RESUMO
A introdução da pulseira Jubilee em 1945 não foi apenas o lançamento de um acessório, mas um marco definitivo na linguagem de design da Rolex. Concebida para celebrar o 40º aniversário da marca — o 'Jubileu' de Hans Wilsdorf — esta obra-prima de engenharia metalúrgica foi criada especificamente para acompanhar o lançamento do revolucionário Oyster Perpetual Datejust. Situada no panteão da horologia como a ponte perfeita entre a robustez utilitária da pulseira Oyster e a sofisticação de uma joia fina, a Jubilee foi projetada para um público que exigia tanto prestígio quanto funcionalidade. Diferenciando-se pelos seus cinco elos semicirculares e fluidos, a Jubilee oferece um conforto tátil inigualável, moldando-se ao pulso com uma suavidade quase líquida. Embora tenha nascido exclusivamente em ouro maciço para adornar o modelo topo de gama da época, a sua evolução democratizou o luxo sem sacrificar a aura de exclusividade. No mercado de colecionadores, a Jubilee transcendeu a sua função original de suporte para se tornar um identificador visual crítico, elevando instantaneamente a categoria de modelos desportivos, como o GMT-Master, para o reino do 'sport-chic'. É, indiscutivelmente, a pulseira mais confortável e reconhecível alguma vez produzida pela manufatura genebrina.
HISTÓRIA
A história da pulseira Jubilee é intrínseca à celebração da própria existência da Rolex. Em 1945, o mundo emergia de uma guerra global e a Rolex preparava-se para celebrar quatro décadas de inovação sob a liderança visionária de Hans Wilsdorf. Para marcar esta ocasião monumental, a marca não se contentou apenas com um novo relógio; necessitava de uma nova identidade visual. O resultado foi o Oyster Perpetual Datejust (Ref. 4467), o primeiro relógio de pulso cronômetro, automático e estanque a exibir a data numa janela no mostrador. No entanto, o que verdadeiramente distinguia este modelo de prestígio era a sua pulseira: a Jubilee.
Originalmente disponível apenas em ouro maciço de 18 quilates, a Jubilee representava o pináculo do luxo. Enquanto a pulseira Oyster, com os seus três elos planos, falava de utilidade e robustez, a Jubilee, com a sua construção complexa de cinco elos — dois elos laterais maiores e escovados flanqueando três elos centrais menores e polidos — capturava e refletia a luz de uma forma que lembrava a alta joalharia. Esta construção não era meramente estética; os elos pequenos permitiam uma articulação superior, proporcionando um ajuste ergonômico que muitos consideram insuperável até hoje.
Durante a década de 1950, a Rolex expandiu a disponibilidade da Jubilee. Com a introdução dos modelos em aço e 'Rolesor' (a combinação patenteada da Rolex de ouro e aço), a pulseira tornou-se acessível a uma gama mais ampla de entusiastas, mantendo-se, contudo, como a opção mais formal. Foi também nesta era que a Jubilee começou a sua associação lendária com a aviação, encontrando o seu caminho para os pulsos dos pilotos da Pan Am através do GMT-Master, criando uma justaposição fascinante entre uma ferramenta profissional e um bracelete de gala.
Tecnicamente, a Jubilee evoluiu drasticamente. As primeiras versões apresentavam elos dobrados ('folded links'), que eram leves mas propensos a esticar com o tempo — um fenómeno carinhosamente conhecido pelos colecionadores como o 'estiramento Jubilee'. Nos anos 70, a Rolex introduziu elos ovais fabricados nos EUA e no México para contornar tarifas de importação, criando variantes raras e cobiçadas como a 'Hecho en Mexico'. A modernidade trouxe elos sólidos (introduzidos gradualmente nos anos 2000), fechos ocultos ('Crownclasp') que ofereciam uma continuidade visual perfeita, e, mais recentemente, inserções de cerâmica dentro dos elos das versões em metais preciosos para evitar o desgaste dos pinos, garantindo que a pulseira mantenha a sua integridade estrutural por gerações.
A Jubilee de 1945 estabeleceu um padrão. Deixou de ser apenas um componente para se tornar um ícone cultural, transformando relógios desportivos em ícones de estilo e definindo a silhueta do Datejust como o relógio clássico definitivo do século XX.
CURIOSIDADES
O nome 'Jubilee' foi escolhido especificamente para comemorar o Jubileu de Prata e Ouro da marca, ou seja, o 40º aniversário da fundação da Wilsdorf & Davis.
Existe uma variante extremamente rara conhecida como 'Jubilee Oval', produzida nas fábricas da Rolex nos EUA e no México nos anos 70, onde os elos centrais têm um formato ovalado em vez de semicircular.
A pulseira Jubilee no modelo GMT-Master com bisel azul e preto (BLNR) gerou o apelido 'Batgirl' na comunidade, distinguindo-o do 'Batman' que usa a pulseira Oyster.
Durante décadas, a Jubilee foi a única pulseira da Rolex a oferecer o 'Super Jubilee' ou 'Hidden Clasp' (Fecho Oculto), onde não havia fivela visível, apenas uma pequena coroa Rolex para abrir o mecanismo, criando um efeito de bracelete contínua.
Embora associada ao Datejust, a Jubilee foi oferecida como opção em alguns modelos Daytona vintage de corda manual e até mesmo em raros Submariners de ouro, configurações que hoje alcançam valores astronômicos em leilões.
A flexibilidade característica das Jubilees vintage, muitas vezes vista como um defeito ('stretch'), é considerada por muitos puristas como a razão do seu conforto supremo, pois permite que o relógio 'respire' no pulso.
Em 2021, a Rolex reintroduziu a pulseira Jubilee para o modelo Sky-Dweller, solidificando ainda mais o status desta pulseira como a escolha definitiva para os modelos de 'Complicacões Clássicas' da marca.