RESUMO
Lançado em 2017, o Zenith Defy Lab representa indiscutivelmente um dos desenvolvimentos horológicos mais disruptivos do século XXI, posicionando-se não apenas como um relógio de pulso, mas como um manifesto científico. Enquanto a indústria relojoeira passou mais de três séculos refinando o princípio da espiral e do balanço estabelecido por Christiaan Huygens em 1675, a Zenith, sob a égide da divisão de P&D da LVMH, ousou reescrever as leis da física mecânica. Este modelo destina-se ao colecionador visionário e tecnocrata, alguém que valoriza a inovação material e a arquitetura de vanguarda acima do classicismo estético. O Defy Lab introduziu o 'Oscilador Zenith', um componente único de silício monocristalino que vibra a uma frequência alucinante, eliminando a necessidade de um conjunto tradicional de escape de múltiplas peças. A sua filosofia de design é brutalista e futurista, abrigada numa caixa de 'Aeronith' — um compósito de espuma de alumínio — que reflete a leveza e a tecnologia aeroespacial. No panteão da horologia, esta peça é significativa por provar que a cronometria mecânica ainda possui fronteiras inexploradas, oferecendo uma estabilidade de marcha e uma imunidade a magnetismo e temperatura que desafiam os cronómetros convencionais.
HISTÓRIA
A história do Zenith Defy Lab e do seu revolucionário oscilador remonta, paradoxalmente, a 1675, ano em que o cientista holandês Christiaan Huygens apresentou o princípio do balanço regulado por uma mola espiral. Durante 342 anos, este sistema permaneceu como o coração inalterado da relojoaria mecânica, sobrevivendo a guerras, revoluções industriais e à crise do quartzo. No entanto, em setembro de 2017, numa conferência de imprensa no histórico observatório de Le Locle, a Zenith declarou o fim dessa hegemonia técnica com a introdução do Defy Lab. O mentor por trás desta inovação foi Guy Sémon, diretor do Instituto de Ciências da LVMH, que procurou eliminar as fraquezas inerentes ao sistema tradicional: atrito, lubrificação, sensibilidade à temperatura e complexidade de montagem (um escape normal tem cerca de 30 componentes).
O resultado foi o Oscilador Zenith, uma única lâmina de silício monocristalino de 0,5 mm de espessura, fabricada através de processos de fotolitografia profunda (DRIE). Este componente monolítico substitui o balanço, a espiral, a âncora e o sistema anti-choque, baseando-se na elasticidade do material (mecanismos complacentes) em vez de pivôs rotativos. Operando a uma frequência sem precedentes de 15 Hz ou 108.000 vibrações por hora — três vezes mais rápido que o lendário El Primero e quase quatro vezes mais que um relógio padrão — o oscilador vibra com uma amplitude minúscula de +/- 6 graus, em contraste com os 300 graus de um balanço tradicional. Esta alta frequência e baixa amplitude resultam numa precisão teórica extraordinária, com um desvio médio diário de apenas 0,3 segundos.
Para albergar tal mecanismo, a Zenith estreou também um novo material: o Aeronith. Descrito como uma espuma de metal híbrida, é criado ao fundir alumínio em poros abertos e preencher os vazios com um polímero especial, resultando num material mais leve que o titânio e tão resistente quanto a fibra de carbono. O lançamento inicial em 2017 foi extremamente restrito, consistindo em apenas 10 peças únicas, cada uma pré-vendida a colecionadores de topo. Estas peças serviram como prova de conceito para o que viria a ser produzido em série mais tarde sob o nome 'Defy Inventor'. O impacto do Defy Lab na marca foi reafirmar a Zenith como a 'Mestre da Cronometria', provando que a sua obsessão pela alta frequência não parou em 1969 com o El Primero, mas continua a definir o futuro da mecânica de precisão.
CURIOSIDADES
A frequência de 108.000 vph cria um zumbido audível único, semelhante ao bater de asas de um inseto, muito diferente do 'tic-tac' tradicional.
As primeiras 10 unidades do Defy Lab (2017) foram vendidas num pacote exclusivo que incluía uma visita à manufatura e um encontro com Jean-Claude Biver e Guy Sémon.
O oscilador de silício não necessita de qualquer lubrificação, resolvendo um dos maiores problemas de manutenção da relojoaria secular.
Embora opere a 15 Hz, o consumo de energia é surpreendentemente eficiente, mantendo uma reserva de marcha de 60 horas, superior à de muitos relógios padrão.
O material da caixa, Aeronith, é 2,7 vezes mais leve que o titânio e 10% mais leve que a fibra de carbono.
O oscilador é insensível a campos magnéticos e variações de temperatura, dispensando a certificação COSC tradicional em favor da certificação do Observatório de Besançon devido à sua precisão extrema.
O design visual do mostrador esqueletizado foi intencionalmente criado para lembrar a hélice de um avião ou uma estrutura arquitetónica orgânica, destacando a vibração frenética do órgão regulador.