RESUMO
A introdução da pulseira Oyster patenteada em 1947 representa um divisor de águas não apenas para a Rolex, mas para toda a indústria relojoeira, marcando a transição definitiva do relógio de pulso como um acessório frágil para um instrumento de utilidade robusta. Antes deste momento, muitos relógios eram equipados com correias de couro perecíveis ou pulseiras de terceiros frágeis (como as 'Bonklip'). A patente suíça número 257.185, concedida em fevereiro de 1947 e comercializada no catálogo de 1948, solidificou a arquitetura de três elos planos e largos que se tornaria sinônimo de durabilidade esportiva. Projetada para complementar a caixa Oyster impermeável, esta pulseira foi concebida para resistir aos elementos, visando um público emergente de exploradores, mergulhadores e profissionais que exigiam confiabilidade mecânica e estrutural. A sua importância reside na fusão perfeita entre forma e função; ela estabeleceu a linguagem visual do 'relógio ferramenta' de luxo, criando uma silhueta integrada que, embora tenha evoluído em materiais e técnicas de fabricação, permanece esteticamente inalterada há mais de 75 anos. É, sem dúvida, o bracelete mais reconhecível e copiado da história, servindo como a espinha dorsal para ícones como o Submariner, o Daytona e o Explorer.
HISTÓRIA
A história da pulseira Oyster é, em muitos aspectos, a história da própria modernização do relógio de pulso. Antes de 1947, a Rolex dependia fortemente de fornecedores externos renomados, como a Gay Frères, para a produção de seus braceletes, utilizando designs genéricos como o 'bamboo' ou o 'rice bead'. No entanto, Hans Wilsdorf, visionário fundador da Rolex, compreendeu que a integridade da sua caixa 'Oyster' à prova d'água seria comprometida se o dispositivo de fixação ao pulso não fosse igualmente indestrutível. O ano de 1947 foi crucial. O registro da patente suíça 257.185 em fevereiro daquele ano formalizou a engenharia por trás de uma pulseira de metal mais sólida e menos propensa a estiramento e torção do que as suas predecessoras. Lançada oficialmente ao público no catálogo de 1948, esta primeira geração é conhecida pelos colecionadores como 'Oyster Rebitada' (Riveted Oyster). Nestes modelos iniciais, os elos eram ocos e mantidos unidos por rebites visíveis nas laterais, uma construção que oferecia uma leveza surpreendente, mas com uma rigidez estrutural superior às pulseiras de malha da época.
Ao longo das décadas de 1950 e 1960, a pulseira Oyster evoluiu para acompanhar o lançamento dos modelos 'Profissionais' da Rolex. A introdução dos 'End-links' (peças terminais) curvados para preencher o espaço entre a pulseira e a caixa foi um passo estético e técnico fundamental, eliminando a lacuna visual e reduzindo o torque nas barras de mola. Nos anos 70, a Rolex transicionou para os elos dobrados (folded links), mais complexos de fabricar, mas mais pesados, e finalmente, nos anos 2000, para os elos sólidos usinados que conhecemos hoje. Contudo, o design base de 1947 — três fileiras de elos, sendo a central mais larga — nunca foi abandonado. A patente de 47 não foi apenas um documento técnico; foi uma declaração de independência da manufatura e o nascimento de um ícone de design industrial que transformou o relógio de um objeto de joalheria em um equipamento essencial de sobrevivência.
CURIOSIDADES
A patente original de 1947 cobria também mecanismos de elos expansíveis (com molas internas), permitindo que a pulseira esticasse sob tensão, uma funcionalidade vital para o conforto em variações de temperatura e altitude.
Durante muitos anos, a Rolex produziu pulseiras Oyster nos Estados Unidos através da empresa 'C&I' para contornar tarifas de importação; estas são conhecidas pelos colecionadores como 'C&I Riveted' e possuem rebites ocos distintos das versões suíças.
Sir Edmund Hillary e Tenzing Norgay utilizaram relógios Oyster Perpetual em sua ascensão ao Everest em 1953, equipados com precursores diretos desta pulseira, provando sua eficácia em condições extremas.
O termo 'Oyster' para a pulseira deriva da famosa caixa estanque da marca, sugerindo que o bracelete fecha o 'molusco' com a mesma segurança hermética (metaforicamente) ao redor do pulso.
As primeiras versões rebitadas são notoriamente difíceis de ajustar, exigindo ferramentas especializadas para remover e remontar os rebites físicos, ao contrário dos parafusos introduzidos décadas mais tarde.
Existe uma variação rara dos anos 50 onde o fecho apresenta a coroa Rolex deslocada para a borda, conhecida pelos aficcionados como 'Clasp de Borda' ou variantes de logo grande.