Criada para ocupar uma posição logo abaixo da recém-lançada Grand Seiko, a linha Liner foi a precursora da King Seiko. Apesar de seu apelo, teve uma trajetória curta: foi produzida apenas entre 1960 e 1964, tornando-se uma das linhas mais breves da história da Seiko.
O Liner surgiu em um momento de transição no gosto do público japonês, que passava a preferir relógios maiores e mais finos. Essa mudança intensificou a rivalidade entre as duas fábricas da Seiko — Suwa e Daini Seikosha. Pouco antes, no início de 1960, a Daini havia apresentado o Goldfeather, um relógio ultrafino que elevou a barra técnica.
A grande inovação do Liner estava no seu movimento excepcionalmente fino. Sem recursos para criar um calibre ultrafino do zero, os relojoeiros de Suwa partiram do movimento Marvel, lançado cinco anos antes. Cada componente foi refinado e as tolerâncias ajustadas para reduzir ao mínimo a folga entre rodas e pontes. O resultado foi o calibre 3140, de 23 rubis, com apenas 3 mm de altura — apenas 0,05 mm mais espesso que o Goldfeather, mas muito mais fino que os 4,4 mm do Marvel original, garantindo ao Liner o prestígio de ser um modelo elegante e tecnicamente avançado.
Os relógios Liner também se destacaram pelo design, trazendo mostradores de grande refinamento. Entre eles, o raro “Dragonfly” e o “Kazaguruma” (flor do moinho de vento), inspirado na clematis japonesa. Outro ponto memorável era o logotipo: um delicado “Seiko” em escrita cursiva, com um “S” estilizado, seguido da palavra “Liner”.

O fim da linha veio quando a Seiko passou a concentrar seus esforços nos movimentos automáticos, deixando de lado os modelos de corda manual que caracterizavam o Liner. Enquanto o Lord Marvel, seu parente próximo, seguiu em produção até meados da década de 1970, o Liner encerrou sua história após apenas quatro anos — mas deixou uma marca duradoura na evolução dos relógios finos da Seiko.
Por Byron Segundo
@byronsegundos