RESUMO
Lançado em 1948 para comemorar o centésimo aniversário da manufatura de La Chaux-de-Fonds, o Omega Centenary Referência 2500 não é apenas um relógio 'dress watch' vintage; é o marco zero da cronometria moderna de produção em série da Omega. Posicionado no ápice absoluto do luxo pós-guerra, este modelo foi concebido para uma clientela de elite que exigia não apenas a opulência do ouro maciço de 18 quilates, mas também uma precisão mecânica inquestionável. Diferenciando-se dos relógios utilitários militares que dominaram a década anterior, o Centenary foi o primeiro relógio de pulso automático da Omega a receber a certificação de cronômetro, estabelecendo um novo padrão de excelência que a marca perseguiria pelas décadas seguintes. O seu design, caracterizado por uma elegância sóbria e proporções equilibradas, reflete a filosofia estética de René Bannwart. Para o colecionador contemporâneo, o Centenary Referência 2500 é venerado não apenas pela sua raridade inerente, mas por ser o 'pai' espiritual e técnico da lendária linha Constellation. Ele representa o momento em que a Omega provou que um relógio automático poderia competir em precisão com os melhores calibres de corda manual da época, fundindo a arte da ourivesaria com a engenharia de precisão em uma peça de importância histórica monumental.
HISTÓRIA
A história do Omega Centenary Referência 2500 é, em essência, a crônica da transição da Omega de uma fabricante de relógios robustos para uma potência da alta cronometria civil. Em 1948, a Europa emergia das sombras da Segunda Guerra Mundial, e o luxo voltava a ser uma possibilidade tangível. Para celebrar seus 100 anos de existência (1848-1948), a Omega decidiu criar um relógio que encapsulasse todo o seu know-how. O resultado foi o 'Centenary', produzido em quantidades estritamente limitadas.
O contexto de lançamento foi crucial. Até aquele momento, a precisão cronométrica era frequentemente associada a calibres de corda manual, derivados dos famosos movimentos de 30mm da marca. O Centenary rompeu esse paradigma ao abrigar o calibre 30.10 RA PC JUB ('Jubileu'). Este movimento utilizava um sistema de corda automática 'bumper' (ou de martelo), onde o rotor não girava 360 graus, mas sim balançava para frente e para trás, batendo em molas de amortecimento. O acabamento deste movimento era superior a qualquer outro produzido pela marca na época, ajustado para temperaturas e posições diversas para garantir a certificação de cronômetro.
Existiram duas referências principais no lançamento: a 2499 (de 33mm) e a mais desejada 2500 (de 35.5mm), que possuía uma presença de pulso mais moderna. O design, muitas vezes atribuído à influência de René Bannwart (que mais tarde fundaria a Corum), apresentava um mostrador de ouro maciço, uma característica de extremo luxo que adicionava um peso satisfatório à peça. Os índices facetados e os ponteiros dauphine definiam uma linguagem visual de clareza e sofisticação.
O impacto do Centenary foi imediato e avassalador. A demanda por este relógio de 'jubileu' superou drasticamente a oferta limitada. Percebendo o apetite do mercado por um relógio automático, elegante e com certificação de cronômetro, a Omega capitalizou sobre o sucesso do Centenary. Quatro anos depois, em 1952, utilizando o DNA técnico e estético do Centenary, a marca lançou a linha 'Constellation'. Portanto, sem o Centenary Ref. 2500, a linha Constellation — com seu famoso medalhão do observatório — talvez nunca tivesse existido da forma que conhecemos. Para o historiador horológico, o Centenary é o elo perdido, a ponte dourada entre a era utilitária e a era de ouro da relojoaria suíça clássica.
CURIOSIDADES
Produção Limitada: Estima-se que apenas cerca de 4.000 unidades do modelo 2500 e 2.000 do modelo 2499 foram produzidas, tornando-o significativamente mais raro que os primeiros Constellations.
O Peso do Ouro: Diferente de muitos relógios 'gold capped' ou banhados da época, o mostrador do Centenary é feito de ouro 18k maciço, o que torna o relógio surpreendentemente pesado para o seu tamanho.
Caixa de Prata: Originalmente, o Centenary era entregue em uma caixa de apresentação exclusiva feita de prata esterlina (Sterling Silver) com interior em veludo, um item que hoje é tão valioso e raro quanto o próprio relógio.
Nomenclatura do Calibre: A sigla 'RA PC JUB' no movimento técnico significa 'Remontage Automatique' (Corda Automática), 'Plat' (Plano/Fino), 'Chronometre' e 'Jubilé'.
O 'Bump': Colecionadores adoram o 'sentimento' no pulso causado pelo movimento Bumper; é possível sentir fisicamente o impacto do rotor batendo nas molas de retorno ao mover o braço.
Legado Presidencial: Embora o Vulcain Cricket seja o mais famoso 'relógio dos presidentes', Harry Truman recebeu um Omega Centenary em 1948 como presente oficial.
Preço Original: Na época do lançamento, o preço do Centenary era astronômico, custando várias vezes o valor de um Seamaster padrão, posicionando-o apenas para a alta sociedade e diplomatas.