RESUMO
O Seiko Super, impulsionado pelo inovador movimento 'New 10A' de segundos centrais, não é apenas um relógio; é o marco zero da relojoaria moderna japonesa. Lançado em 1950, este modelo representa a resposta audaciosa da Seikosha à hegemonia suíça no pós-guerra, marcando a transição crucial dos onipresentes mostradores com pequenos segundos (sub-seconds) para a configuração de segundos centrais ('center sweep'), que se tornaria o padrão de elegância e legibilidade global. Posicionado originalmente como um relógio de prestígio para a classe profissional emergente e oficiais japoneses, o Super encarna a filosofia do 'Kaizen' (melhoria contínua). Com seu design sóbrio, dimensões clássicas e foco na precisão, ele serviu como a fundação técnica sobre a qual lendas posteriores, como o Grand Seiko, seriam construídas. Para o colecionador contemporâneo, o Seiko Super 10A não é adquirido apenas pela estética vintage, mas como um artefato histórico que simboliza o momento exato em que o Japão deixou de seguir tendências para começar a competir seriamente no palco horológico mundial.
HISTÓRIA
A história do Seiko Super e do seu movimento, o 'New 10A', é a crônica da resiliência industrial japonesa. Até o final da década de 1940, a produção da Seiko era dominada pelo 'Type 10' (ou Banana), um movimento arcaico baseado em designs de 10 linhas com pequenos segundos às 6 horas. O mercado global, no entanto, já havia migrado para a elegância fluida dos segundos centrais. Em 1948, a pressão para modernizar a linha de produção levou os engenheiros da Suwa Seikosha e Daini Seikosha a desenvolverem uma nova arquitetura.
Lançado oficialmente em 1950, o 'Super' foi o primeiro relógio de pulso japonês a apresentar segundos centrais de forma bem-sucedida e em larga escala. Tecnicamente, o calibre 10A não era um design de segundos centrais 'diretos' (onde a roda de segundos está no centro do movimento), mas sim um sistema de segundos centrais 'indiretos', onde uma engrenagem adicional transferia a força para o pinhão central. Embora essa solução adicionasse espessura e complexidade, foi um feito de engenharia monumental para uma nação ainda em reconstrução.
Durante sua produção, que durou até meados da década de 1950, o modelo evoluiu drasticamente. As primeiras versões do 10A possuíam apenas 8 rubis e careciam de proteção contra choques. Rapidamente, a Seiko iterou o design, introduzindo versões de 9, 10, 15 e, finalmente, 17 rubis, incorporando sistemas antichoque primitivos que antecederam o famoso Diashock. O sucesso do Super foi avassalador, tornando-se o relógio mais vendido do Japão na época e estabelecendo o capital financeiro e técnico necessário para o desenvolvimento do 'Seiko Marvel' em 1956, que finalmente introduziria um movimento de segundos centrais diretos projetado do zero. O Super 10A, portanto, é a ponte vital entre a era antiga da cópia e a era dourada da inovação própria da Seiko.
CURIOSIDADES
O logotipo 'S': Muitos mostradores deste modelo apresentam apenas uma letra 'S' estilizada abaixo do meio-dia, uma referência à marca 'Seikosha' ou 'Super', antes do nome 'Seiko' se tornar o padrão absoluto no mostrador.
Primeiro Milhão: A linha Super foi a primeira na história da relojoaria japonesa a ultrapassar a marca de um milhão de unidades produzidas, um testemunho de sua aceitação e confiabilidade.
Inovação na Mola: Foi nos modelos tardios do Super que a Seiko começou a experimentar com a liga 'Nivaflex' para a mola principal, garantindo uma entrega de torque mais constante e duradoura.
O Preço da História: No lançamento em 1950, um Seiko Super custava cerca de 3.850 ienes, o que equivalia a quase dois meses do salário médio de um professor japonês na época.
O 'Homenageado': O design da caixa e do mostrador do Super serviu de inspiração direta para a reedição histórica limitada lançada pela Seiko nos anos 2000, celebrando a herança da marca.
Variações Raras: Existem versões do Super com mostradores pretos 'gilt' (dourados) e caixas em ouro 18k sólido, que são extremamente raras e cobiçadas por puristas da marca.