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Grand Seiko 45GS (Ref. 4520) — A Apoteose da Daini Seikosha e a Supremacia do Movimento Hi-Beat Manual


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Desenvolvimento de movimentos mecânicos de alta frequência que vibravam a 36.000 batidas por hora (10 batidas por segundo), proporcionando maior precisão.

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RESUMO

O Grand Seiko 4520, frequentemente referido pelos colecionadores como 45GS, representa um dos momentos mais transcendentais na história da relojoaria japonesa e mundial. Lançado em 1968, este modelo não é apenas um instrumento de cronometragem; é a materialização física da rivalidade feroz e produtiva entre as duas fábricas da Seiko, Suwa e Daini Seikosha. Produzido pela Daini, o 4520 foi concebido como a resposta definitiva aos cronômetros suíços, posicionando-se no mercado como um relógio de vestimenta de desempenho ultra-alto, destinado a uma elite que valorizava a precisão absoluta acima de qualquer ornamentação supérflua. Sua filosofia de design é a aplicação purista da "Gramática do Design" de Taro Tanaka, onde a interação entre luz e sombra cria uma estética de nitidez inigualável. No cenário horológico atual, o 45GS é reverenciado como o ápice dos movimentos mecânicos de corda manual de alta frequência (Hi-Beat) da Era de Ouro da Seiko. Ele simboliza o breve, porém brilhante, momento em que a tecnologia mecânica atingiu seu zênite teórico antes de ser subitamente eclipsada pela revolução do quartzo — ironicamente, iniciada pela própria marca. Para o colecionador moderno, o 4520 não é apenas um relógio vintage; é um testemunho de uma época em que a engenharia mecânica foi levada aos seus limites físicos de oscilação e estabilidade.

HISTÓRIA

A história do Grand Seiko 4520 é inseparável do contexto dramático do final da década de 1960, um período de inovação febril conhecido como a corrida pela precisão. A Seiko operava sob uma estrutura corporativa única, fomentando uma rivalidade interna entre suas duas divisões de manufatura: Suwa Seikosha e Daini Seikosha. Enquanto a Suwa recebia muitos dos louros iniciais com o primeiro Grand Seiko e os posteriores modelos automáticos (como o 61GS), a Daini Seikosha estava determinada a provar sua superioridade técnica. O resultado dessa ambição foi o lançamento da série 45GS em 1968. O 4520 sucedeu a linhagem do 44GS, que havia estabelecido visualmente a 'Gramática do Design', mas que operava em uma frequência baixa de 18.000 vph. A Daini Seikosha, reconhecendo que a alta frequência era a chave para a estabilidade cronométrica e a precisão superior, desenvolveu o calibre 4520 para oscilar a estonteantes 36.000 vibrações por hora (10 batidas por segundo). Isso permitia que o balanço se recuperasse mais rapidamente de choques e mantivesse uma taxa de marcha mais consistente, desafiando diretamente os melhores cronômetros da Suíça. Esteticamente, o modelo seguiu rigorosamente as regras impostas pelo designer Taro Tanaka. A caixa 8000 (a referência mais icônica, 4520-8000) apresenta superfícies perfeitamente planas e ângulos agudos, polidos com a técnica Zaratsu para refletir a luz sem distorção. Diferente de seus contemporâneos suíços que favoreciam caixas arredondadas, o 4520 era arquitetônico e agressivo. Ao longo de sua curta produção (1968-1971), o modelo viu variações que incluíam caixas 'C-shape' (ref. 7000) e versões extremamente raras em ouro sólido. O impacto do 4520 foi profundo, mas tragicamente breve. Ele representou o auge da tecnologia de corda manual. No entanto, em 1969, apenas um ano após seu lançamento, a Seiko lançou o Astron, o primeiro relógio de quartzo do mundo. A busca pela precisão que deu origem ao 4520 tornou-se, ironicamente, a razão de sua obsolescência comercial. O movimento 4520 foi descontinuado no início dos anos 70, não por falha, mas porque a tecnologia mecânica havia sido superada pelo quartzo em termos de custo e precisão prática. Hoje, contudo, o 4520 é resgatado por colecionadores não apenas como um relógio, mas como o último suspiro heróico da era dourada da cronometria mecânica japonesa, antes da mudança de paradigma global.

CURIOSIDADES

O logotipo do 'Raio': No mostrador, logo acima da posição das 6 horas, encontra-se um pequeno logotipo estilizado de um raio. Esta é a marca registrada da Daini Seikosha, distinguindo-o instantaneamente dos modelos produzidos pela rival Suwa (que usava um redemoinho). Observatório Astronômico de Neuchâtel: O calibre base do 4520 foi utilizado nos lendários 'Astronomical Observatory Chronometers' da Seiko, relógios que foram ajustados a níveis tão extremos que foram vendidos com certificados de precisão individuais, custando na época o valor de um carro Toyota Corolla. Variação V.F.A.: Existe uma versão ainda mais rara e ajustada deste movimento, denominada 'Very Fine Adjusted' (V.F.A.), que garantia uma precisão de +/- 1 minuto por mês, um feito inacreditável para um relógio mecânico da época. O Desafio do Torque: Para manter a frequência de 36.000 vph, o movimento exige uma mola principal com torque muito alto. Isso torna a ação de dar corda no 4520 uma experiência tátil única, notavelmente mais firme e 'pesada' do que em relógios suíços vintage. O 'Assassino de Gigantes': Em competições de cronometria do final dos anos 60, os movimentos baseados na arquitetura do 45GS superaram marcas como Omega e Rolex, consolidando a reputação da Seiko como uma potência mundial séria.

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