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Heuer Chronosplit GMT Manhattan Ref. 104 - A Audaciosa Fusão Analógico-Digital e o Design Hexagonal que Desafiou a Crise do Quartzo


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O Chronosplit GMT Manhattan foi o primeiro relógio de pulso da Heuer a apresentar uma combinação inovadora de display de tempo analógico e um cronógrafo digital LCD independente. Impulsionado pelo Calibre 104, destacou-se por seu design arrojado e funcionalidade de dois fusos horários simultâneos.

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RESUMO

Lançado no auge tumultuado da Crise do Quartzo em 1977, o Heuer Chronosplit GMT Manhattan Ref. 104 não foi apenas um relógio; foi uma declaração de sobrevivência e vanguarda tecnológica. Posicionado no ápice do mercado de luxo da época, este modelo representou uma mudança radical na filosofia da Heuer (hoje TAG Heuer), afastando-se temporariamente das pistas de corrida para conquistar a sala de reuniões e os terminais de primeira classe da aviação internacional. Ao contrário de seus predecessores puramente digitais (LED), o Manhattan introduziu uma sofisticação híbrida, combinando a elegância tradicional de um mostrador analógico com a precisão funcional de um cronógrafo digital LCD. Seu público-alvo era o 'jet-setter' cosmopolita, alguém que exigia a funcionalidade de múltiplos fusos horários (GMT) sem sacrificar o prestígio de uma peça de design arrojado. A sua importância horológica reside na sua arquitetura de caixa única e no seu movimento pioneiro, simbolizando o momento exato em que a relojoaria suíça parou de temer a tecnologia digital e tentou elevá-la ao status de arte. O Manhattan permanece como um dos designs mais idiossincráticos e futuristas da década de 1970, um monólito de aço que encapsula a estética brutalista e o otimismo espacial daquela era.

HISTÓRIA

A história do Heuer Chronosplit GMT Manhattan Ref. 104 é indissociável da turbulência que definiu a relojoaria na década de 1970. Em 1975, a Heuer já havia chocado o mundo com o Chronosplit original, o primeiro cronógrafo de pulso digital do mundo, que utilizava tecnologia LED. No entanto, o LED consumia muita bateria e exigia que o usuário apertasse um botão para ver as horas. A evolução natural foi a tecnologia LCD (Liquid Crystal Display), que permitia uma exibição constante ("always-on"). Introduzido em 1977, o modelo Manhattan (Ref. 104) foi a resposta da Heuer para um mercado que exigia não apenas tecnologia, mas também legibilidade e estilo. O design foi uma ruptura total com as caixas redondas ou 'C-shape' das linhas Autavia e Carrera. O Manhattan apresentava uma arquitetura quase brutalista: uma caixa hexagonal alongada, muitas vezes descrita como 'formato de caixão' ou prisma, que fluía perfeitamente para uma pulseira integrada pesada. Este design não era apenas estético; era ergonômico e protegia o módulo delicado em seu interior. Tecnicamente, o Calibre 104 foi um feito de engenharia para a época. Ele permitia que o usuário mantivesse o horário de casa nos ponteiros analógicos enquanto rastreava um segundo fuso horário ou cronometrava eventos no display digital inferior. Esta dualidade era extremamente complexa de fabricar e posicionava o relógio em um patamar de preço muito elevado, competindo diretamente com marcas como Rolex e Patek Philippe em termos de custo na vitrine. Ao longo de sua curta produção, o Manhattan viu pequenas variações, principalmente nas cores do mostrador (preto ou champanhe) e nos materiais (aço ou acabamento bicolor em ouro). Infelizmente, a complexidade do módulo também foi seu 'calcanhar de Aquiles'; muitos movimentos falharam ao longo das décadas, tornando exemplares funcionais extremamente raros hoje. O modelo foi descontinuado no início dos anos 80, pouco antes da aquisição da Heuer pela TAG (Techniques d'Avant Garde). Hoje, o Manhattan é reverenciado não como um relógio esportivo, mas como um ícone do design industrial dos anos 70, representando a última e mais luxuosa tentativa da família Heuer original de dominar a revolução do quartzo antes da mudança corporativa que transformaria a marca para sempre.

CURIOSIDADES

O preço de lançamento do Manhattan em 1977 era comparável ao de um automóvel popular, tornando-o um símbolo de status exclusivo para a elite tecnológica e executiva. O design da caixa é frequentemente atribuído à influência do estilo 'Genta' da época (pulseiras integradas e formas geométricas), embora tenha sido desenvolvido internamente para diferenciar a linha LCD da linha LED. Devido à fragilidade dos cristais líquidos da década de 1970, encontrar um Manhattan original sem o temido 'vazamento' no display LCD (manchas pretas) é o Santo Graal para colecionadores da Heuer. O nome 'Manhattan' nunca foi impresso no mostrador; é um apelido de catálogo e de colecionadores que reflete a natureza urbana e arquitetônica da peça. Jack Heuer, bisneto do fundador e CEO na época, considerava a linha Chronosplit vital para mostrar que a Suíça podia competir com o Vale do Silício e o Japão, investindo pesadamente no desenvolvimento desses módulos híbridos. Ao contrário dos cronógrafos mecânicos da Heuer que foram usados por pilotos de F1, o Manhattan foi comercializado fortemente para pilotos de aviação comercial e viajantes de negócios. É um dos poucos relógios 'Heuer' (pré-TAG) que utiliza um movimento de quartzo que é hoje mais valorizado e procurado do que muitos de seus contemporâneos mecânicos básicos, devido à sua raridade e design único.

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