Omega Railmaster

1957

O Omega Railmaster pode ser melhor contextualizado historicamente como um dos nomes mais reconhecidos em sua categoria, que sem dúvida recebe menos atenção. Não foi um pilar da marca e atualmente jaz no purgatório, sem nenhum Railmaster moderno existente na coleção Omega contemporânea.

É uma ovelha negra com credenciais históricas sérias que deveria ter sido um adversário constante do Rolex Explorer, e ainda assim se tornou uma espécie de queridinho dos entusiastas, uma relíquia do esoterismo. Eu diria que ele perdeu sua janela inicial para atingir a imortalidade, cortesia de pouco mais do que um momento ruim. Foi, e continua sendo, um dos designs mais legais de uma marca que realmente poderia se acomodar atrás do Speedmaster e do Seamaster. E com esses dois modelos mencionados, vamos entender corretamente o quê, onde, como e porquê do Omega Railmaster.

Certo, e também o quando. Em 1957, a Omega basicamente lançou os únicos três relógios que qualquer marca teria que lançar para provar sua viabilidade duradoura. Bem, em teoria, duas dessas marcas parecem ter conseguido – o Railmaster foi apenas a cereja do bolo.

Pense nisso como quando a Rolex revelou o Submariner e o Explorer no mesmo ano, seguido de perto pelo GMT-Master. Esses três relógios têm sido produzidos continuamente desde então e representam o ethos central da Rolex hoje.

Da mesma forma, em 1957, vimos a Omega revelar uma trilogia de relógios: o Seamaster, o Speedmaster e... o Railmaster. Tudo bem, tudo bem, estou me enganando um pouco. Ela não revelou o Seamaster diretamente naquele momento. Esse relógio data de 1948, embora não tenha sido um Seamaster de verdade até 1957, quando a marca lançou o Seamaster 300.

Então, com esse trio, a Omega contava com mergulhadores, motoristas e – hum – trabalhadores ferroviários? Isso mesmo, o Railmaster era uma espécie de mistura entre um relógio de ferroviário, um relógio de engenheiro e um relógio de cientista. Era a versão da marca para o Milgauss da Rolex, embora tivesse características visuais que o tornavam mais próximo do já mencionado Explorer. Nem é preciso dizer que nenhum desses três modelos obteve sucesso estrondoso imediato. Na verdade, foi necessária uma adoção industrial específica para que alguns deles superassem as dificuldades daquele lançamento inicial. O Seamaster tornou-se um relógio de mergulho fornecido pelas forças armadas. O Speedmaster transformou-se de cronógrafo de corrida em ferramenta espacial assim que entrou para o ringue da NASA. O Railmaster permaneceu um tipo muito específico de relógio que teria tido mais dificuldade em ser fornecido aos mestres ferroviários. 

A versão original da trilogia (desculpas aos meus colegas fãs de Star Wars por usar a expressão consagrada) do Railmaster apresentava uma combinação de algarismos arábicos, marcadores de seta e um ponteiro de seta, comum tanto no Speedy quanto no Seamaster 300 da época. Vinha com uma pulseira exclusiva com elos internos escovados e segmento externo polido. Tinha a referência CK2914 e uma gaiola de Faraday que lhe permitia suportar 1.000 gauss. Nem é preciso dizer que o relógio não se consolidou. Em vez disso, passou por anos de desaparecimento e reaparecimento. 

Muitos devem se lembrar de ter visto o próprio Oppenheimer, Cillian Murphy (tudo bem, o próprio Oppenheimer seria, sim, tecnicamente o próprio Oppenheimer , ou seja, J. Robert Oppenheimer, que por acaso também já faleceu, então Murphy é a melhor opção) usando seu próprio Railmaster pessoal de meados da década de 2000. Este relógio apresentava um mostrador preto e uma abordagem de design que buscava misturar o antigo com o novo — onde a cor do lume, uma espécie de verde radiante (outra referência nuclear), permeava a sensação dos marcadores. Normalmente, o envelhecimento artificial é feito de forma que os marcadores pareçam marrons — falaremos mais sobre isso em breve.