Logo Time66
Foto do Perfil

Confira as vantagens do Assinante!

Ver Assinatura

Angelus Cronógrafos de Dois Botões (1935) - A Revolução do Calibre SF 210 e o Pioneirismo da Medição Intermitente


Compartilhar postagem:

Angelus iniciou a produção de relógios de pulso cronógrafos com dois botões, utilizando o calibre SF 210. Isso marcou a popularização dos cronógrafos de dois botões, com a Angelus e a Universal sendo expoentes.

Avaliar
Últimos comentários


RESUMO

O ano de 1935 representa um divisor de águas na história da horologia mecânica, momento em que a Angelus, a manufatura fundada pelos irmãos Stolz em Le Locle, redefiniu a utilidade do relógio de pulso ao introduzir comercialmente seus primeiros cronógrafos equipados com dois botões, impulsionados pelo lendário calibre SF 210. Até este ponto histórico, a grande maioria dos cronógrafos operava sob o sistema 'monopoussoir' (botão único), onde o acionamento impunha uma sequência rígida de início, parada e reinício imediato, impossibilitando a retomada da contagem após uma pausa. Com o lançamento desta série baseada no calibre 210, a Angelus, simultaneamente à Universal Genève, democratizou a função de parada e retomada (start-stop-continue), uma funcionalidade crítica para a aviação, operações militares e cálculos industriais complexos. Estes instrumentos não eram meros acessórios de moda, mas ferramentas de precisão destinadas a pilotos, engenheiros e oficiais que exigiam a capacidade de cronometrar eventos fragmentados sem perder a contagem acumulada. O design destes relógios encapsula a estética funcionalista da década de 1930, combinando legibilidade suprema com caixas robustas, estabelecendo a Angelus não apenas como uma montadora, mas como uma manufatura de elite capaz de produzir movimentos de roda de colunas de arquitetura superior. Este lançamento posicionou a marca no panteão da alta relojoaria suíça, preparando o terreno para inovações futuras como o Chronodato.

HISTÓRIA

A gênese do cronógrafo de dois botões da Angelus em 1935 não é apenas um capítulo na história da marca, mas um pilar fundamental na evolução do relógio de pulso moderno. No início da década de 1930, o mundo estava em rápida transformação; a aviação comercial e militar exigia instrumentos de navegação mais sofisticados e a indústria demandava precisão nos cálculos de tempo e produção. Os cronógrafos de botão único (monopulsantes), onipresentes até então, sofriam de uma limitação fatal: ao parar o cronógrafo para ler um tempo intermediário, o usuário era obrigado a resetá-lo para zero antes de iniciar uma nova medição. Não havia possibilidade de 'pausar'. Foi neste cenário que a Angelus (Stolz Frères SA) lançou seus modelos equipados com o calibre SF 210 de 14 linhas (14'''). Embora a patente técnica para o conceito de dois botões tenha sido explorada pela Breitling anos antes, foi a industrialização e o refinamento mecânico promovidos pela Angelus e pela Universal Genève em meados da década de 1930 que tornaram a tecnologia viável e confiável. O botão superior (às 2 horas) controlava o início e a parada, enquanto o botão inferior (às 4 horas) controlava o reset. Essa separação mecânica permitia a medição de eventos descontínuos, uma vantagem tática imensurável. Esteticamente, estes modelos de 1935 definiam a elegância utilitária. As caixas, muitas vezes produzidas em aço inoxidável 'Staybrite' de alta qualidade, apresentavam garras (lugs) que evoluíram de alças de arame soldadas para formas mais geométricas e robustas, integrando-se melhor ao design da caixa. Os mostradores eram obras de arte de complexidade funcional, ostentando escalas telemétricas (para medir a distância da artilharia ou tempestades baseada no som) e taquimétricas (para velocidade), impressas com precisão microscópica sobre fundos de esmalte ou laca negra brilhante 'gilt'. O Calibre SF 210 em si era uma maravilha da engenharia tradicional. Tratava-se de um movimento de roda de colunas (column wheel) com acoplamento horizontal, conhecido por sua operação suave e durabilidade. Diferente de muitos concorrentes que compravam ebolches (movimentos base) de terceiros como Valjoux ou Venus, a Angelus orgulhosamente projetava e fabricava seus próprios calibres 'in-house', o que conferia aos seus relógios um prestígio técnico superior. A importância deste modelo de 1935 transcende suas especificações; ele estabeleceu a arquitetura sobre a qual a Angelus construiria sua lenda. O sucesso do sistema de dois botões e do calibre SF 210 abriu caminho direto para o desenvolvimento do calibre SF 215 e, eventualmente, do SF 217, que equiparia o icônico Angelus Chronodato em 1942, o primeiro cronógrafo de pulso com calendário completo produzido em série. Portanto, o modelo de 1935 não é apenas um relógio antigo; é o ancestral direto de todos os cronógrafos modernos que permitem a função de parada e reinício.

CURIOSIDADES

A Angelus foi uma das poucas manufaturas a produzir seus próprios calibres de cronógrafo 'in-house' na década de 1930, diferenciando-se de marcas famosas (como a Rolex) que utilizavam movimentos Valjoux na época. Existe uma rivalidade histórica amigável entre colecionadores sobre quem 'popularizou' primeiro o cronógrafo de dois botões em 1935: Angelus ou Universal Genève, sendo ambos considerados os 'pais' deste formato. O Calibre SF 210 serviu de base arquitetônica para o famoso calibre Angelus SF 240, que possui uma reserva de marcha de 8 dias e foi utilizado pela Panerai nos relógios da Marinha Italiana nas décadas seguintes. Modelos desta safra de 1935 com mostradores pretos originais 'gilt' em bom estado são extremamente raros e alcançam valores exponencialmente mais altos em leilões do que as versões com mostrador claro, devido à degradação natural do Rádio e da laca. O tamanho de 38mm de algumas caixas Angelus desta era era considerado 'Jumbo' ou 'Oversized' para os padrões de 1935, onde a norma masculina girava em torno de 30-32mm. A sigla 'SF' nos calibres Angelus significa 'Stolz Frères' (Irmãos Stolz), os fundadores da companhia, uma homenagem permanente às raízes familiares da manufatura. Alguns destes primeiros cronógrafos foram emitidos para a Força Aérea Húngara (Magyar Királyi Légiero), e exemplares com a gravação 'L.E.' (Légiero) no fundo são o 'Santo Graal' para colecionadores de militaria.

Você pode gostar

Ver Mais

Marcas