RESUMO
No panteão da relojoaria moderna, onde a mecânica complexa frequentemente rouba a cena, o movimento Breitling SuperQuartz emerge como uma declaração audaciosa de pragmatismo técnico e supremacia cronométrica. Introduzido no final do século XX e consolidado como o padrão ouro para os 'Instrumentos para Profissionais' da Breitling, o SuperQuartz não é meramente um motor movido a bateria; é uma resposta de engenharia superlativa às limitações físicas do quartzo tradicional. Enquanto um movimento de quartzo padrão pode variar até 15 segundos por mês devido a oscilações térmicas, a tecnologia SuperQuartz redefine a precisão com um desvio máximo de 10 a 15 segundos por ano. Este movimento foi projetado para uma clientela exigente que não pode se dar ao luxo de falhas — pilotos de caça, mergulhadores de saturação e exploradores polares — para quem o relógio é uma ferramenta de sobrevivência e navegação, não apenas um adorno. A filosofia por trás desta tecnologia cimentou a Breitling como a única grande maison suíça a submeter todos os seus movimentos eletrônicos aos rigorosos testes do COSC (Contrôle Officiel Suisse des Chronomètres), elevando a percepção do quartzo de uma conveniência barata para uma categoria de alta relojoaria técnica. O SuperQuartz representa a fusão definitiva entre a robustez militar e a precisão científica, servindo como o coração pulsante de ícones como o Aerospace, o Emergency e o Colt.
HISTÓRIA
A gênese do movimento Breitling SuperQuartz deve ser compreendida no contexto da ressaca da 'Crise do Quartzo'. Na década de 1990, enquanto muitas marcas de luxo recuavam para o porto seguro da relojoaria puramente mecânica para justificar seus preços, a Breitling, sob a liderança visionária da família Schneider, escolheu um caminho bifurcado. Eles revitalizaram seus cronógrafos mecânicos, mas também dobraram a aposta na utilidade profissional eletrônica. A marca reconheceu uma falha inerente aos cristais de quartzo sintético: sua sensibilidade à temperatura. As mudanças climáticas drásticas, comuns no cockpit de um jato militar ou em missões de campo, alteravam a frequência de vibração do cristal, comprometendo a precisão. A resposta da Breitling foi a introdução de uma tecnologia termocompensada revolucionária. O princípio de funcionamento do SuperQuartz é uma maravilha da microeletrônica: um minúsculo termômetro integrado ao circuito eletrônico monitora a temperatura ambiente do movimento. Com base nessas leituras térmicas constantes, o microprocessador ajusta a frequência do oscilador, acelerando ou desacelerando os impulsos para compensar a deriva causada pelo frio ou calor extremos.
Embora a tecnologia tenha raízes no desenvolvimento de calibres de alta precisão do final dos anos 90, foi na virada do milênio que a Breitling fez história ao democratizar essa tecnologia em todo o seu catálogo eletrônico. Em 2001, a marca tomou a decisão sem precedentes de enviar 100% de sua produção, incluindo os modelos de quartzo, para certificação COSC. Para um movimento de quartzo obter um cronômetro certificado, os critérios são brutais: o relógio deve suportar variações térmicas extremas e manter uma precisão de 0,07 segundos por dia, um padrão que movimentos de quartzo comuns não conseguem atingir. Isso solidificou o SuperQuartz como uma categoria à parte.
Ao longo das décadas, o SuperQuartz evoluiu. As primeiras iterações alimentaram relógios puramente analógicos, como o Colt, oferecendo robustez inigualável. No entanto, a aplicação mais célebre desta tecnologia reside nos calibres multifuncionais 'Ana-Digi' (analógico-digital), encontrados no lendário Breitling Aerospace e no salvador de vidas Breitling Emergency. Nestes modelos, o SuperQuartz não apenas mantém o tempo, mas gerencia funções complexas como cronometragem de voo, contagens regressivas e, no caso do Emergency, a transmissão de sinais de socorro em frequências de emergência internacionais. A tecnologia evoluiu para incluir baterias de lítio de maior capacidade, retroiluminação compatível com visão noturna e, mais recentemente, conectividade Bluetooth nos modelos B50 e B55, permitindo que o relógio e o smartphone trabalhem em simbiose sem sacrificar a autonomia e a precisão do relógio. O legado do SuperQuartz é o de ter validado o relógio eletrônico no segmento de luxo, provando que a verdadeira sofisticação reside na precisão absoluta e na confiabilidade inabalável sob as condições mais adversas do planeta.
CURIOSIDADES
A precisão do SuperQuartz é de +/- 10 segundos por ano, tornando-o dez vezes mais preciso que um quartzo padrão.
O circuito integrado do movimento contém milhares de transistores que realizam correções contínuas baseadas na temperatura do pulso do usuário.
Breitling é a única grande manufatura de relógios do mundo a exigir certificação COSC para todos os seus relógios de quartzo, sem exceção.
O movimento SuperQuartz equipa o Breitling Emergency, o único relógio de pulso do mundo com um farol de emergência de dupla frequência embutido, creditado por salvar dezenas de vidas.
Para ajustar muitas das funções nos modelos Ana-Digi com SuperQuartz, o usuário deve girar a coroa rapidamente ('flick'), uma interface de usuário única que elimina a necessidade de botões extras.
O custo de produção de um movimento termocompensado SuperQuartz é significativamente mais alto do que o de muitos movimentos mecânicos básicos devido à complexidade do circuito e aos testes exigidos.
Figuras notáveis como o aventureiro Bear Grylls e o piloto/ator Harrison Ford são usuários frequentes de modelos equipados com esta tecnologia, confiando neles em ambientes hostis.