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Omega Seamaster De Ville ST 135.020: A Quintessência da Elegância Monobloco e o Elo Perdido da Era Dourada


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Uma das primeiras referências do "De Ville" como uma subcoleção elegante dentro da linha Seamaster, antes de se tornar uma coleção própria em 1967.

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RESUMO

O Omega Seamaster De Ville Ref. ST 135.020 representa um dos capítulos mais fascinantes e transicionais na ilustre história da manufatura de Bienne. Lançado no coração da década de 1960, este modelo não é apenas um instrumento de cronometragem; é a personificação física de um cisma filosófico dentro da Omega, onde a robustez utilitária da linha Seamaster colidiu harmoniosamente com a sofisticação urbana que viria a definir a linha De Ville independente. Posicionado no mercado vintage atual como uma das propostas de valor mais elegantes e historicamente ricas, o ST 135.020 foi projetado para o cavalheiro exigente que transitava entre a sala de reuniões e o clube social, exigindo a durabilidade de um relógio esportivo disfarçada sob um perfil esguio e discreto. A sua arquitetura 'monobloco' ou 'unishell' é um testemunho da engenharia avançada da época, permitindo uma silhueta mais fina ao eliminar o fundo rosqueado tradicional, mantendo a integridade estrutural contra a humidade. Diferente dos cronógrafos volumosos ou dos mergulhadores profissionais, este relógio opera no domínio do minimalismo Bauhaus com um toque de luxo suíço, servindo como o arquétipo do 'dress watch' de meados do século. Para o colecionador moderno, ele oferece uma pureza estética rara, desprovida de complicações desnecessárias, focado inteiramente na simetria do mostrador e na excelência do calibre manual 601, capturando a essência de uma era onde a elegância não era uma opção, mas um pré-requisito.

HISTÓRIA

A história do Omega Seamaster De Ville ST 135.020 é, essencialmente, a crônica de uma crise de identidade que resultou em perfeição horológica. Para compreender a gravidade deste modelo, é imperativo contextualizar o cenário da Omega no início da década de 1960. A linha Seamaster, lançada em 1948, estabeleceu-se como o pilar da robustez à prova de água da marca, utilizando o-rings de borracha inovadores derivados de tecnologia submarina da Segunda Guerra Mundial. No entanto, à medida que a economia do pós-guerra florescia, surgiu uma procura nos Estados Unidos — impulsionada pelo importador oficial da Omega, Norman Morris — por relógios que mantivessem a tenacidade do Seamaster, mas que fossem refinados o suficiente para acompanhar um smoking ou um terno de corte italiano. Assim nasceu o conceito 'De Ville'. Inicialmente, 'De Ville' não era uma coleção, mas uma designação de prestígio adicionada ao mostrador dos modelos Seamaster mais elegantes. A Referência 135.020, introduzida por volta de 1962/1963, é o epítome desta era híbrida. O seu design foi revolucionário devido à caixa monobloco (ou monocoque). Ao eliminar a tampa traseira removível, a Omega conseguiu dois feitos: reduziu drasticamente a espessura do relógio, tornando-o extremamente confortável no pulso, e eliminou um ponto crítico de entrada de água (a junta do fundo). O acesso ao movimento só é possível pela frente, removendo o cristal com uma ferramenta de pressão de ar ou garra específica (Tool 107), e utilizando uma coroa com 'tige bipartida' (split-stem) que se separa ao ser puxada com força calibrada. Sob o mostrador, batia o Calibre 601, um movimento de corda manual lendário pela sua durabilidade e precisão, derivado da família 600 lançada em 1960. A escolha de um movimento manual para a referência 135.020 (o prefixo '1' na codificação vintage da Omega denotava calibres manuais masculinos) permitiu que o perfil do relógio permanecesse esguio, ao contrário dos seus irmãos automáticos que necessitavam de espaço para o rotor. Visualmente, o modelo evoluiu muito pouco durante o seu ciclo de produção, uma prova do seu design atemporal. As variações mais procuradas pelos colecionadores incluem mostradores com índices em ouro ou com texturas de linho raras. O modelo 135.020 carrega um peso histórico significativo porque representa os últimos suspiros da união 'Seamaster De Ville'. Em 1967, a Omega tomou a decisão estratégica de separar as linhas. O De Ville tornou-se uma família independente focada exclusivamente na elegância e design, enquanto o Seamaster continuou o seu caminho rumo às profundezas oceânicas. Portanto, este modelo é um 'artefato de ponte', capturando o momento exato em que a utilidade desportiva e a elegância urbana coexistiram num único mostrador, algo que raramente é executado com tanto equilíbrio na horologia moderna.

CURIOSIDADES

O Ícone de 'Mad Men': O Omega Seamaster De Ville (especificamente uma variante de mostrador preto com data) ganhou um culto de seguidores moderno após ser o relógio de escolha do personagem Don Draper na aclamada série de TV, simbolizando o estilo executivo dos anos 60. A Ferramenta 107: Devido à caixa monobloco, os relojoeiros precisavam da ferramenta oficial Omega 'Tool 107', que bombeava ar comprimido através do tubo da coroa para ejetar o cristal de hesalite com um 'pop' sonoro, um método único de abertura. O Hipocampo Solitário: Como não há abertura traseira, o verso da caixa do ST 135.020 apresenta uma gravação do monstro marinho Hipocampo (o símbolo Seamaster) excepcionalmente nítida e ininterrupta, frequentemente preservada melhor do que em fundos rosqueados que sofrem abrasão de ferramentas de abertura. A Tige Bipartida: A coroa utiliza um sistema de 'split-stem' (tige partida em duas partes, macho e fêmea) que permite que a coroa seja removida à força sem desaparafusar nada, uma peça de engenharia engenhosa, mas que requer cuidado no manuseio vintage. O Último Híbrido: Este modelo é um dos últimos a ostentar a dupla assinatura 'Seamaster' e 'De Ville' antes do divórcio das linhas em 1967, tornando-o um marcador histórico do fim de uma era. Legado Espacial Indireto: O Calibre 601 é um parente próximo da arquitetura dos movimentos usados nos relógios de observação da Omega, compartilhando o mesmo DNA de robustez que levou a marca à Lua, embora num pacote de vestido.

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