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Breguet Tradition Ref. 7027 - A Obra-Prima que Inverteu a Arquitetura da Relojoaria e Ressuscitou o Espírito da Souscription


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Lançado em 2005, o Tradition Ref. 7027 foi o primeiro relógio contemporâneo a exibir os órgãos do movimento na parte superior da placa principal (lado do mostrador), oferecendo uma visão 'esqueletizada' funcional. Inspirado nos 'relógios de assinatura' de A.L. Breguet, possuía um indicador de reserva de marcha e era alimentado pelo movimento de corda manual Calibre 507DR.

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RESUMO

O lançamento do Breguet Tradition Ref. 7027 em 2005 não foi apenas a apresentação de um novo modelo; foi um manifesto horológico orquestrado sob a visão de Nicolas G. Hayek, que redefiniu a estética da Alta Relojoaria no século XXI. Posicionado no ápice do mercado de relógios de vestir (dress watches), este modelo foi concebido para o colecionador erudito que valoriza a mecânica exposta não como um mero adorno, mas como uma narrativa histórica viva. Diferente dos relógios esqueletizados tradicionais, que removem material para revelar o interior, o Tradition 7027 inverteu a própria arquitetura do movimento: os órgãos vitais da cronometria — o balanço, o escape e o trem de engrenagens — foram transplantados para o lado do mostrador, eliminando a necessidade de virar o relógio para admirar o seu coração pulsante. Sua filosofia de design é uma homenagem direta e descarada aos relógios de 'Souscription' e 'Tact' criados por Abraham-Louis Breguet no final do século XVIII, peças conhecidas pela sua arquitetura simétrica e robustez. Ao trazer essa estética austera e industrial do passado para o presente, utilizando acabamentos granulares (grenaillage) em vez das tradicionais Côtes de Genève, a Breguet criou uma peça que é simultaneamente um artefato histórico e uma escultura cinética contemporânea. O Ref. 7027 transcende a função de marcar o tempo; ele serve como uma vitrine educacional sobre a invenção e a engenharia, atraindo entusiastas que buscam uma conexão tangível com a genialidade do fundador da marca.

HISTÓRIA

A história do Breguet Tradition Ref. 7027 começa em 2005, um ano crucial para a manufatura sob a liderança do Grupo Swatch e do visionário Nicolas G. Hayek. O objetivo era claro: criar um relógio que encapsulasse inequivocamente o DNA de Abraham-Louis Breguet sem ser uma mera reprodução de um relógio de bolso antigo. A gênese deste modelo reside nos arquivos da marca, especificamente no lendário relógio de 'Souscription' (Subscrição), lançado em 1796. O relógio de subscrição original foi uma invenção revolucionária de A.L. Breguet, desenhado para ser simples, robusto e vendido através de um sistema de pagamento antecipado. O gênio do Tradition Ref. 7027 foi pegar o layout do calibre de um relógio de bolso de subscrição — que possuía um barril central e um arranjo de rodas simétrico — e miniaturizá-lo para o pulso. Contudo, a verdadeira inovação foi a inversão técnica. Tradicionalmente, os elementos visualmente estimulantes de um movimento mecânico ficam escondidos sob o mostrador ou visíveis apenas pelo fundo da caixa. Os engenheiros da Breguet redesenharam a placa principal para que as pontes, as rodas, o escapamento e o famoso balanço oscilante ficassem visíveis no 'topo'. Esta decisão exigiu a criação do Calibre 507DR. Este movimento não é apenas uma máquina de tempo; é uma aula de história. Ele apresenta o 'pare-chute' na posição de destaque às 4 horas — o precursor de todos os sistemas modernos de proteção contra choque (como o Incabloc), inventado por Breguet em 1790. A ponte do balanço escalonada e a forma das pontes das engrenagens replicam fielmente os desenhos dos séculos XVIII e XIX. O acabamento 'grenage' (um jateamento uniforme e fosco) aplicado às pontes e à placa base foi uma escolha estética ousada, rompendo com o polimento brilhante onipresente na relojoaria de luxo da época, conferindo à peça uma aparência técnica, quase industrial, porém extremamente refinada. Ao longo de sua produção, o Ref. 7027 viu variações em ouro amarelo, rosa e branco, e mais tarde gerou uma família inteira (a coleção Tradition), incluindo modelos maiores de 40mm (Ref. 7057), versões automáticas (Ref. 7037) e turbilhões (Ref. 7047). No entanto, o 7027 de 37mm permanece o purista, o original que desafiou o status quo. Sua introdução marcou o momento em que a Breguet deixou de olhar apenas para o neoclassicismo de mostradores guilloché fechados para celebrar a beleza bruta da mecânica nua, influenciando toda uma geração de 'relojoaria 3D' que viria a seguir na indústria.

CURIOSIDADES

O sistema 'Pare-chute' visível no mostrador é funcional e mantém a mesma geometria de mola de lâmina inventada por A.L. Breguet, servindo como uma assinatura visual e técnica do modelo. Embora pareça um relógio sem mostrador, o pequeno submostrador às 12 horas é feito de ouro maciço e guilhochado à mão em tornos centenários (rose engines), mantendo a tradição artesanal da marca. O acabamento cinza escuro ou antracite do movimento é obtido através de uma técnica moderna de eletrodeposição de ligas de metais preciosos (frequentemente ródio ou rutênio), reinterpretando o acabamento de mercúrio antigo. O tamanho de 37mm do Ref. 7027 é frequentemente citado por puristas como a proporção áurea para este design, pois o movimento preenche perfeitamente a caixa sem a necessidade de anéis espaçadores visíveis. Existem 'Assinaturas Secretas' gravadas no cristal de safira ou no mostrador, uma medida de segurança contra falsificações introduzida pelo próprio Breguet em 1795 e mantida neste modelo moderno. O Tradition 7027 foi o primeiro relógio da era moderna da Breguet a expor o escapamento no lado do mostrador sem ser um turbilhão, democratizando a visão do 'coração' do relógio. A arquitetura simétrica do movimento foi tão inovadora em 2005 que muitos colecionadores inicialmente confundiram a peça com um conceito protótipo, antes de se tornar um dos pilares de vendas da marca.

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