RESUMO
Lançado em 2009, o Omega Seamaster Planet Ocean Liquidmetal Edição Limitada representa um ponto de inflexão fundamental na história moderna da manufatura de Bienne. Limitado a apenas 1.948 peças—uma homenagem ao ano de fundação da linha Seamaster—este relógio transcende a sua função utilitária de ferramenta de mergulho para se tornar um estudo de caso em ciência dos materiais avançados. Ele foi o primeiro relógio do mundo a unir cerâmica e Liquidmetal, uma liga de metal amorfo à base de zircônio, criando uma luneta de durabilidade e estética inigualáveis.
Embora mantenha o DNA robusto e as capacidades de profundidade da linha Planet Ocean, este modelo destina-se ao colecionador purista que valoriza tanto a inovação técnica quanto as proporções clássicas. Diferente das iterações posteriores que ganharam espessura considerável, esta referência mantém o perfil elegante da caixa original equipada com o calibre 2500, mas com o acabamento ultra-premium de um mostrador e luneta em cerâmica brilhante. É, sem dúvida, o 'Santo Graal' para os entusiastas da Omega que buscam o equilíbrio perfeito entre a elegância vestível e a engenharia extrema, posicionando-se não apenas como um diver, mas como um marco de transição tecnológica na alta relojoaria.
HISTÓRIA
A história do Seamaster Planet Ocean Liquidmetal Ref. 222.30.42.20.01.001 é, essencialmente, a narrativa da busca incansável da Omega pela perenidade estética através da inovação material. Quando a linha Planet Ocean foi introduzida originalmente em 2005, ela foi concebida como uma evolução moderna e mais robusta do clássico Seamaster Professional 300M. No entanto, até 2009, a maioria dos relógios de mergulho, incluindo os da Omega, ainda dependia de inserções de luneta em alumínio anodizado, que eram propensas a riscos e desbotamento, ou cerâmicas iniciais com gravações pintadas que poderiam desgastar-se.
O lançamento deste modelo em 2009 marcou a estreia mundial da tecnologia Liquidmetal na relojoaria. O Grupo Swatch colaborou com pesquisadores para desenvolver este processo onde uma liga de metal amorfo (composta por zircônio, titânio, cobre, níquel e berílio) é fundida sob pressão nos entalhes gravados a laser de um anel de cerâmica preta. Como o Liquidmetal é três vezes mais duro que o aço inoxidável, o resultado foi uma luneta perfeitamente lisa ao toque, onde a cerâmica e o metal se tornaram uma unidade indestrutível, imune à corrosão e ao envelhecimento.
Para os colecionadores, a importância desta referência reside numa característica muito específica: a combinação da caixa 'Magpie'. Este modelo utilizou a caixa da primeira geração do Planet Ocean (equipado com o calibre 2500), que é notavelmente mais fina e equilibrada no pulso do que os modelos subsequentes equipados com os calibres 8500 e 8900. No entanto, ele apresenta o mostrador de cerâmica de alto brilho (ZrO2) e a luneta tecnológica que só se tornariam padrão nas gerações posteriores e mais volumosas. Portanto, a Ref. 222.30.42.20.01.001 existe num ponto ideal e raro da linha do tempo: possui a elegância ergonômica do passado com a tecnologia de materiais do futuro.
Esteticamente, o relógio diferencia-se dos seus irmãos de produção padrão da época pelo mostrador em cerâmica brilhante (em oposição ao preto fosco texturizado) e pelos ponteiros e índices que não apenas brilham, mas refletem a luz de uma maneira que confere ao relógio uma aparência muito mais luxuosa, quase 'black tie'. Este modelo serviu como prova de conceito para a Omega, pavimentando o caminho para o uso extensivo de cerâmica e Liquidmetal que vemos hoje nas linhas Seamaster e Speedmaster. No panteão dos mergulhadores modernos, poucos relógios conseguiram manter o valor e a desejabilidade como este Liquidmetal LE.
CURIOSIDADES
A tiragem de 1.948 peças é uma referência direta ao ano de lançamento do primeiro Omega Seamaster original.
A liga Liquidmetal® é um 'vidro metálico' com uma estrutura atômica desordenada, o que lhe permite ser moldada com precisão micrométrica e oferece uma dureza de aproximadamente 550 Vickers.
Se examinar o mostrador sob uma lupa (loupe) e luz forte, é possível ver a gravação química 'ZrO2' (Dióxido de Zircônio) discretamente posicionada perto do centro, confirmando que o mostrador é feito de cerâmica sólida, algo raro na época.
Este modelo é frequentemente chamado de 'LM LE' (Liquidmetal Limited Edition) nos fóruns de colecionadores e é considerado por muitos como o Planet Ocean mais bonito já produzido devido às suas proporções de 42mm e espessura contida.
Ao contrário das versões modernas que utilizam 'Ceragold' ou esmalte branco nas lunetas, o processo Liquidmetal permite que os numerais prateados sejam polidos no mesmo nível da cerâmica, criando uma superfície contínua e sem degraus táteis.