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Tissot T-Touch I (1999) - A Revolução Tátil: O Cronógrafo Híbrido que Precedeu a Era Smartwatch


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O primeiro relógio tátil do mundo, que permitia controlar várias funções (altímetro, bússola, termómetro, etc.) através de um cristal de safira sensível ao toque. A primeira geração utilizava o calibre ETA E40.301.

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RESUMO

Lançado no crepúsculo do milénio, em 1999, o Tissot T-Touch I representou uma rutura sísmica na indústria relojoeira, posicionando-se não apenas como um relógio, mas como um instrumento de sobrevivência de alta tecnologia. Numa época em que os ecrãs táteis eram uma raridade desajeitada reservada a PDAs, a Tissot, sob a égide do Swatch Group, conseguiu integrar uma matriz capacitiva invisível num cristal de safira curvo. Este modelo foi desenhado para um público de aventureiros, alpinistas e entusiastas da tecnologia que exigiam funcionalidade imediata sem navegar por menus digitais complexos. A sua filosofia de design 'Ana-Digi' (analógico-digital) permitiu manter a elegância clássica de um relógio desportivo com ponteiros físicos, enquanto escondia um cérebro digital sofisticado. Ao tocar no vidro, o utilizador transformava o relógio numa bússola, num altímetro ou num barómetro, com os ponteiros a alinharem-se magicamente para indicar os dados. O T-Touch I não foi apenas um produto; foi uma declaração de vanguarda que cimentou o slogan da marca 'Innovators by Tradition', criando um segmento de mercado inteiramente novo — o relógio tátil de luxo utilitário — quase uma década antes da revolução dos smartphones.

HISTÓRIA

A génese do Tissot T-Touch I remonta a meados da década de 1990, um período de intensa experimentação para a indústria relojoeira suíça, que procurava reafirmar a sua supremacia técnica face à concorrência digital asiática. O projeto, desenvolvido em segredo pelos laboratórios de I&D do Swatch Group (incluindo a Asulab e a EM Microelectronic), tinha como objetivo criar uma interface homem-máquina intuitiva que dispensasse a complexidade dos botões múltiplos encontrados nos relógios da Casio Pro Trek ou Suunto da época. O resultado, apresentado em Baselworld 1999, foi o T-Touch I, equipado com o calibre pioneiro ETA E40.301. A inovação central residia na utilização de elétrodos transparentes depositados no interior do cristal de safira. Ao premir o botão lateral às 3 horas (ativando o modo 'T'), o cristal tornava-se sensível ao toque. Tocar na posição das 12 horas ativava o modo Meteo; às 6 horas, o modo Bússola, e assim sucessivamente. O aspeto mais teatral e mecanicamente impressionante era a coreografia dos ponteiros: ao ativar a bússola, os ponteiros de horas e minutos alinhavam-se para formar uma agulha única que apontava magneticamente para o Norte, independentemente da orientação do pulso. Historicamente, o modelo de 1999 é conhecido como a 'Primeira Geração' ou 'Gen 1'. Embora revolucionário, não estava isento de falhas iniciais que hoje o tornam um estudo de caso interessante para colecionadores. O calibre E40.301 era sensível e a resistência à água de apenas 30 metros limitava o seu uso em desportos aquáticos rigorosos, uma ironia para um relógio de aventura. Além disso, a caixa de titânio e o sistema tátil exigiam cuidados específicos contra impactos severos. O sucesso comercial foi imediato e avassalador, elevando a Tissot a um patamar tecnológico superior dentro do portfólio do Swatch Group. O design visual do T-Touch I, com a sua luneta marcada com os pontos cardeais e os botões táteis robustos, tornou-se um ícone da década de 2000. Este modelo pavimentou o caminho para uma linhagem ilustre, evoluindo posteriormente para o T-Touch II (que corrigiu a resistência à água para 100m e atualizou o movimento para o E48.311), o T-Touch Expert, e mais tarde, as variantes Solar. O T-Touch I de 1999 permanece, contudo, o 'Patient Zero', o artefato histórico que provou que a alta relojoaria poderia fundir-se com a interatividade tátil muito antes de o Vale do Silício entrar na corrida dos wearables.

CURIOSIDADES

Cinema e Fama: O T-Touch I ganhou estatuto de culto ao ser usado por Angelina Jolie no filme 'Lara Croft: Tomb Raider' (2001) e por Brad Pitt em 'Mr. & Mrs. Smith' (2005), solidificando a sua imagem de 'relógio de herói de ação'. O 'Z' da Bateria: Quando a bateria está fraca, o relógio entra num modo de poupança de energia onde o ecrã LCD pisca ou exibe um ícone de bateria, mas os ponteiros podem deixar de se mover ou alinhar-se incorretamente. A Dança de Calibração: Uma das características favoritas dos colecionadores é o modo de calibração da bússola, onde o utilizador deve rodar o relógio lentamente numa superfície plana, fazendo os ponteiros girarem freneticamente até travarem no Norte magnético. Limitação de Serviço: Devido à complexidade do módulo E40.301 original e à construção selada do sensor tátil, a Tissot muitas vezes não reparava os movimentos da primeira geração, optando pela substituição completa do módulo ou oferecendo upgrades para modelos mais recentes em caso de avaria. Top Gear: Jeremy Clarkson, o famoso apresentador britânico, foi frequentemente visto a usar um T-Touch de primeira geração durante as primeiras temporadas do renovado Top Gear, cimentando o apelo do relógio entre os entusiastas de automóveis. Variante Polida: Embora o Titânio mate fosse o padrão, existiram versões raras da primeira geração em aço polido ('T-Touch Polished Steel'), que são significativamente mais pesadas e difíceis de encontrar hoje.

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