RESUMO
Lançado no ano crucial de 2009, o Eterna Madison Three-Hands Spherodrive Ref. 7712.41.41.1177 não é apenas um instrumento de cronometragem, mas um manifesto de engenharia que reafirmou a Eterna como uma verdadeira 'Manufacture'. Posicionado no segmento de alta relojoaria 'dress', este modelo foi concebido para o colecionador tecnicamente astuto que valoriza a inovação mecânica tanto quanto a estética refinada. A sua filosofia de design funde o classicismo de uma caixa tonneau de inspiração Art Déco com uma modernidade técnica agressiva, visível através da abertura distinta no mostrador. O relógio marca a estreia comercial da tecnologia 'Spherodrive', uma solução revolucionária para um dos problemas mais antigos da horologia: o atrito e o desgaste no tambor da mola principal. Ao elevar a durabilidade e a estabilidade da entrega de energia, o Madison Three-Hands transcendeu a categoria de relógio social convencional, estabelecendo-se como uma peça de conversa erudita sobre a longevidade mecânica e a pureza funcional, destinada a um público que compreende que a verdadeira beleza reside na eficiência do movimento.
HISTÓRIA
A história do Eterna Madison Three-Hands Spherodrive é inseparável da própria identidade da marca e da sua busca contínua pela perfeição mecânica. Para compreender a magnitude do lançamento de 2009, é necessário recuar a 1948, quando a Eterna revolucionou a indústria com o rotor montado em rolamentos de esferas para movimentos automáticos — uma inovação tão fundamental que as cinco esferas se tornaram o logótipo da empresa. No entanto, durante décadas, a tecnologia de rolamentos foi aplicada quase exclusivamente ao sistema de corda automática.
No início do século XXI, sob a direção técnica de Patrick Kury, a Eterna embarcou numa missão para resolver um calcanhar de Aquiles da relojoaria mecânica: o atrito no tambor da mola. Nos movimentos tradicionais, o eixo do tambor gira num mancal de metal, sujeito a desgaste severo e exigindo lubrificação constante que se degrada com o tempo. A solução da Eterna foi o 'Spherodrive'. Apresentado inicialmente como conceito, materializou-se comercialmente pela primeira vez neste modelo Madison Ref. 7712.41.41.1177.
O Calibre 3505 foi desenhado do zero em torno desta inovação. O sistema utiliza rolamentos de esferas de cerâmica de óxido de zircónio (que não requerem lubrificação) para montar o tambor da mola. O resultado foi uma redução drástica na perda de energia por fricção, maior estabilidade na entrega de torque e uma longevidade do movimento significativamente aumentada. A escolha da coleção Madison para estrear esta tecnologia não foi acidental. A caixa retangular/tonneau, com os seus flancos gadroonados que lembram os anos 1920 e 1930, proporcionava um contraste visual dramático com a tecnologia de vanguarda exposta. Ao contrário de um turbilhão ou de um coração aberto tradicional, a abertura no mostrador às 6 horas não era meramente decorativa; era uma janela pedagógica que permitia ao proprietário observar a rotação do tambor suportado pelas esferas cerâmicas brancas.
Este modelo representou o renascimento da Eterna como uma manufatura completa, capaz de projetar calibres que a ETA (que a própria Eterna fundou historicamente) não produzia. O Madison Spherodrive pavimentou o caminho para as gerações subsequentes de calibres modulares da marca, incluindo a série 39, e solidificou a reputação da Eterna como a 'engenheira' da relojoaria suíça. Para os colecionadores, este modelo de 2009 permanece o mais puro, pois foi o pioneiro a trazer esta tecnologia patenteada para o pulso, encapsulando um momento de audácia técnica numa era dominada pelo marketing de massa.
CURIOSIDADES
O nome 'Spherodrive' é uma junção de 'Spherical' e 'Drive', referindo-se diretamente às esferas de cerâmica que suportam a mola principal, eliminando a necessidade de óleos viscosos.
As esferas de cerâmica utilizadas no Calibre 3505 têm um diâmetro de apenas alguns décimos de milímetro e são tão duras que são virtualmente imunes ao desgaste mecânico.
Embora a Eterna seja famosa por fundar a ETA (Movement manufacture), este relógio marcou um distanciamento estratégico, utilizando um movimento 100% in-house num momento em que muitas marcas ainda dependiam de ébauches genéricos.
Visualmente, a abertura no mostrador é frequentemente confundida por novatos com um turbilhão, mas os conhecedores sabem identificar imediatamente as esferas brancas características do sistema de rolamentos.
O design da caixa Madison possui uma curvatura ergonómica no fundo para abraçar o pulso, tornando este relógio retangular surpreendentemente confortável apesar das dimensões substanciais.
Este modelo específico foi galardoado e reconhecido pela imprensa especializada em 2009/2010 como um dos avanços mais pragmáticos na tribologia relojoeira moderna.
A Ref. 7712.41.41.1177 é particularmente procurada pela combinação do mostrador escuro com a correia preta, conferindo-lhe uma sobriedade que destaca a janela técnica, apelidada por alguns colecionadores de 'The Eye of Eterna'.