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Omega Automatic (Calibre 28.10 RA) - O Pioneiro 'Bumper' e a Génese da Revolução Automática em Bienne


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Omega introduziu o primeiro protótipo de um movimento automático com corda bidirecional. Esta inovação marcou um avanço significativo para a marca no desenvolvimento de relógios de pulso automáticos.

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RESUMO

O Omega Automatic, impulsionado pelo histórico Calibre 28.10 RA e o seu sucessor 30.10 RA, representa um dos marcos mais significativos na cronologia da manufatura de Bienne. Lançado em meados da década de 1940, este modelo não foi apenas um relógio, mas uma declaração de independência técnica face às patentes restritivas de rotores de 360 graus detidas pela concorrência direta (nomeadamente a Rolex). Posicionado originalmente para o cavalheiro distinto e para o profissional que exigia precisão sem o inconveniente da corda manual diária, este 'Bumper' (ou martelo) introduziu uma interação tátil única entre o utilizador e a máquina. Ao contrário dos movimentos de rotor completo modernos que operam silenciosamente, o protótipo e os modelos de produção subsequentes ofereciam um feedback físico — um suave impacto no pulso — que se tornou a assinatura romântica da época. Este modelo lançou as bases para as lendárias linhas Seamaster e Constellation, definindo a filosofia de design da Omega: uma fusão de elegância utilitária e robustez mecânica. Para o colecionador contemporâneo, possuir este modelo não é apenas ter um relógio vintage; é possuir o 'Patient Zero' da automação da Omega, uma peça de arqueologia industrial que encapsula a engenhosidade suíça durante os anos de guerra.

HISTÓRIA

A história do primeiro movimento automático da Omega é uma saga de engenharia nascida da necessidade e da rivalidade. No início da década de 1940, enquanto o mundo estava envolto em conflito, a Omega enfrentava uma batalha comercial: a necessidade de criar um relógio de corda automática que não infringisse a patente do 'Rotor Perpétuo' da Rolex, que detinha os direitos exclusivos sobre a massa oscilante de 360 graus. Sob a direção técnica de Charles Perregaux, a Omega voltou-se para o conceito de massa oscilante de curso limitado, conhecido coloquialmente como 'Bumper' ou 'Martelo'. O resultado foi o Calibre 28.10 RA (Remontage Automatique), desenvolvido em 1943 e lançado comercialmente pouco depois. Este mecanismo utilizava um peso que oscilava num arco de aproximadamente 120 a 130 graus. Ao final de cada oscilação, o peso batia contra duas pequenas molas de amortecimento no interior do movimento, impulsionando-o de volta na direção oposta, criando um sistema de carregamento bidirecional rudimentar, mas eficaz, dentro dos seus limites geométricos. Este design engenhoso não só contornava as patentes existentes como também permitia um movimento mais plano e robusto do que muitas das tentativas iniciais de outras marcas. O sucesso do 28.10 RA levou rapidamente ao desenvolvimento da lendária família 30.10 (que viria a ser rebatizada com a numeração de três dígitos 330, 340, 350). Esta evolução técnica foi crucial. Enquanto os primeiros protótipos focavam apenas na funcionalidade de corda, as iterações seguintes refinaram a precisão cronométrica, permitindo à Omega dominar os ensaios de cronómetros de observatório nos anos 50. Em 1948, para celebrar o 100.º aniversário da marca, esta tecnologia foi a escolhida para equipar o modelo 'Centenary' e, mais notavelmente, o primeiro Seamaster. Esteticamente, os relógios que abrigavam estes movimentos definiam o luxo discreto. Caixas 'Calatrava' clássicas, asas de 'lira' ou retas, e mostradores de legibilidade imaculada eram a norma. Para o colecionador, as variações mais cobiçadas são aquelas que precedem a linha Seamaster, frequentemente marcadas apenas como 'Omega Automatic' no mostrador, representando a pureza da inovação antes da criação das 'famílias' de marketing. O legado deste 'protótipo' industrial é imenso: sem o sucesso do sistema Bumper, a Omega não teria tido a estabilidade financeira ou técnica para desenvolver os seus posteriores rotores completos (série 500), considerados por muitos como os melhores movimentos automáticos de produção em massa da história.

CURIOSIDADES

O apelido 'Bumper' deriva da sensação tátil única: o utilizador consegue sentir fisicamente o martelo a bater nas molas de amortecimento quando move o pulso bruscamente, uma característica adorada por puristas. O Calibre 28.10 RA é considerado o 'Genesis', sendo significativamente mais raro que os seus sucessores da série 300, tornando-o um 'Graal' para historiadores da marca. Foi este mecanismo que equipou o lendário Omega Centenary de 1948, o primeiro relógio da marca a ser produzido em série com certificação de cronómetro, predecessor direto da linha Constellation. Alguns mostradores raros desta época apresentam a inscrição 'Fab. Suisse' na parte frontal, indicando exportação específica para o mercado francês devido a leis alfandegárias da época. Ao contrário dos automáticos modernos que possuem embraiagens deslizantes para evitar a sobrecarga da corda, o design do Bumper original dependia de uma tensão precisa da mola principal, sendo uma maravilha de equilíbrio mecânico. Durante o período de guerra e pós-guerra imediato, a Omega utilizou ligas de aço 'Staybrite', que ofereciam uma resistência à corrosão superior à maioria dos concorrentes da época. A Omega foi a fornecedora oficial de mais de 50% de todos os relógios da Força Aérea Real (RAF) durante a guerra, e a tecnologia desenvolvida para esses relógios manuais influenciou a robustez da caixa do primeiro automático.

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