RESUMO
O Omega De Ville Central Tourbillon representa o pináculo absoluto da capacidade manufatureira da marca sediada em Bienne, existindo num plano estratosférico muito acima das célebres linhas Speedmaster ou Seamaster. Lançado originalmente em 1994 para celebrar o centenário do nome 'Omega', este modelo não foi apenas um exercício de estilo, mas uma revolução técnica que desafiou as convenções horológicas estabelecidas. Posicionado firmemente no segmento de 'Haute Horlogerie', o Central Tourbillon destina-se ao colecionador erudito que valoriza a complexidade mecânica dissimulada sob uma estética de pureza clássica. Diferente dos relógios desportivos da marca, concebidos para a robustez e utilidade, esta peça é uma declaração de virtuosismo artístico e engenharia de precisão. A sua filosofia de design baseia-se no conceito de 'relógio mistério': ao colocar a gaiola do turbilhão no centro exato do mostrador, a Omega foi obrigada a reinventar a forma como as horas e os minutos são exibidos. Os ponteiros não estão fixados num eixo central, mas sim pintados ou gravados em discos de safira transparentes que giram perifericamente, criando a ilusão de que flutuam magicamente sobre o mecanismo pulsante. É um relógio de gala por excelência, muitas vezes realizado em platina ou ouro proprietário (como o Sedna™ ou Canopus™), servindo como prova irrefutável de que a Omega compete ombro a ombro com a 'Santíssima Trindade' da relojoaria no que toca à inovação de complicações. Cada exemplar não é produzido numa linha de montagem, mas sim feito à mão por um único mestre relojoeiro no exclusivo 'Atelier Tourbillon' da marca, conferindo-lhe uma alma e exclusividade raríssimas na produção moderna.
HISTÓRIA
A génese do Omega De Ville Central Tourbillon remonta a um período crucial de renascimento para a relojoaria mecânica e para a própria Omega. Em 1994, a marca preparava-se para celebrar o 100.º aniversário da criação do calibre de 19 linhas de 1894, o movimento revolucionário que deu o nome à empresa. Para marcar esta data monumental, a Omega decidiu criar algo que nunca tinha sido feito antes na história dos relógios de pulso: um turbilhão localizado no centro exato do mostrador. O desafio técnico era imenso. Num relógio tradicional, o centro é ocupado pelos eixos dos ponteiros. Para instalar a gaiola do turbilhão nesta posição privilegiada, os engenheiros da Omega, liderados por mentes brilhantes em La Chaux-de-Fonds, tiveram de repensar completamente a transmissão de energia para os ponteiros. A solução foi inspirada nos relógios 'mistério' do início do século XX: os ponteiros foram montados em dois discos de safira transparentes, acionados por engrenagens na periferia do movimento, libertando o centro para o balé mecânico do turbilhão.
O primeiro modelo abrigava o Calibre 2600, de corda manual. A sua estética era clássica, mas a tecnologia era vanguardista. O turbilhão central não era apenas uma proeza estética; eliminava os efeitos da gravidade de forma simétrica e visualmente hipnotizante. Ao longo das décadas, o modelo evoluiu para incorporar as mais importantes inovações da Omega. Uma das atualizações mais significativas foi a introdução do escape Co-Axial, a invenção genial de George Daniels que a Omega industrializou. A fusão do turbilhão central com o escape Co-Axial elevou a precisão e a fiabilidade do relógio a novos patamares, resultando nos Calibres 2635 e, posteriormente, 2638.
Esteticamente, o De Ville Central Tourbillon também sofreu metamorfoses. As primeiras versões eram discretas, quase barrocas. No século XXI, a Omega introduziu versões esqueletizadas, edições limitadas com engaste de diamantes 'baguette' e, mais recentemente, a integração da certificação Master Chronometer. Esta última é um feito notável: criar uma gaiola de turbilhão capaz de continuar a rodar perfeitamente mesmo sob campos magnéticos de 15.000 gauss exigiu o uso de ligas não ferrosas avançadas e titânio ceramizado. O modelo solidificou o estatuto da Omega não apenas como fabricante de relógios de ferramenta fiáveis, mas como uma 'Maison' de Alta Relojoaria capaz de produzir peças de arte mecânica de nível museológico. Cada geração do Central Tourbillon reafirma o compromisso da marca com a inovação, mantendo viva a tradição do acabamento manual num mundo cada vez mais automatizado.
CURIOSIDADES
O Omega De Ville Central Tourbillon é o único relógio da marca que não é produzido numa linha de montagem; cada unidade é montada do início ao fim por um único mestre relojoeiro no 'Cellule Haut de Gamme' em Bienne.
A gaiola do turbilhão completa uma rotação exata a cada 60 segundos, permitindo que funcione como o ponteiro de segundos do relógio.
Para ajustar a hora, o relógio possui uma coroa especial ou um sistema no fundo da caixa em certas referências, mantendo a simetria da caixa e evitando perturbar os discos de safira de forma abrupta.
O logotipo da Omega (a letra grega O) é frequentemente incorporado no design da própria gaiola do turbilhão, girando perpetuamente com o mecanismo.
Os relojoeiros que trabalham nestes modelos assinam frequentemente o seu trabalho de forma discreta, ou o nome do relojoeiro é fornecido nos documentos de proveniência, criando uma ligação pessoal rara entre criador e colecionador.
Este foi o primeiro relógio de pulso do mundo a apresentar um turbilhão central, uma patente que protegeu a exclusividade técnica da Omega durante anos.
Em modelos recentes, a ponte do turbilhão é feita de titânio ceramizado e polida à mão, um processo extremamente difícil devido à dureza do material, demorando dias para finalizar uma única peça.