RESUMO
No panteão da alta relojoaria vintage, poucas criações evocam tanto respeito e desejo quanto o Longines equipado com o calibre 13ZN-12. Lançado em 1942, em meio à turbulência da Segunda Guerra Mundial, este modelo não foi apenas um instrumento de tempo, mas uma declaração de superioridade técnica da manufatura de Saint-Imier. Posicionado como uma ferramenta de precisão absoluta para aviadores e navegadores, o 13ZN-12 transcendeu a utilidade básica ao oferecer uma solução engenhosa para a legibilidade sob estresse: o contador de minutos central. Diferente dos cronógrafos convencionais, que relegavam a contagem dos minutos a um pequeno submostrador difícil de ler em um cockpit vibrante, esta variante utilizava um ponteiro central dedicado (frequentemente vermelho) para marcar os 60 minutos do cronógrafo. Este design antecipou a funcionalidade vista décadas depois em movimentos como o Lemania 5100. Para o colecionador moderno, o 13ZN-12 representa o "Santo Graal" da Longines, combinando a arquitetura sublime do lendário calibre 13ZN — com sua função flyback e roda de colunas — com uma raridade extrema e uma estética utilitária, porém profundamente elegante. É um relógio que define a era em que a Longines competia, e frequentemente superava, casas como Patek Philippe em cronometria complexa.
HISTÓRIA
A história do Longines 13ZN-12 é inseparável da era de ouro da cronometria mecânica. Para compreender a magnitude desta peça de 1942, é necessário recuar a 1936, quando a Longines introduziu o calibre 13ZN. Este foi o primeiro movimento de cronógrafo com função 'flyback' (retorno em voo) produzido em série, uma característica vital para pilotos que precisavam reiniciar a cronometragem instantaneamente sem parar e zerar o mecanismo sequencialmente. O 13ZN padrão já era considerado por muitos historiadores como o mais belo e tecnicamente proficiente movimento de cronógrafo manual já construído.
No entanto, em 1942, a Longines elevou a fasquia com a introdução da variante 13ZN-12. A motivação era puramente funcional e ergonômica. Em situações de combate aéreo ou navegação crítica, a leitura de um pequeno contador de 30 minutos (geralmente localizado às 3 horas) exigia uma atenção visual que desviava o foco do piloto. A solução da Longines foi mover a contagem dos minutos para o centro do mostrador, coaxialmente ao ponteiro dos segundos do cronógrafo e aos ponteiros de hora e minuto do tempo real. Isso resultou na adição de um quarto ponteiro central, geralmente pintado de vermelho vivo para contraste imediato, que percorria a escala cheia do mostrador ao longo de 60 minutos.
Tecnicamente, esta modificação exigiu uma reengenharia significativa da arquitetura do movimento base, adicionando complexidade e altura ao calibre. A produção do 13ZN-12 foi extremamente limitada em comparação com o 13ZN padrão, tornando-se uma raridade desde o seu nascimento. O design das caixas que abrigavam este movimento também evoluiu, variando desde as clássicas caixas de asas finas até as robustas caixas 'Tre Tacche' (três dentes) à prova d'água, que são hoje as mais cobiçadas.
O 13ZN-12 não teve um sucessor direto imediato que mantivesse a mesma arquitetura de qualidade 'haute horlogerie'. Embora a Longines tenha lançado o calibre 30CH posteriormente, a configuração de minutos centrais caiu em desuso devido ao custo de produção e complexidade, reaparecendo apenas décadas mais tarde em movimentos utilitários de outras marcas. Assim, o modelo de 1942 permanece como um monumento solitário de engenhosidade, marcando o zênite da manufatura in-house da Longines antes da consolidação industrial do final do século XX.
CURIOSIDADES
O apelido 'Doppia Lancetta': Colecionadores italianos frequentemente se referem a este modelo como 'Doppia Lancetta' (duplo ponteiro) devido à presença distinta dos dois ponteiros finos do cronógrafo no centro.
Raridade Extrema: Estima-se que a produção do calibre 13ZN-12 seja apenas uma fração minúscula da produção total do 13ZN, tornando-o um dos cronógrafos mais difíceis de encontrar em estado original.
A Cor Vermelha: O ponteiro de minutos central vermelho não é apenas estético; é uma especificação técnica para evitar confusão com o ponteiro de segundos do cronógrafo (geralmente azulado ou aço polido).
Leilões Recordistas: Exemplares em caixas de aço 'step-case' ou à prova d'água com este movimento frequentemente alcançam valores de seis dígitos em leilões da Phillips e Christie's, rivalizando com Patek Philippe da mesma era.
Legado de Design: A ideia do contador central de minutos foi tão revolucionária que, quando a Sinn e a Tutima criaram cronógrafos militares para a OTAN nos anos 70/80 (usando o Lemania 5100), elas retornaram a este exato layout pela sua superioridade na leitura instintiva.