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Heuer Time of Trip (1911) - O Pioneiro Cronógrafo de Painel que Inaugurou a Era de Ouro do Automobilismo e da Aviação


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Heuer recebeu uma patente para o 'Time of Trip', o primeiro cronógrafo de painel para automóveis e aviões. Ele indicava a hora do dia e a duração da viagem em mostradores separados.

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RESUMO

O Heuer Time of Trip representa, sem hipérbole, a pedra angular sobre a qual a reputação da Heuer (hoje TAG Heuer) como autoridade máxima em cronometragem esportiva foi construída. Lançado em uma época em que o automóvel e o avião ainda eram invenções incipientes e perigosas, este instrumento transcendeu a mera função de contar as horas para se tornar uma ferramenta de sobrevivência e navegação essencial. Posicionado no mercado não como uma joia de adorno, mas como um equipamento científico de precisão para pilotos e 'chauffeurs' da aristocracia industrial, o Time of Trip oferecia uma funcionalidade revolucionária para a época: a capacidade de monitorar simultaneamente a hora do dia e a duração de uma viagem. O seu design, robusto e legível, estabeleceu a linguagem visual que definiria os painéis de instrumentos por todo o século XX. Para o colecionador contemporâneo, este modelo é o 'Gênesis', o ancestral direto dos lendários cronógrafos Autavia e das duplas Master-Time que equipariam os carros de rali décadas mais tarde. Ele simboliza a transição da horologia de bolso para a instrumentação técnica, marcando o momento exato em que a Heuer deixou de ser apenas uma fabricante de relógios para se tornar a copiloto oficial da busca humana pela velocidade.

HISTÓRIA

A história do 'Time of Trip' é indissociável da revolução dos transportes do início do século XX. Em 1911, Charles-Auguste Heuer, um visionário que compreendeu antes de muitos que o futuro pertencia à velocidade, registrou a patente de um novo tipo de cronógrafo projetado especificamente para ser montado nos painéis de automóveis e aeroplanos. Até aquele momento, pilotos e motoristas dependiam de relógios de bolso adaptados de forma precária ou de cronômetros manuais que exigiam o uso de uma das mãos, uma distração fatal em veículos instáveis da era eduardiana. O Time of Trip resolveu este problema de engenharia e ergonomia com uma elegância magistral. O instrumento apresentava um mostrador principal grande, indicando a hora do dia, e, crucialmente, incorporava um mecanismo secundário — muitas vezes posicionado em um submostrador às 12 horas ou através de um par de ponteiros centrais adicionais (geralmente com uma ponta vermelha distinta) — que registrava a duração da viagem. Esta funcionalidade permitia aos pilotos calcular o consumo de combustível e a navegação estimada, dados vitais quando os postos de abastecimento eram escassos e os mapas imprecisos. Tecnicamente, o modelo era uma evolução robusta dos calibres de relógios de bolso, modificados para suportar as violentas vibrações dos motores de combustão interna primitivos e as variações de temperatura das cabines abertas de aviões. A patente de 1911 não cobria apenas o mecanismo, mas também o sistema de montagem robusto que integrava o relógio ao veículo. Ao longo das décadas de 1910 e 1920, o Time of Trip evoluiu. As primeiras versões com mostradores de esmalte frágeis deram lugar a mostradores metálicos mais resistentes; os movimentos de corda diária foram eventualmente substituídos por movimentos de 8 dias, reduzindo a necessidade de manutenção constante. Este modelo foi o precursor direto do famoso cronógrafo 'Autavia' (uma aglutinação de AUTomóvel e AVIAção), lançado em 1933 como um instrumento de painel antes de se tornar o relógio de pulso icônico nos anos 60. A existência do Time of Trip cimentou a relação da Heuer com o mundo dos esportes a motor, uma linhagem que passaria pelos painéis dos carros de rali de Monte Carlo até os pulsos de pilotos de Fórmula 1 como Jo Siffert e Niki Lauda. Sem o Time of Trip de 1911, a identidade moderna da TAG Heuer simplesmente não existiria.

CURIOSIDADES

A patente original de 1911 não focava apenas na cronometragem, mas no sistema antivibração da caixa, essencial para a sobrevivência do mecanismo em estradas de terra e no ar. O Time of Trip foi um dos primeiros instrumentos a serem instalados nos dirigíveis Zeppelin, onde a precisão da navegação era uma questão de vida ou morte. Embora seja um instrumento de painel, colecionadores modernos frequentemente criam suportes de mesa personalizados para exibir essas peças como relógios de mesa de alta horologia. É considerado o 'Pai do Autavia', pois foi o primeiro a combinar as necessidades dos dois mundos (auto e aviação) em um único dispositivo. Existem variações raríssimas onde o mostrador 'Time of Trip' está localizado na parte inferior (às 6 horas) em vez da tradicional posição às 12 horas. O acionamento do cronógrafo de viagem era muitas vezes feito através da própria coroa ou de um botão coaxial, permitindo o manuseio com luvas grossas de couro. Em leilões de prestígio, exemplares em perfeito estado e com o mostrador de porcelana intacto (sem rachaduras 'hairline') comandam preços que rivalizam com relógios de pulso raros da marca.

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