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Omega Calibre 30I Tourbillon (1947) – O 'Santo Graal' dos Observatórios que Antecipou o Renascimento da Alta Relojoaria


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Em 1947, a Omega criou o calibre 30I, o primeiro movimento de turbilhão para relógios de pulso do mundo. Doze desses movimentos foram produzidos para testes em observatórios, demonstrando a capacidade da marca em miniaturizar mecanismos complexos e alcançar precisão excepcional, estabelecendo um recorde de pontuação em Genebra em 1950.

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RESUMO

O Omega Calibre 30I Tourbillon não é apenas um relógio; é um documento histórico de importância incalculável na cronologia da relojoaria mecânica. Concebido em 1947, este modelo não foi criado para o pulso do consumidor final, mas sim como um instrumento científico de precisão destinado a dominar os rigorosos Concursos de Observatórios de Genebra, Neuchâtel e Kew-Teddington. Representando o auge da 'corrida armamentista' horológica de meados do século XX, o 30I foi o primeiro calibre de turbilhão para relógio de pulso do mundo, antecipando em décadas a febre dos turbilhões que dominaria a indústria pós-anos 90. Sua existência permaneceu, em grande parte, um segredo industrial durante anos, servindo como uma prova de conceito para a engenharia da Omega. Para o colecionador contemporâneo, ele transcende a categoria de acessório de luxo; é uma peça de museu que personifica a busca obsessiva pela cronometria perfeita. Diferente dos relógios de luxo modernos, onde o acabamento estético muitas vezes prevalece, o 30I possui uma estética espartana e utilitária, focada inteiramente no desempenho do oscilador. Sua raridade é absoluta, e sua aparição no mercado é um evento sísmico, atraindo não apenas entusiastas da marca, mas curadores de história da tecnologia.

HISTÓRIA

A gênese do Omega Calibre 30I Tourbillon remonta a 1947, um período em que a supremacia de uma marca de relógios não era medida por embaixadores famosos ou campanhas de marketing, mas pela performance bruta nos Concursos de Observatórios Astronômicos. Neste cenário de competição feroz, a Omega encarregou o mestre relojoeiro Henri Gerber de criar uma arma secreta: um movimento de pulso capaz de desafiar as leis da física e a concorrência da Patek Philippe e Zenith. O desafio era monumental: miniaturizar o mecanismo de turbilhão — até então restrito a relógios de bolso — para caber em um movimento de apenas 30mm de diâmetro (o limite da categoria de relógios de pulso dos observatórios). Gerber produziu apenas 12 movimentos. Diferente dos turbilhões modernos que rotacionam uma vez por minuto (60 segundos) para exibicionismo visual, o Calibre 30I possuía uma gaiola que completava uma rotação a cada 7,5 minutos. Esta escolha técnica genial reduzia a velocidade de rotação, minimizando o consumo de energia e o desgaste dos pivôs, o que resultava em uma estabilidade cronométrica superior a longo prazo. Em 1950, um destes movimentos alcançou a glória eterna ao obter a pontuação mais alta já registrada para um relógio de pulso no Observatório de Genebra (867.7 pontos), um recorde que permaneceu inabalado por décadas. Após os testes, estes movimentos não foram comercializados; eles foram desmontados, estudados e guardados nos arquivos da Omega, caindo no esquecimento enquanto a revolução do quartzo dizimava a indústria mecânica. Foi somente em 1987 que a Omega redescobriu estes 12 movimentos. Um pequeno número foi restaurado, encamisado em ouro ou prata e, ocasionalmente, oferecido a colecionadores ultra-seletos ou mantidos no Museu Omega. O design evoluiu de caixas de teste de alumínio bruto para caixas clássicas de aço e ouro que refletem a linguagem de design dos anos 40 e 50, com terminais curvos e mostradores sóbrios. A importância do 30I reside no fato de que ele é o 'Pai' de todos os turbilhões de pulso modernos. Sem a audácia de Gerber em 1947, a Omega não teria lançado o De Ville Central Tourbillon em 1994, e a paisagem da Alta Relojoaria contemporânea seria drasticamente diferente.

CURIOSIDADES

Apenas 12 movimentos Calibre 30I foram fabricados em 1947, tornando-o um dos relógios mais raros do mundo. A rotação da gaiola do turbilhão é de 7,5 minutos, uma característica técnica única escolhida para maximizar a precisão em detrimento do espetáculo visual. Em novembro de 2017, um exemplar deste modelo (encamisado em aço) foi vendido pela Phillips Auction House por 1.428.500 CHF, estabelecendo na época o recorde mundial para um relógio Omega em leilão. O movimento utiliza um balanço 'Guillaume', uma liga especial de anibal-latão, extremamente difícil de produzir, mas essencial para compensar erros de temperatura nos testes de observatório. Por décadas, a existência deste relógio foi considerada um mito entre colecionadores, até a confirmação oficial e 'redescoberta' pela Omega no final dos anos 80. Ao contrário dos relógios comerciais, muitos destes movimentos eram testados sem coroa ou ponteiros definitivos, sendo ajustados apenas por ferramentas de laboratório durante as competições. Este modelo é considerado o 'antecessor espiritual' direto do Omega De Ville Central Tourbillon, o primeiro relógio de pulso automático com turbilhão central do mundo.

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