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Movado Caliber 90M Chronograph - A Obra-Prima Modular da Era de Ouro e o Legado das Caixas François Borgel


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Movimento de cronógrafo modular, desenvolvido em colaboração com Frédéric Piguet, introduzido em 1936. Foi um dos primeiros cronógrafos modulares para relógios de pulso da Movado.

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RESUMO

No panteão da alta relojoaria vintage, o Movado equipado com o Calibre 90M (ou M90) ocupa uma posição de reverência silenciosa, frequentada apenas pelos colecionadores mais eruditos e exigentes. Longe de ser apenas um instrumento de medição de tempo, este cronógrafo representa o apogeu da manufatura Movado antes da Crise do Quartzo, numa época em que a marca competia diretamente em prestígio e inovação técnica com gigantes como Patek Philippe e Vacheron Constantin. O M90 não é apenas um relógio; é um testemunho da engenharia audaciosa do final da década de 1930. Seu público-alvo original transcendia o aviador ou o desportista comum; era destinado ao homem de gosto refinado que exigia robustez técnica envolta em elegância 'art deco' e 'bauhaus'. O que distingue verdadeiramente esta peça no mercado atual não é apenas a sua estética equilibrada, mas a sua arquitetura de movimento modular — uma raridade para a época — e a utilização frequente das lendárias caixas François Borgel (Taubert & Fils). O Movado M90 é a definição de 'relógio de insider': uma peça que, à primeira vista, exala uma elegância clássica, mas que, sob uma inspeção minuciosa, revela idiossincrasias mecânicas e acabamentos que definiram uma era dourada da relojoaria suíça.

HISTÓRIA

A história do Movado Calibre 90M é, em essência, a crônica de uma marca que ousou inovar a arquitetura do cronógrafo em um momento de estagnação industrial. Lançado em 1938, o Calibre 90M (e seu sucessor de três registros, o M95, lançado em 1939) surgiu num contexto onde a maioria dos cronógrafos suíços dependia de ebauches fornecidos por Valjoux, Venus ou Landeron. A Movado, contudo, optou pelo caminho árduo da manufatura 'in-house', desenvolvendo um movimento que desafiava a lógica padrão da época. A característica mais marcante e historicamente significativa do M90 é a sua construção modular. Ao contrário dos cronógrafos integrados, onde o mecanismo do cronógrafo é construído dentro da platina base, o M90 apresentava o módulo do cronógrafo montado sobre o movimento de base. Esta abordagem, embora tecnicamente complexa para os relojoeiros da época, permitiu uma flexibilidade de design ímpar. No entanto, o que solidificou o estatuto lendário deste modelo não foi apenas o movimento, mas onde ele foi alojado. A Movado formou uma parceria estratégica com a Taubert & Fils (sucessores de François Borgel), a mesma fabricante de caixas responsável pela lendária referência 1463 'Tasti Tondi' da Patek Philippe. As caixas distintivas, com fundos decagonais e botões de pressão à prova d'água, conferiram ao M90 uma durabilidade e resistência à umidade que poucos relógios de vestido da época possuíam. Ao longo das décadas de 1940 e 1950, o design do M90 evoluiu sutilmente. Os primeiros modelos exibiam uma estética militar utilitária, com mostradores pretos e escalas telemétricas complexas, respondendo às necessidades da Segunda Guerra Mundial. No pós-guerra, a linguagem de design suavizou-se, abraçando mostradores em dois tons, numerais Breguet aplicados e as icônicas 'asas de aranha' ou asas facetadas que capturavam a luz de forma magistral. Uma idiossincrasia técnica que fascina os historiadores é a inversão funcional dos botões: diferentemente do padrão da indústria (iniciar/parar às 2h, resetar às 4h), o M90 inverte esta lógica — o botão às 4 horas inicia e para o cronógrafo, enquanto o botão às 2 horas o reseta. Esta peculiaridade não era um defeito, mas uma característica da arquitetura modular única da Movado. O legado do M90 foi interrompido abruptamente pela revolução do quartzo e pela subsequente mudança de direção da marca Movado para designs minimalistas de moda (o 'Museum Watch'). Contudo, para o historiador horológico, o M90 permanece como um monumento à engenharia mecânica pura. Ele representa uma era em que a Movado não era apenas uma marca de design, mas uma potência técnica capaz de rivalizar com o topo da pirâmide suíça. A raridade de peças em bom estado, combinada com a complexidade de manutenção do calibre modular, elevou o M90 de um simples relógio vintage a um troféu de caça para os colecionadores mais sofisticados do mundo.

CURIOSIDADES

A 'Inversão dos Botões': O detalhe mais confuso para novos proprietários é que o botão inferior (4h) inicia e para o cronógrafo, enquanto o superior (2h) faz o reset — o oposto de quase todos os outros cronógrafos mecânicos. O Contador de 60 Minutos: Enquanto a vasta maioria dos cronógrafos da época (como os equipados com Valjoux 23 ou 72) possuía contadores de 30 ou 45 minutos, o M90 orgulhosamente ostentava um registrador completo de 60 minutos, uma característica técnica superior para cronometragem de eventos longos. Os Ponteiros Serpentina: Muitos mostradores M90 apresentam um ponteiro do sub-registrador de minutos em forma de 'cobra' ou 'serpentina' ondulada, um detalhe estético delicioso projetado para não obstruir a leitura das escalas de taquímetro ou telêmetro. Conexão Patek Philippe: As caixas 'FB' (François Borgel/Taubert) usadas nos melhores exemplares do M90 são feitas pela mesma manufatura que produziu caixas para o Patek Philippe Ref. 1463 e para o Vacheron Constantin Ref. 4072, colocando a qualidade externa da Movado no mesmo patamar da 'Santíssima Trindade'. Andy Warhol: O famoso artista pop era um ávido colecionador de relógios Movado vintage, atraído pelas linhas estéticas puras e art deco da marca, ajudando a cimentar o status 'cult' desses modelos no mundo da arte e design.

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