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Seiko A.G.S. (Calibre 7M22) - O Precursor Visionário da Tecnologia 'Kinetic' e a Primeira Simbiose Comercial entre Mecânica e Quartzo


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O primeiro relógio Kinetic comercialmente disponível, inicialmente conhecido como Automatic Generating System (AGS), que utilizava um rotor automático para carregar o movimento a quartzo.

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RESUMO

O Seiko A.G.S. (Automatic Generating System), impulsionado pelo calibre seminal 7M22, não é apenas um relógio; é um marco antropológico na cronometragem moderna, representando o "elo perdido" entre a tradição mecânica secular e a precisão do quartzo eletrônico. Lançado no final da década de 1980, este modelo foi concebido para resolver o maior inconveniente da era do quartzo: a dependência e o descarte de baterias. O seu posicionamento de mercado foi inicialmente voltado para o entusiasta de tecnologia e o consumidor ecologicamente consciente, uma proposta vanguardista para a época. Ao contrário dos relógios puramente utilitários, o A.G.S. carrega uma filosofia de design que celebra a interação humana; ele requer o movimento do usuário para ganhar vida, devolvendo a "alma" que muitos puristas alegavam ter sido perdida com a revolução do quartzo. Esteticamente, os modelos equipados com o 7M22 variavam de peças de vestuário discretas da linha 'Spirit' a designs desportivos mais robustos, mas todos partilhavam a mesma engenharia revolucionária no seu interior. A importância horológica deste modelo é imensurável, pois estabeleceu a viabilidade comercial da tecnologia híbrida, pavimentando o caminho para a famosa linha 'Kinetic' e demonstrando a busca implacável da Seiko pela autossuficiência energética.

HISTÓRIA

A história do Seiko A.G.S. com o calibre 7M22 é a crônica de uma engenharia audaciosa tentando reconciliar dois mundos opostos. Para compreender a magnitude deste lançamento em 1988, é necessário contextualizar o cenário horológico. A Seiko, tendo efetivamente iniciado a 'Crise do Quartzo' em 1969 com o Astron, dominava o mercado de precisão. No entanto, na década de 1980, surgiu um novo desafio: a sustentabilidade e a conveniência. As baterias de óxido de prata eram poluentes e a sua substituição era um inconveniente constante. A Seiko, sob a sua filosofia de 'estar sempre um passo à frente dos demais', iniciou o projeto de criar um relógio de quartzo que não necessitasse de troca de bateria. O conceito foi revelado pela primeira vez como um protótipo na Feira de Basel de 1986 sob o nome 'A.G.M.' (Automatic Generating Metronome), mas foi em janeiro de 1988, na Alemanha, e subsequentemente em abril no Japão, que o produto final chegou ao mercado sob a nomenclatura 'A.G.S.' (Automatic Generating System). O coração desta máquina era o calibre 7M22. O princípio técnico era fascinante: um peso oscilante (rotor), semelhante ao de um relógio mecânico automático, girava com o movimento do pulso. No entanto, em vez de dar corda a uma mola principal, esse movimento era transmitido através de um trem de engrenagens multiplicador que fazia um micro-rotor de um gerador girar a velocidades incríveis (até 100.000 rpm), gerando eletricidade que era armazenada num capacitor (e mais tarde, em baterias recarregáveis). A introdução do 7M22 marcou a segunda geração desta tecnologia (sucedendo o breve 7M12) e foi o primeiro a ser produzido em massa com confiabilidade suficiente para o mercado global. Esteticamente, os relógios A.G.S. da era 7M22 eram produtos do seu tempo, muitas vezes apresentando designs que mesclavam o luxo acessível com a robustez. Eram relógios que pediam para ser usados; se deixados na gaveta, paravam, criando uma relação simbiótica entre a máquina e o proprietário. A evolução deste modelo foi rápida e necessária. Os primeiros capacitores do 7M22 sofriam de degradação precoce, levando a Seiko a evoluir para a série 5M e, eventualmente, renomear toda a linha para 'Kinetic' em 1991 (uma jogada de marketing brilhante, já que A.G.S. soava demasiadamente técnico). No entanto, o 7M22 permanece como o 'pai' comercial da tecnologia. Ele não apenas provou que o conceito de 'movimento em eletricidade' era viável, mas também serviu como um trampolim ideológico para o desenvolvimento posterior do Spring Drive, a fusão definitiva da Seiko. Para o colecionador moderno, um A.G.S. 7M22 não é apenas um relógio 'vintage' de quartzo; é uma peça de arqueologia industrial que documenta o momento em que a relojoaria decidiu que a precisão eletrônica não precisava sacrificar a magia mecânica.

CURIOSIDADES

Nomenclatura Esquecida: Antes de se tornar mundialmente famoso como 'Seiko Kinetic', a tecnologia foi comercializada exclusivamente como A.G.S. (Automatic Generating System) até 1991. Relógios com o mostrador marcado 'A.G.S.' são significativamente mais raros e colecionáveis do que os marcados 'Kinetic'. Velocidade Supersônica: O sistema de engrenagens do calibre 7M22 multiplica a rotação do rotor do usuário de forma tão agressiva que o micro-gerador magnético interno gira a velocidades de até 100.000 rotações por minuto, uma proeza de micro-engenharia. O Botão Misterioso: O calibre 7M22 introduziu o botão localizado às 2 horas, usado para verificar a reserva de energia. Ao pressioná-lo, o ponteiro dos segundos avança rapidamente para indicar quanta carga resta, uma funcionalidade que se tornou assinatura da linha Kinetic. Atualização de Sobrevivência: Um dos grandes segredos do colecionismo de 7M22 é que os capacitores originais de 1988 (que frequentemente vazavam ou falhavam) podem ser substituídos pelos modernos kits de bateria recarregável de íon-lítio da Seiko (utilizados nos calibres 5M62/5M82), aumentando a reserva de marcha de dias para meses. Disputa Suíça: O sucesso do A.G.S. assustou a indústria suíça, levando a ETA a desenvolver a sua própria versão chamada 'Autoquartz' na década de 1990 para competir com a Seiko, embora nunca tenha alcançado a mesma penetração de mercado. O Fator Jean Lassale: A tecnologia inicial foi brevemente incorporada na subsidiária de ultra-luxo da Seiko, Jean Lassale, em modelos raríssimos feitos em ouro maciço, antes de se democratizar nas linhas principais da Seiko.

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