RESUMO
O Audemars Piguet Royal Oak Double Balance Wheel Openworked, introduzido triunfalmente em 2016, não é meramente um relógio; é uma declaração de domínio técnico e uma ode à arquitetura mecânica exposta. Posicionado no zênite da coleção Royal Oak, este modelo foi concebido para o colecionador exigente que valoriza tanto a estética de vanguarda quanto a inovação cronométrica substancial. Diferente dos relógios esqueletizados tradicionais, onde a remoção de material muitas vezes compromete a precisão, a AP desenvolveu este modelo com um propósito singular: resolver problemas de estabilidade através da geometria. O relógio transcende as categorias tradicionais de 'esportivo de luxo' ou 'dress watch', ocupando um espaço rarefeito de 'arte mecânica vestível'. Sua filosofia de design baseia-se na transparência total, permitindo que a luz interaja com cada ângulo polido à mão do Calibre 3132. É uma peça que atrai tanto entusiastas da engenharia, fascinados pelo sistema patenteado de duplo balanço, quanto ícones da cultura pop e da moda, consolidando-se como um dos 'grails' mais cobiçados da horologia moderna. A presença de pulso é inigualável, equilibrando a robustez industrial do design de Gérald Genta com a delicadeza de uma filigrana de alta relojoaria.
HISTÓRIA
A história do Royal Oak Double Balance Wheel Openworked é um capítulo crucial na narrativa contínua da Audemars Piguet em desafiar as convenções da relojoaria tradicional. Embora a marca tenha uma longa e ilustre história com relógios esqueletizados — uma arte que dominam desde os anos 1920 e revitalizaram nos anos 70 e 80 — o lançamento deste modelo em 2016 (Ref. 15407) marcou uma mudança de paradigma. O objetivo não era apenas estético; era fundamentalmente técnico. Historicamente, a esqueletização de um movimento poderia reduzir sua massa e rigidez, afetando potencialmente a precisão. Para combater isso e, simultaneamente, abordar os erros de taxa causados pela gravidade em um relógio de pulso, os engenheiros da AP em Le Brassus desenvolveram uma solução engenhosa que estreou neste modelo: o Calibre 3132.
Este mecanismo difere dos turbilhões tradicionais. O sistema emprega dois volantes de balanço e duas espirais montadas no mesmo eixo. O aspecto crucial é que eles oscilam em perfeita sincronia. Esta construção de 'dupla face' não só cria um espetáculo visual de profundidade, visível de ambos os lados da caixa, mas também aumenta significativamente a massa oscilante e a estabilidade do sistema regulador. O resultado é um sistema que se auto-corrige; se um balanço é afetado por uma posição ou choque, o outro ajuda a estabilizar a marcha, garantindo uma precisão superior ao longo do tempo.
Desde o seu lançamento em 2016 em aço e ouro rosa, o modelo evoluiu para se tornar um pilar de 'hype' e prestígio. A linha expandiu-se para incluir versões de 37mm para pulsos menores (introduzidas em 2018), bem como iterações em cerâmica negra (Ref. 15416CE) e o deslumbrante acabamento 'Frosted Gold' em colaboração com Carolina Bucci. Cada variação manteve a integridade do design original: a ponte do balanço, sempre em ouro (rosa ou amarelo, dependendo da versão), serve como o ponto focal visual, contrastando com os tons cinza e industriais do restante do mecanismo esqueletizado. O impacto deste modelo foi imenso, provando que a Audemars Piguet poderia inovar tecnicamente dentro da caixa clássica do Royal Oak sem recorrer a complicações tradicionais como cronógrafos ou calendários perpétuos, redefinindo o que um relógio 'time-only' de luxo poderia ser.
CURIOSIDADES
A ponte do balanço é sempre feita em ouro rosa ou amarelo, mesmo nos modelos de aço ou cerâmica, criada para destacar o coração pulsante do relógio e facilitar a visualização do mecanismo duplo.
O acabamento manual deste movimento é lendário; possui dezenas de 'ângulos reentrantes' (V-angles) que não podem ser polidos por máquinas, exigindo dias de trabalho de um único artesão para chanfrar e polir os componentes.
Este modelo é frequentemente confundido com um turbilhão por observadores casuais devido à complexidade e visibilidade do oscilador, embora tecnicamente seja um mecanismo de escapamento fixo, porém duplo.
Celebridades de alto perfil como Kevin Hart, Travis Scott e LeBron James foram vistas usando variações deste modelo, elevando seu status de 'cult' para ícone da cultura pop.
O 'Double Balance' (Ref. 15407ST) tornou-se um dos relógios de aço mais difíceis de adquirir no varejo mundial, com valores no mercado secundário frequentemente ultrapassando o triplo do preço de lista original.
O modelo de cerâmica negra (15416CE) foi lançado inicialmente como uma edição limitada, tornando-se instantaneamente uma das peças mais raras e valiosas da linha Royal Oak moderna.
Ao contrário de movimentos esqueletizados 'padrão' que removem metal de calibres existentes, o Calibre 3132 foi desenhado desde o início como um movimento 'Openworked', garantindo integridade estrutural perfeita apesar da transparência.