RESUMO
O Omega De Ville Central Tourbillon reside em um plano de existência inteiramente distinto dentro do catálogo da manufatura de Bienne. Enquanto a Omega é globalmente reverenciada por seus cronógrafos robustos e instrumentos de mergulho profissionais, o Central Tourbillon é a manifestação física da ambição da marca em dominar a 'Haute Horlogerie' no seu nível mais rarefeito. Lançado inicialmente em 1994 para marcar o centenário do nome 'Omega', este relógio não foi projetado para as trincheiras ou para o espaço, mas para os salões da elite colecionadora e para o olhar crítico dos puristas técnicos.
Sua filosofia de design é centrada — literal e figurativamente — na complicação do turbilhão. Ao contrário da grande maioria dos turbilhões, que são posicionados às 6 horas ou excentricamente no mostrador, a Omega realizou a façanha técnica de colocar a gaiola giratória no centro exato do relógio. Isso exigiu uma reinvenção completa da exibição do tempo, eliminando os ponteiros tradicionais montados em um eixo central em favor de discos de safira 'misteriosos' que flutuam ao redor da complicação. Este modelo não é um relógio de produção em massa; é fabricado à mão no Atelier Tourbillon da Omega por um grupo seleto de mestres relojoeiros. Ele representa a fusão da elegância clássica da linha De Ville com uma engenharia de vanguarda, servindo como uma declaração de que a Omega não apenas domina a cronometragem industrial, mas também a arte sublime da relojoaria mecânica complexa.
HISTÓRIA
A gênese do Omega De Ville Central Tourbillon remonta ao início da década de 1990, um período crucial de renascimento para a relojoaria mecânica após a devastação da 'Crise do Quartzo'. Em 1991, a Omega iniciou um projeto ambicioso sob o codinome 'Haut de Gamme' para celebrar o 100º aniversário da adoção do nome da marca em 1894. O objetivo era criar algo que nunca tivesse sido feito antes em um relógio de pulso: posicionar o turbilhão, a complicação mais prestigiada da época, no centro do mostrador.
Lançado oficialmente em 1994, o primeiro modelo abrigava o Calibre 2600. A realização técnica foi formidável. Em um relógio padrão, os ponteiros são fixados em eixos no centro. Com o turbilhão ocupando esse espaço nobre, os engenheiros da Omega tiveram que desenvolver um sistema onde os ponteiros fossem montados em discos de safira transparentes, acionados por engrenagens na periferia do movimento. Isso criou o efeito de 'ponteiros flutuantes', evocando os históricos 'Mystery Clocks' da era Art Deco. O design era uma antítese visual da desordem; era simetria pura.
A evolução do modelo acompanhou o progresso técnico da marca. A segunda grande iteração viu a integração do revolucionário Escapamento Co-Axial, inventado por George Daniels e industrializado pela Omega. O Calibre 2635 (e posteriormente 2636) tornou-se o primeiro turbilhão do mundo a apresentar esse escapamento de baixa fricção, aumentando significativamente a precisão e os intervalos de serviço. Diferentemente de muitos turbilhões de outras 'Maisons' que eram frágeis e imprecisos, o Central Tourbillon da Omega foi submetido e aprovado nos rigorosos testes do COSC (Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres), uma raridade absoluta para este tipo de complicação.
Ao longo das décadas, o design externo evoluiu sutilmente, mantendo a silhueta clássica da caixa De Ville, mas experimentando com materiais de mostrador e esqueleto. Versões esqueletizadas, onde a platina principal é reduzida ao essencial e decorada à mão, mostraram a capacidade artística do Atelier. Mais recentemente, a Omega lançou o De Ville Central Tourbillon Numbered Edition com o Calibre 2640, um movimento de corda manual Master Chronometer. Este modelo mais recente incorpora ouro Sedna e Canopus, além de resistência magnética de 15.000 gauss, provando que mesmo a mais delicada alta relojoaria pode se beneficiar da tecnologia de materiais do século XXI. O Central Tourbillon permanece como o guardião da alma artesanal da Omega, um lembrete constante de que a marca que foi à Lua também pode criar arte para o pulso.
CURIOSIDADES
O 'Atelier Tourbillon' em Bienne é uma sala separada dentro da fábrica da Omega, onde apenas um pequeno grupo de relojoeiros de elite trabalha. Cada Central Tourbillon é montado do início ao fim por um único relojoeiro, que muitas vezes grava suas iniciais ocultas em um componente do movimento, como a base da gaiola do turbilhão.
A gaiola do turbilhão pesa meros 0,46 gramas, apesar de conter dezenas de componentes minúsculos.
O Papa João Paulo II foi presenteado com um Omega De Ville Central Tourbillon especial, cimentando o status do relógio como um objeto de reverência global.
Devido à complexidade dos discos de safira que seguram os ponteiros, o relógio não possui uma coroa tradicional puxada para ajuste de tempo em algumas versões; em vez disso, utiliza uma coroa no fundo da caixa ou uma posição específica da coroa lateral para ajustar os discos independentemente do movimento.
É o único relógio de pulso turbilhão central produzido em série (embora em números extremamente limitados) no mundo por um longo período, mantendo a patente exclusiva de sua arquitetura de mostrador por anos.
O símbolo Omega (O) é frequentemente incorporado no design da gaiola do turbilhão, girando uma vez por minuto, o que cria um efeito visual hipnótico e reforça a identidade da marca a cada segundo.