RESUMO
O Movado Curviplan, lançado em 1926, não é apenas um instrumento de cronometragem; é uma escultura de pulso que encapsula o espírito efervescente dos 'Roaring Twenties'. Numa era em que a transição do relógio de bolso para o de pulso exigia novas soluções de conforto e estética, a Movado posicionou o Curviplan como a resposta definitiva para o cavalheiro sofisticado. Diferente dos relógios retangulares rígidos da época, o Curviplan foi desenhado com uma curvatura anatômica agressiva para abraçar o pulso, fundindo a caixa ao braço do usuário de forma orgânica. Este modelo representa o auge da filosofia 'Art Déco' da marca, combinando linhas geométricas puras com uma utilidade ergonômica sem precedentes. No mercado atual de colecionadores, o Curviplan é reverenciado não apenas pela sua beleza estética, mas como um testemunho da proeza de manufatura da Movado antes da era do 'Museum Watch'. Ele compete em prestígio e design com ícones contemporâneos como o Cartier Tank Cintrée e o Patek Philippe Gondolo, sendo destinado a colecionadores que valorizam a arquitetura de 'form watches' (relógios de forma) onde o movimento e a caixa foram projetados em uníssono para alcançar uma silhueta impossível para calibres convencionais.
HISTÓRIA
A história do Movado Curviplan, introduzido em 1926, é intrínseca à busca da horologia pela ergonomia perfeita durante a era de ouro do design industrial. Para compreender o Curviplan, é necessário olhar para o seu predecessor revolucionário, o Movado Polyplan de 1912. O Polyplan chocou o mundo com seu movimento construído em três planos angulares para acompanhar a curva do pulso. No entanto, o Polyplan era extremamente caro e complexo de produzir. Em 1926, buscando democratizar essa elegância ergonômica sem sacrificar a qualidade mecânica, a Movado lançou o Curviplan.
A genialidade do modelo de 1926 residia na introdução de um novo calibre, frequentemente o Calibre 510, que possuía uma arquitetura alongada e, em certas iterações, uma placa de base ligeiramente curva que permitia que a caixa fosse mais fina e arqueada do que qualquer concorrente utilizando movimentos planos convencionais. O design era puramente Art Déco, caracterizado por caixas longas e retangulares que se curvavam dramaticamente para envolver o pulso, eliminando os espaços vazios deixados por relógios de fundo plano.
Durante o final da década de 1920 e início da década de 1930, o Curviplan evoluiu com diversas variações de mostrador, incluindo os cobiçados mostradores 'sector' e numerais Breguet aplicados. Ele se tornou um símbolo de status na Europa e nas Américas, usado por banqueiros, aviadores e artistas que desejavam algo mais distinto do que um relógio redondo padrão. O modelo solidificou a reputação da Movado como uma verdadeira 'Manufacture' capaz de inovar tanto em engenharia interna quanto em design externo. Diferente de muitas marcas que compravam movimentos genéricos e os colocavam em caixas bonitas, a Movado desenhou o Curviplan de dentro para fora.
Hoje, o modelo de 1926 é um marco histórico. Ele representa o momento em que o relógio de pulso deixou de ser um relógio de bolso adaptado e assumiu sua própria identidade anatômica. Para o colecionador sério, encontrar um Curviplan de 1926 com mostrador original (não restaurado) e caixa sem polimento excessivo é descobrir um artefato que definiu a elegância masculina do século XX.
CURIOSIDADES
O nome 'Curviplan' é uma junção direta que denota a sua característica principal: um plano curvo, diferenciando-o do 'Polyplan' (múltiplos planos).
O cristal original de vidro mineral curvo do Curviplan é notoriamente difícil de substituir; colecionadores valorizam peças com o vidro original intacto acima de quase qualquer outro componente cosmético.
Embora o Cartier Tank Cintrée seja mais famoso, o Movado Curviplan é frequentemente considerado por relojoeiros como tecnicamente superior em termos de robustez do movimento para a época.
Algumas versões raras do Curviplan foram vendidas pela famosa joalheria Tiffany & Co., ostentando a assinatura dupla no mostrador, o que aumenta exponencialmente seu valor em leilão.
O Rei Carol II da Romênia foi um notável entusiasta da Movado durante este período, e diz-se que presenteava dignitários com modelos curvos da marca.
Os numerais 'explodidos' ou alongados nos mostradores do Curviplan foram desenhados propositalmente para preencher a área visual distorcida pela curvatura do vidro, criando uma ilusão de ótica perfeita quando visto de frente.