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Angelus Calibre SF240 - A Obra-Prima de 8 Dias: Do Menor Alarme da Época ao Coração Pulsante dos Mergulhadores Táticos da Marinha Italiana


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Angelus desenvolveu o calibre SF240, o menor movimento de alarme de 8 dias disponível na época. Este calibre também foi produzido sem a função de alarme e foi escolhido pela Panerai para equipar relógios da marinha italiana, reconhecíveis pelo pequeno segundo às 9 horas.

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RESUMO

O Angelus Calibre SF240 transcende a sua definição técnica como um mero mecanismo de relógio; ele representa um divisor de águas na história da horologia militar e da engenharia de precisão. Desenvolvido originalmente em 1936 como uma maravilha da miniaturização — sendo na época o menor movimento de alarme com 8 dias de reserva de marcha — a sua trajetória tomou um rumo lendário quando foi despido da sua função sonora para servir propósitos táticos. A sua arquitetura robusta e a impressionante autonomia tornaram-no a escolha ideal para a Guido Panerai & Figlio, que procurava uma solução para reduzir o desgaste das coroas dos seus relógios de mergulho. Ao equipar referências icónicas da marinha italiana, este calibre não só garantiu a fiabilidade operacional em missões subaquáticas críticas, como também definiu esteticamente o ADN da Panerai com a introdução do submostrador de segundos às 9 horas. Venerado por colecionadores de 'tool watches' e puristas da relojoaria, o SF240 é um símbolo de engenhosidade, marcando a transição da relojoaria de bolso e de mesa para os relógios de pulso de grandes dimensões que dominariam a estética masculina décadas mais tarde.

HISTÓRIA

A génese do Calibre Angelus SF240 remonta a 1936, um ano de efervescência na relojoaria suíça, quando a manufatura Angelus (Stolz Frères SA) em Le Locle desafiou os limites da miniaturização. O objetivo inicial era criar um movimento que combinasse uma reserva de marcha excepcionalmente longa — 8 dias — com uma função de alarme, mantendo dimensões suficientemente compactas para relógios de viagem e relógios de mesa portáteis. O resultado foi o SF240, uma proeza técnica que rapidamente ganhou reputação pela sua robustez e fiabilidade. No entanto, o capítulo mais glorioso deste mecanismo não foi escrito nos quartos de dormir, mas sim nas profundezas do Mediterrâneo. Durante a década de 1950, a Panerai, fornecedora oficial da Marinha Real Italiana (Marina Militare), enfrentava um desafio técnico com os seus relógios equipados com movimentos Rolex 618. Estes movimentos, embora fiáveis, tinham uma reserva de marcha de apenas cerca de 40 horas, obrigando os mergulhadores a desaparafusar a coroa diariamente para dar corda. Este manuseamento constante desgastava prematuramente as juntas de vedação, comprometendo a estanqueidade dos relógios — um risco fatal para os mergulhadores de combate. A solução encontrada por Guido Panerai foi adotar o Angelus SF240. A sua reserva de marcha de 8 dias permitia que o relógio fosse armado apenas uma vez por semana, reduzindo drasticamente o risco de infiltração de água. Para esta aplicação militar, a Angelus produziu uma versão específica do SF240 sem a função de alarme, focando-se puramente na cronometragem e durabilidade. A incorporação deste calibre obrigou a uma mudança visual que se tornaria icónica: a adição de um ponteiro de segundos contínuos num submostrador às 9 horas. Isto permitia aos mergulhadores verificar instantaneamente se o relógio estava a funcionar antes e durante a missão, uma funcionalidade vital que os modelos anteriores de base apenas (duas ponteiros) não ofereciam. O SF240 encontrou o seu lar na lendária Referência 6152/1 e no massivo GPF 2/56 'Egiziano', consolidando a estética assimétrica que hoje define a identidade da Panerai. O legado deste movimento é tal que, décadas depois, a descoberta de um lote de movimentos Angelus 240 antigos não utilizados ('New Old Stock') permitiu à Panerai lançar a ultra-colecionável edição especial PAM 203 em 2005, reacendendo o fervor global por este pedaço de história mecânica.

CURIOSIDADES

O termo 'SF' na nomenclatura do calibre refere-se a 'Stolz Frères', o nome da família fundadora da Angelus, sublinhando a origem nobre da manufatura. Uma característica técnica distinta de muitas unidades SF240 é o uso do sistema de regulação 'Incastar' na balança, uma inovação que permitia ajustes de precisão sem mexer na espiral, algo raro para movimentos militares da época. O relógio Panerai 'Egiziano' (GPF 2/56), construído para a Marinha Egípcia, utilizou este mesmo calibre Angelus de 8 dias, mas alojado numa caixa colossal de 60mm, tornando-o um dos maiores relógios de mergulho militares já produzidos. No mercado de colecionadores, um Panerai vintage equipado com um movimento Angelus SF240 alcança valores significativamente superiores aos modelos equipados com movimentos Rolex, devido à sua raridade e à complicação dos 8 dias. O mostrador com o subdial às 9 horas, nascido da necessidade técnica deste movimento, é hoje conhecido entre os 'Paneristi' como a configuração clássica 'Marina', diferenciando-se dos modelos 'Base' sem segundos. A moderna Panerai PAM 203, que reutilizou movimentos SF240 originais restaurados, gerou uma das listas de espera mais longas da história da marca, com executivos da empresa a terem de selecionar pessoalmente os clientes dignos de adquirir a peça. Embora famoso pelo uso militar sem alarme, a versão civil original do SF240 com alarme é frequentemente encontrada em relógios de mesa de luxo da Tiffany & Co. e Cartier das décadas de 1940 e 50.

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