RESUMO
O lançamento do TAG Heuer S/el (abreviação de 'Sports Elegance') em 1987 não representou apenas a introdução de um novo relógio, mas sim a consolidação de uma nova era para a manufatura suíça recém-adquirida pelo grupo Techniques d'Avant Garde (TAG). Posicionado estrategicamente para preencher a lacuna entre o relógio de ferramenta robusto e o acessório de luxo de escritório, o S/el foi desenhado para o profissional dinâmico da década de 1980 — alguém que exigia desempenho técnico durante o mergulho ou pilotagem, mas necessitava de sofisticação sob o punho de um terno bem cortado. Sua filosofia de design rompeu com as caixas angulares tradicionais da Heuer dos anos 70, adotando linhas orgânicas, fluidas e 'biomecânicas'. Este modelo é amplamente considerado a peça que salvou e elevou a marca ao status de luxo global, servindo como a base fundamental para o que viria a ser a coleção 'Link'. O S/el 2120-RO, com sua estética bicolor e construção robusta, personifica o espírito de uma época onde a ostentação encontrava a funcionalidade, tornando-se um artefato cultural indispensável para compreender a horologia do final do século XX.
HISTÓRIA
A história do modelo S/el é indissociável da turbulenta e fascinante transição da Heuer para a TAG Heuer. Em 1985, quando o grupo TAG adquiriu a Heuer, a marca precisava desesperadamente de uma nova identidade visual que a separasse dos designs puramente utilitários do passado e a projetasse para o futuro do luxo. A resposta veio em 1987 através do visionário designer Eddie Schöpfer. Schöpfer concebeu o S/el não apenas como um relógio, mas como uma extensão do corpo humano. O conceito 'Sports Elegance' foi materializado através de uma pulseira revolucionária com elos em forma de S, cada um curvado em dois eixos para envolver o pulso com um conforto ergonômico nunca antes visto em relógios esportivos de aço. O modelo S/el foi o primeiro relógio projetado e lançado inteiramente sob a nova gestão TAG, carregando consigo as 'Seis Características' fundamentais da marca: resistência à água até 200m, coroa rosqueada, fecho de segurança duplo, bezel unidirecional, cristal de safira e marcadores luminosos. A referência 2120-RO pertence à primeira geração dourada desta linha, capturando a estética 'Two-Tone' (aço e ouro) que dominava o mercado de luxo no final dos anos 80. Durante a década de 1990, o S/el tornou-se o relógio mais vendido da marca e o favorito inquestionável de Ayrton Senna, cuja associação com a linha (especialmente o modelo analógico-digital S25.706) cimentou o status lendário da coleção. Ao longo dos anos, o design evoluiu sutilmente, ganhando caixas mais arredondadas e mostradores mais limpos, até que, em 1999, a linha foi rebatizada oficialmente como 'Link', mantendo o bracelete em S como sua assinatura eterna. O S/el original de 1987 permanece, portanto, como o patriarca de uma das dinastias mais bem-sucedidas da relojoaria moderna.
CURIOSIDADES
O bracelete S/el é famoso por ser um dos mais complexos de fabricar e montar na época, exigindo ferramentas exclusivas para garantir que os elos em S não puxassem os pelos do braço, uma reclamação comum em braceletes de metal da década de 80.
Ayrton Senna, embaixador da marca, não apenas usava o modelo S/el, mas frequentemente presenteava mecânicos e amigos próximos com variações deste relógio, tornando as peças com proveniência ligada a ele o 'Santo Graal' para colecionadores da TAG Heuer.
O design 'bio-orgânico' do S/el foi tão influente que ditou a linguagem de design de toda a indústria de relógios esportivos dos anos 90, afastando-se das arestas vivas dos anos 70.
A sigla 'RO' na referência, em catálogos antigos da marca, muitas vezes indicava variações de acabamento, como 'Rolled Gold' ou combinações bicolores específicas para certos mercados.
Embora rebatizado de 'Link' em 1999, colecionadores puristas ainda buscam os modelos com a marcação original 'S/el' ou os códigos numéricos pré-1992 (como o 2120), pois representam a forma mais pura do design de Eddie Schöpfer.
O S/el foi um dos primeiros relógios de luxo a normalizar o uso do movimento a quartzo em peças de alto valor agregado, focando na precisão absoluta e na conveniência 'grab-and-go'.