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Angelus Calibre SF15: O Cronógrafo Monopulsante Pioneiro que Estabeleceu a Dinastia dos Irmãos Stolz em 1925


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Introdução do primeiro calibre cronógrafo monopulsante in-house da Angelus, o Calibre SF15 (13 e 14 linhas), que foi um pilar para seus primeiros cronógrafos de pulso.

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RESUMO

No panteão da alta relojoaria suíça, poucas transições são tão críticas quanto a migração dos mecanismos de bolso para o pulso ocorrida na década de 1920. O Angelus Calibre SF15 representa o ponto de inflexão exato para a manufatura de Le Locle, marcando sua ascensão de uma respeitada montadora para uma verdadeira 'Manufacture' de cronógrafos integrados. Lançado em 1925, este movimento não foi apenas um exercício técnico; foi uma declaração de intenções dos irmãos Stolz. Projetado para um público exigente composto por aviadores pioneiros, oficiais militares e engenheiros que necessitavam de precisão cronométrica no pulso, o SF15 oferecia uma funcionalidade monopulsante elegante e robusta. Sua arquitetura serviu como a fundação sobre a qual a Angelus construiria sua reputação lendária nas décadas seguintes, culminando no famoso Chronodato. No mercado atual de colecionadores, os exemplares equipados com o SF15 são venerados não apenas pela sua escassez, mas por representarem a pureza mecânica da era dourada da cronografia, onde a função ditava a forma com uma elegância austera e inigualável. Ele simboliza o momento em que a Angelus deixou de seguir tendências para começar a defini-las.

HISTÓRIA

A história do Calibre SF15 é inseparável da própria evolução da cronografia de pulso no início do século XX. Fundada em 1891 pelos irmãos Gustav e Albert Stolz em Le Locle, a Angelus (então operando como Stolz Frères) construiu sua reputação inicial na montagem de relógios de complexidade variada. No entanto, o ano de 1925 marcou um divisor de águas estratégico. Compreendendo que o futuro da horologia residia na miniaturização e na portabilidade, a empresa investiu pesadamente no desenvolvimento de seus próprios calibres 'in-house', afastando-se da dependência de 'ébauches' de terceiros como a Valjoux ou a Landeron. O resultado desse esforço foi o Calibre SF15 (disponível em variantes de 13 e 14 linhas), um mecanismo que exalava a qualidade da engenharia suíça tradicional. Ao contrário dos cronógrafos de came mais baratos que surgiriam décadas depois, o SF15 utilizava uma requintada roda de colunas para coordenar as funções de partida, parada e reset. Esta escolha técnica não apenas proporcionava uma sensação tátil superior – suave e precisa – ao acionar o cronógrafo, mas também garantia maior durabilidade e precisão no engate das engrenagens. A configuração monopulsante, operada geralmente através de um botão integrado à coroa ou um único pulsador às 2 horas, era a norma da época, refletindo uma simplicidade operacional valorizada em situações de campo. Visualmente, os relógios que abrigavam o SF15 eram típicos da transição dos anos 20: caixas em formato 'almofada' (cushion cases), asas de arame soldadas e mostradores de porcelana ou esmalte com tipografia Art Deco. A importância histórica deste calibre reside no fato de que ele foi o 'pai' técnico dos movimentos que equipariam os relógios militares da Segunda Guerra Mundial e o avô do Calibre 215 e 217 (o motor do Chronodato). Sem o sucesso e a estabilidade arquitetônica do SF15, a Angelus não teria tido a base financeira ou técnica para desenvolver suas inovações posteriores, como o cronógrafo com data ou os famosos movimentos de 8 dias. Para o colecionador moderno, encontrar um Angelus SF15 de 1925 em bom estado é uma tarefa hercúlea. A maioria foi utilizada intensamente como ferramenta profissional e, devido à falta de resistência à água e choque (Incabloc não era padrão), muitos pereceram. Aqueles que sobrevivem são testemunhos de uma era onde a Angelus competia ombro a ombro com gigantes como Patek Philippe e Vacheron Constantin na produção de cronógrafos de alta classe.

CURIOSIDADES

O código 'SF' na nomenclatura do calibre é uma homenagem direta às origens da empresa, significando 'Stolz Frères' (Irmãos Stolz), antes da marca Angelus se tornar o nome dominante. O Calibre SF15 foi um dos primeiros movimentos de cronógrafo a ser miniaturizado com sucesso para caixas de pulso sem sacrificar a precisão da roda de colunas, um feito de engenharia notável para 1925. Embora famoso pelos relógios de pulso, a arquitetura do SF15 foi derivada diretamente de pequenos calibres de relógios de bolso femininos, adaptados com um módulo de cronografia. Devido à natureza artesanal da produção em 1925, muitas pontes do movimento SF15 apresentam acabamentos e cortes ligeiramente diferentes, tornando cada peça quase única. Alguns mostradores dos primeiros modelos SF15 apresentavam a rara escala 'télémètre' em vermelho e 'tachymètre' em azul em espiral central, conhecida hoje pelos colecionadores como 'escada de caracol'. A Angelus forneceu variações deste movimento para outras marcas de prestígio da época que não possuíam capacidade de produzir cronógrafos in-house, operando como uma manufatura fantasma.

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