica redonda de 36mm com um bisel em degraus distinto e asas curtas e integradas, oferecendo uma elegância intemporal. Diferente dos calendários perpétuos anteriores, que eram predominantemente relógios de bolso ou adaptações raras e espessas, o 5548 era fino, automático e produzido em série (embora uma série muito limitada e artesanal). Nos anos seguintes, o sucesso do 5548 foi estrondoso. Ele provou que havia um mercado robusto para a 'Haute Horlogerie'. A produção total da referência 5548 e sua sucessora imediata (renomeada 25548 com a mudança de codificação da AP nos anos 80) ultrapassou 2.000 unidades ao longo de mais de uma década, um número extraordinário para uma grande complicação na época. O design do mostrador, com a ausência do indicador de ano bissexto (uma peculiaridade técnica que exigia confiança do usuário na mecânica), tornou-se icônico. Este modelo pavimentou o caminho para a versão Royal Oak Perpetual Calendar (Ref. 5554) lançada em 1984 e solidificou a reputação da Audemars Piguet como a mestre das complicações modernas.

CURIOSIDADES

O 'Segredo' do Ano Bissexto: Ao contrário dos calendários perpétuos modernos, o mostrador do Ref. 5548 não possui indicador de ano bissexto. O proprietário precisava confiar cegamente que o relógio 'sabia' quando pular o dia 29 de fevereiro, uma pureza estética que fascina colecionadores. Recordista Mundial: No seu lançamento em 1978, com o movimento de 3,95mm de espessura, detinha o recorde de calendário perpétuo automático mais fino do mundo. A Mão de Jacqueline Dimier: O design atemporal é creditado a Jacqueline Dimier, uma das designers femininas mais influentes da relojoaria, que definiu a linguagem visual da AP na era pós-Genta. 'Swiss Only': As primeiras produções do mostrador apresentavam a inscrição 'Swiss' na parte inferior, ao passo que versões posteriores de serviço ou transição para a ref. 25548 passaram a usar 'Swiss Made'. Base Compartilhada: O movimento base (sem o módulo de calendário), o JLC 920, nunca foi usado pela própria Jaeger-LeCoultre em seus relógios, sendo exclusivo para os clientes da 'Big Three' (AP, Patek Philippe e Vacheron Constantin). O Salvador da Marca: Especialistas da indústria concordam que o fluxo de caixa e o prestígio gerados por este modelo específico foram fundamentais para impedir a falência ou venda da AP durante o auge da crise do quartzo.

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